*Pov Carla Maraísa*
Marília disse isso e depois deixou que um silêncio tenebroso pairasse pelo ar que, por enquanto, ainda circulava dentro daquele carro.
--Bem, er...
--Vai logo Marília, acaba logo com o assunto.- disse a encorajando, mas por dentro eu tinha medo, não sabia o que poderia vir dali.
--Bom...- ela disse dando partida no carro.- essa empresa era do meu pai, como você já sabe, e por respeito a ele eu nunca mudei nada dentro dela, está tudo como ele deixou, isso inclui o regulamento interno e todas as regras que nele estão colocadas...
--Continua Marília!
--Eumadasregraséquenãopodemhaverrelaçõesentrefuncionários,gerentes,ouchefes.- ela disse muito rápido me fazendo não entender nada.
--Marília, com calma!
--Uma das regras que o meu pai colocou no regulamento foi que não são permitidas relações entre funcionários, gerentes, chefes e donos...e eu não sei o que fazer em relação a nós duas!
--Mas a gente não tem nada Marília...não ainda.
--Você não pensa no futuro?! Você não gosta de mim como eu gosto de você, me precipitei bastante de achar que alguma vez na vida alguém me acharia mais do que amiga? Ou nem isso!
--Marília, aah droga, não é isso!
--Claro que é, quer saber?! Mais tarde passo deixando o Léo em sua casa, cancela o jantar, não estou mais a fim! - ela disse esbravejando.
--Marília, você se importa de me escutar e de me deixar explicar?- disse tentando manter minha calma.
--Explicar o quê? Não temos nada Carla!
--Sério mesmo Marília, por isso você não tem ninguém! Pára a porra do carro AGORA!- disse alterada e ela deu uma freada brusca com o carro.
--Eu sei que mereço estar sozinha, nunca precisei de ninguém, também nunca precisarei!- ela disse alterada de volta.
--A gente fica por aqui!- disse saindo do carro. sentindo a raiva me consumir e meus olhos lacrimejarem.
--Que bom, aah e cancela o Léo, ele fica por casa mesmo ele está com o pai!- ela gritou antes de eu bater a porta e sair andando pela rua com o rosto lavado em lágrimas.
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*Pov Marília Mendonça*
Acho que exagerei, e sentindo a raiva subindo, bati no volante do carro, chorei, gritei e bebi na volta para casa. Chegando em casa subi direto para o quarto, rodei a chave na fechadura e me joguei na cama, alaguei meu travesseiro, gritei mais que em show de banda de rock, bebi, fumei, um vicio que consegui deixar apenas o usava raramente quando precisava parar de pensar em alguma coisa, até que adormeci.
~Quebra de tempo~
Acordei mais tarde com pequenas batidinhas em minha porta, eu sabia quem era, aquelas pequenas mãozinhas eram inigualáveis.
--Mamãe já vai pequeno!- gritei de cima da minha cama. levantei e uma leve tontura me causou um pequeno desequilíbrio, coloquei minha mão sobre a cabeceira da cama e logo me recompus, fui até ao banheiro do meu quarto e passei uma água gelada pelo meu rosto e voltei, abrindo assim a porta ao mais novo.
--Mamãe, olha o horário! Titia Malaísa ainda não chegou e a Dedé já tem tudo plonto!- o pequeno disse com uma expressão brava e preocupada em seu rostinho.- e voxê nunca mais sai desse quato!
--Pequeno, a tia Maraísa não vem mais, esqueci de falar para a Mazé!
--Aaaa não, eu quelo a tia Malaísaaa-ele disse chorando e se jogando no chão
--Léo, já falei que não tem hoje, vai pro seu quarto!- disse pegando ele pelo braço, mas o mesmo fez o corpo morto e continuo berrando.- filho, vamos, por favor?!- mas o pequeno não me escutava, apenas gritava e se debatia contra mim. Respirei fundo, gritar não ia resolver, mas era só o que dava vontade.- vamos para o seu quarto, sentar, respirar, tomar uma aguinha e falar!- disse num tom de voz autoritário mas controlado.
-- Eu queloo, a tia Isa!- o pequeno disse subindo em meu colo. Sem lhe responder peguei ele e o coloquei em sua cama, liguei sua tv para ele se distrair com o desenho e peguei sua mamadeira com água que ficava do lado da cama lhe oferecendo a mesma.
Passei a mão nos cabelinhos dele enquanto seus olhinhos iam fechando, seus lábios iam soltando o bico da mamadeira e suas mão começaram a soltar a mesma, peguei ela e cobri o mais novo, deixando ele dormindo. Desci as escadas para avisar Mazé que não comeria e que Maraísa não viria mais, mas antes de chegar na cozinha onde Mazé estava, ouvi uma voz me chamando.
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*Pov Carla Maraísa*
Atualizei Maiara, sobre a nossa discussão. Ela ainda brigou comigo e com Marília e me obrigou a ir na casa dela conversar sobre o assunto, segundo ela "não quero ver meu casal maravilha separado por bobeira, são regras?! Foda-se as regras, o que seria da vida se parássemos de arriscar e de sonhar, puta que pariu vocês são novas, vão viver a vida!" Então eu fui, a final o que é um peido pra quem já tá cagado, disse rindo de mim mesma. Nem parei para jantar, levantei do sofá peguei a chave do carro e o celular e fui embora.
Chegando na casa da Marília, avistei Mazé pela janela da cozinha e bati na janela mesmo, não queria que Marília soubesse que eu havia chegado, Mazé abriu a janela para mim, que fiz sinal de silêncio com o indicador na frente da boca.
--Abre a porta ali pra mim?!
--Claro senhorita Maraísa, mas a menina Marília sabe que você está chegando?
--Não, mas também não quero que saiba!
--Tudo bem, entre que eu vou lhe abrir a porta.
E assim dei a volta, indo até á porta principal, que logo foi aberta pela mulher mais velha. Que impressionantemente tinha sempre uma expressão serena enfeitando seu rosto.
--A menina Marília não tá muito bem hoje, nem ela nem o menino Léo, ele tava chorando até á pouco e ela não jantou nem comeu nada desde o almoço.
--Eu sei o porquê dela estar assim, por isso mesmo que eu vim- antes de terminar o que eu ia dizer ouvi passos ecoando pela enorme escadaria e fiz sinal com a mão para que Mazé fosse para a cozinha.
Marília vinha descendo as escadas, com a mesma roupa de hoje, mas pairava agora sobre o ar um cheiro a álcool e cigarro. Ela passou diretamente para a cozinha, não me vendo parada na porta.
--Hey, Marília!- chamei e ela se virou me olhando.- Maiara me mandou aqui, ela quer que a gente converse..-disse revirando os olhos.
--Humm, ok...eu vou ali, é, hum, na cozinha tenho que...é, falar uma coisa para a Mazé.- ela disse toda atrapalhada.
--Vai lá- eu disse rindo- te espero, no seu quarto!
E assim subi as escadas, e antes de chegar a seu quarto, olhei pela brecha da porta, o pequeno Léo, deitado em meio aos lençóis de sua cama, ele era a cara da Marília, até o jeitinho de dormir. Ouvi passos chegando atrás de mim e então sua voz ecoou pelo corredor.
--Vamos?- ela perguntou e eu apenas me virei e caminhei até ao seu quarto.
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Continua...
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Irony of fate (pausada)
FanficDuas grandes mulheres, em diferentes patamares, com personalidades completamente diferentes e áreas diferentes de trabalho. Mas o destino é incerto nunca saberemos o que ele nos reserva... Carla Maraisa, 29 anos é pediatra. Marilia Mendonça, 23 ano...