Kyoshi levou Rangi para o luxuoso hotel que o concierge reservara para elas nos arredores de Londres. Enquanto ela fazia o check-in, a Lykae observou todos os detalhes. Rangi pareceu ficar aborrecida por ter de pedir a ela pelo próprio cartão de crédito, e mais ainda quando Kyoshi o pegou de volta das mãos do recepcionista do hotel. Mas ela não disse uma única palavra sobre a despesa.
Kyoshi não acreditava que isso se devesse ao fato de Rangi achar que ela iria reembolsá-la pelo gasto. Simplesmente achou que Rangi pretendia, a todo custo, parar de dirigir. Obviamente aquela viagem tinha sido muito dura para ela.
Kyoshi é quem deveria estar dirigindo o carro e assumindo o fardo de levá-las até Kinevane, mas se vira forçada a permitir que ela fizesse isso. Agora, graças à sua incapacidade, Rangi estava exausta; as luzes fortes dos faróis tinham lhe machucado os olhos sensíveis repetidas vezes, a noite inteira.
Quando Rangi pediu dois quartos, a Lykae bateu com a mão com toda a força no balcão, não se dando ao trabalho de retrair as garras escuras.
– Só um!
Kyoshi já tinha notado que ela nunca fazia escândalo diante de humanos – poucos no Lore o fariam. E realmente ela não protestou. Mas, quando o carregador das malas indicou-lhes o caminho para o quarto, Rangi colocou a mão na testa e disse disfarçadamente:
– Isso não fazia parte do acordo.
Provavelmente ainda estava aborrecida com o que acontecera na véspera.
Tinham se passado apenas 24 horas desde o instante em que ela a olhara
fixamente e sussurrara: Você me assusta.Kyoshi fez cara de estranheza ao ver o próprio braço se lançar para frente para lhe acariciar os cabelos, e, de repente, recolheu a mão.
Enquanto a Lykae dava uma gorjeta ao carregador de malas, Rangi se adiantou e entrou na espaçosa suíte. Quando Kyoshi fechou a porta, Rangi já caíra na cama, ocupava mais da metade do leito e quase dormia.
Kyoshi percebeu que ela estava cansada, e tinha notado que dirigir durante muitas horas era estafante, mas como ela poderia estar tão exaurida daquele jeito? Os imortais, por norma, eram muito poderosos e praticamente infatigáveis. Não tinha sido a isso que Rangi se referira? Mas, se ela bebera na segunda-feira e não apresentava nenhum ferimento visível, o que estava acontecendo?
Será que a causa daquilo era o choque provocado pelo que a Lykae tinha feito com ela? Talvez fosse tão frágil por dentro quanto sua aparência sugeria…
Tirou-lhe o casaco pela gola – foi fácil, pois ela estava com os braços frouxos
– e constatou que seu pescoço e seus ombros estavam tensos. Certamente por causa da tensão muscular ao volante, e não por permanecer sentada ao seu lado durante horas.Quando viu que a pele dela estava gelada, foi até a banheira abrir a água, mas logo voltou ao quarto para virá-la de frente e tirar-lhe a blusa.
Ela lhe deu um tapa fraco nas mãos, mas Kyoshi a ignorou.
– Eu lhe preparei um banho. Não é bom que você durma nesse estado.
– Deixe que eu cuido disso sozinha, então.
Quando Kyoshi lhe descalçou a bota, os olhos de Rangi se arregalaram para se
manter acordada e se fixaram nela.– Por favor, não quero que você me veja despida.
– Por quê? – quis saber a Lykae, enquanto se espreguiçava ao seu lado. Então, pegou um dos cachos do cabelo dela e o passou em torno de seu queixo, enquanto tornava a fitá-la longamente. Perto dos cílios, a pele dela estava muito pálida, assim como no resto do rosto. Tão pálida que combinava com o branco dos olhos, restando apenas a franja formada pelos grossos cílios impondo-se no belo rosto. Kyoshi estava fascinada.
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Desejo Insaciável (Rangshi)
Roman d'amourA lenda de uma feroz lobisomem e uma encantadora vampira - improváveis almas gêmeas cuja paixão testará os limites da vida e da morte. Adaptação do livro Desejo Insaciável escrito por Kresley Cole. Avisos: Literatura erótica, linguagem imprópria, so...