Capítulo 27

286 23 1
                                    


Na cama delas, Kyoshi estava deitada de lado, passando sucessivamente a parte de trás dos dedos entre o umbigo de Rangi e os seios macios, descendo logo em seguida. Sentiu as descargas de eletricidade no ar e sabia, desde a noite
anterior, que aquilo era por causa da vampira.

Não entendia como Rangi ainda poderia desejá-la ou por que parecia tão satisfeita. Kyoshi acordou sob o peso do arrependimento pelas suas ações. Rangi tinha sido muito melhor do que alguma vez ela sonhara. Tão linda, tão apaixonada e, por fim, a Lykae conseguira possuí-la e fazer valer seu direito sobre ela. Várias vezes. Sob a lua cheia, a vampira lhe proporcionara prazeres inimagináveis e estarrecedores, além de um profundo sentimento de conexão entre elas.

Ela lhe oferecera tudo isso, mas Kyoshi lhe roubara a virgindade no solo da floresta, como o monstro que a vampira sempre imaginou que ela fosse, penetrando com força a sua intimidade delicada. A Lykae pensava… tinha quase certeza de que a fizera gritar de dor.

E depois tinha marcado o pescoço dela de forma selvagem. Ela nunca poderia ver a marca que Kyoshi deixara – só outro ser da espécie Lykae conseguiria isso. Ela também não poderia sentir a marca, mas iria levá-la com ela para sempre. Ao ver aquela marca, os Lykae saberiam na mesma hora que Kyoshi perdera a cabeça de desejo por ela. Ou descobririam que a Lykae fizera aquilo de forma tão incisiva para funcionar como ameaça abertamente hostil contra outros que a desejassem. As duas coisas eram verdadeiras.

No entanto, apesar de tudo isso, a jovem lhe pareceu satisfeita com o que acontecera. Elas conversavam com descontração e a vampira exibiu uma expressão sonhadora quando Kyoshi lhe acariciou o rosto.

– Hoje você ainda não bebeu. Está com sede?

– Não. Não sei o motivo, mas a verdade é que não – respondeu ela, exibindo-lhe um sorriso radiante. – Provavelmente porque ontem eu roubei muito sangue seu.

– Garota insolente! – a Lykae se encostou nela e esfregou o nariz sobre os seus seios – Pois saiba que aquilo foi oferta da casa. – Apertou-lhe o queixo e fitou-a longamente. – Você sabe disso, não sabe? Sempre que precisar beber, mesmo que eu esteja dormindo, sirva-se à vontade.

– Você realmente gosta disso?

– Gostar não é o termo que eu usaria.

– Mas você ficaria curada mais depressa da perna se eu não fizesse isso.

– Talvez, mas a recuperação não seria tão doce.

Mesmo assim, ela insistiu:

– Kyoshi, às vezes, eu sinto como se você tivesse uma bola de ferro e uma corrente presas ao tornozelo, de tanto que você manca. – Antes da Lykae ter chance de protestar, ela prosseguiu: – Na primeira vez que bebi, você me perguntou se eu achava que você poderia me transformar numa Lykae. Isso seria possível?

Ao perceber que ela falava sério, Kyoshi ficou tensa.

– Rangi, você sabe que nenhum ser vivo pode se transformar em nada sem, antes, morrer. – O catalisador comum para as transformações entre os vampiros, os fantasmas, os espíritos, entre todos eles, era a morte. – Eu teria de me transformar por completo, me entregar totalmente a esse objetivo e depois matá- la, na esperança de que você tivesse sido infectada e ressuscitasse. – E rezar para que ela aceitasse um pedaço da fera dentro do seu corpo, que poderia lhe devolver a vida; mas não com demasiada intensidade. – No caso de você sobreviver, teria de ser encarcerada durante vários anos até conseguir controlar a... possessão. – A maior parte dos seres leva uma década para isso. Muitos, porém, nunca conseguem assumir o controle.

Desejo Insaciável (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora