Capítulo 13

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Os próximos segundos acontecem muito devagar. Eu não consigo respirar o suficiente, e lágrimas borram toda minha visão. Estou tremendo e quase inconsciente, mas me mantenho de pé para entender o que está acontecendo.

Mattheo está respirando forte. Ele me olha, mas tudo parece estar em câmera lenta. Vejo ele correr para mim, usando a varinha para afastar os dois babacas que me seguravam. Acho que eles estão gritando.

Encaro os lábios de Mattheo, e a realidade volta à tona.

Cruciatus.

O ar volta gelado nos meus pulmões. As lágrimas ainda escorrem mas agora, o som não está abafado.

— NÃO! - grito - MATTHEO, PARA!

Ele me encara e abaixa a varinha. O grito dos desconhecidos param. Mas ele ainda não terminou.

Corro em sua direção, abraçando-o. — O que estava pensando? Se alguém tivesse nos visto... - mas não consigo terminar.

Theodore se levanta e me puxa para trás, fazendo com que eu caísse.

— Quer a putinha toda para você, Riddle? Qual é, você nunca fode ninguém mais de uma vez, compartilha, filho da puta! - e o soca.

Sinto meu sangue esquentar ao vê-lo chutando Mattheo. Riddle parece desconcertado, mas também, ele usou uma maldição imperdoável. Deve ser muito para aguentar.

Mattheo revida, começando a socar Theodore de volta. Eu não consigo entender muito bem o que está acontecendo pelo escuro, mas percebo quando Theodore aponta a varinha para o pescoço de Mattheo.

— Será que por ser filho de quem é, você é imortal, Riddle? - Theodore sorri, e ele parece muito alterado - Tudo isso por causa de uma buceta?

Mattheo grunhi, mas não se mexe. Deve ser algum feitiço que o prende, mas não consegui ouvi-lo por conta da música.

Theodore se abaixa, sussurrando algo no ouvido de Mattheo, o que o alarma. Ele me encara, com medo.

Estou suando frio.

Theodore me encara, sorrindo. Há algo de muito errado com seu rosto. Ele aponta a varinha para mim, sorrindo ainda mais, e entendo seu jogo.

O feitiço me atinge antes que eu entenda as palavras. Sinto a dor escorrendo por minhas veias, como se meus ossos se quebrassem de novo e de novo e de novo, para se curarem e quebrarem novamente. A dor é excruciante.

De longe, escuto o grito de Mattheo, mas sei que ele não pode fazer nada.

E de repente, tudo para.

Estou ofegando no chão, suando e tremendo. Tudo dói e gira, e penso que irei perder a consciência. Olho para o lado, vendo Mattheo de pé, a varinha apontada. E o corpo de Theodore caído no chão.

Mattheo me encara, com lágrimas nos olhos. Ele está tremendo. Ou talvez tudo seja só minha impressão.

Ele anda até mim e me pega no colo. Beija minha testa e afasta o cabelo molhado de meu rosto. Riddle evita a festa, passando por um corredor externo que conecta ao dormitório.

Meu cérebro processa lentamente os acontecimentos.

E é só quando chegamos em seu quarto, que ele me apoia em sua cama e estou quase perdendo a consciência, que a ficha cai.

Avada Kedrava.

(...)

Meu corpo todo dói. Minha cabeça pulsa e minha pele está tão sensível que o linho do lençol machuca.

Abro os olhos com dificuldade, e preciso fechá-los novamente pela luz leitosa que vem da janela.

Respiro fundo, e meus pulmões doem.

— Acordou? - o sussurro de sua voz me assusta.

Olho ao redor, vendo Mattheo sentado em uma poltrona. — Oi... - minha voz está rouca pela falta de água. Ele parece perceber, pois me traz um copo cheio.

Mattheo me arruma para ficar sentada, o que me causa uma careta e gemidos pela dor. Ele leva o copo à minha boca, e engulo aos pouquinhos.

— Oi... - sussurra enquanto engulo. Ele faz carinho em minha cabeça - Como está se sentindo?

O olho. — Bem... na medida do possível.

Ele ri sem humor, e eu o acompanho. Mas fico séria. — O que você fez? - sussurro.

Ele engole em seco. — O que precisava fazer para te salvar.

Meus olhos se enchem de água. — Você o matou...

Seus olhos desviam para um ponto qualquer no quarto. — Ele ia te matar se continuasse.

Fungo. — Você está bem?

Vejo quando, por um segundo, sua máscara cai. Seus olhos brilham com algo parecido com dor e ele engole em seco. Mas as emoções somem em um piscar de olhos, tão rápido que penso não ter sido impressão.

— Estou. Ele não era somente um estudante. Estava aqui a mando do meu pai.

Me alarmo. — Que?

Ele finalmente me encara. — Vamos conversar sobre isso depois. Por agora, precisa descansar.

Ele me ajuda a deitar novamente, e se afastava quando seguro sua mão. — Deita comigo. Por favor.

Ele parece titubear, mas logo tira a camiseta de manga curta branca que usava, e os sapatos, ficando apenas de calça moletom. Mattheo deita-se ao meu lado, e me movo devagarinho, ignorando a vontade de chorar de dor, para me aproximar.

Apoio minha cabeça em seu peito, passando meu braço por sua cintura. Seu braço abraça meu quadril e ele beija minha cabeça.

Levanto o olhar para ele, e ele já me encarava. Me esforço um pouco para me mexer, e o beijo.

Um selar de lábios somente.

— Obrigada. - sussurro contra seus lábios - Por ter me salvado.

Volto a me deitar. Um tempo depois, eu começava a perder a consciência, quando acho tê-lo ouvido.

— Ele mexeu no que é meu. Ninguém encosta no que é meu. Teve o que merecia.

E apagar.

Quarentena - Mattheo Riddle (SHORT FIC) Onde histórias criam vida. Descubra agora