Capítulo 14

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Duas semanas se passaram desde a festa.

As aulas voltaram ao normal. Ninguém sabe sobre o que aconteceu na festa a não ser Mattheo e eu.

Falando nele, nós não transamos novamente desde aquele dia. Mal conversamos, que dirá nos tocarmos.

Ele se afastou tão bruscamente de mim, que doeu mais que a maldição Cruciatus que me incapacitou de andar por três dias.

Todo dia, eu choro por ele. Todo dia, meu coração se parte um pouquinho mais por vê-lo rodeado por meninas. Todo dia, eu me torturo ao pensar nas coisas que nós não tivemos, mas fez com que eu me apaixonasse por ele.

Que cenário mais decadente.

Quase ter sido estuprada naquele dia não foi o pior. Ter sido torturada por uma maldição imperdoável não foi o pior.

O pior foi ter dormido em seus braços, na sua cama, e ter acordado sozinha na minha.

Eu chorei naquela manhã. Assim como chorei quando Pansy me ajudava a comer, pensando que eu estava abatida por um resfriado. Assim como chorei quando meu irmão foi me levar remédio e perguntou se estava tudo bem.

Assim como estou chorando agora, vendo-o beijar uma menina mais nova.

Engulo o bolo na garganta e o arrepio que corre minhas entranhas. As lágrimas não são grossas, mas são constantes. Escorrem silenciosamente por minhas bochechas.

Eu não faço som algum, porque o pulsar do meu coração se quebrando já ecoa por meus ouvidos há alguns dias. Já faz barulho o suficiente.

Ele me encara, e sei que é minha cabeça me iludindo, mas por um momento, vejo dor passar por seus olhos.

Me viro e saio andando da biblioteca.

(...)

— A poção do amor mais poderosa do mundo... - Hemione diz.

E ela continua dizendo e explicando como Amortencia faz com que você sinta um cheiro diferente dependendo do que te atrai.

Ou algo assim. Não estou prestando atenção.

Mal consegui dormir noite passada, minha cabeça pulsa e eu sei que Mattheo - do outro lado da sala - tem uma garota pendurada em seu pescoço.

Suspiro.

— Deseja vir experimentar, Lauren? - o professor me tira dos pensamentos. Não sei o que responder, então apenas ando para a frente da sala.

Ele aponta o caldeirão para mim, e entendo que é para eu cheirar. Sinto meu coração como um estrondo em meus ouvidos. Me aproximo, sentindo o cheiro.

— E então? O que sente, querida?

O cheiro dele me inebria. Me sinto tonta de repente, como se estivesse entrando em abstinência mas finalmente realizado meu desejo.

Sorrio. — Cigarro. Rosas brancas e... - a palavra morre em minha boca. Sexo. Meu perfume. Limpo a garganta - Não sei como descrever o outro cheiro.

Me afasto, indo para o fundo da sala. O professor pede para fazerem uma fila, para que todos possam experimentar.

Na bagunça para organizarem, saio de fininho da sala, com o coração disparado.

Foi só uma confirmação mesmo.

(...)

Eu havia me sentado contra a parede, esperando a aula acabar para poder seguir para o refeitório com Pansy. A porta se abre e espero que vários alunos saiam de lá, mas não.

Eu sei que o órgão inútil que bombeia meu sangue esqueceu de bater quando ele me olhou no fundo dos olhos.

Desvio o olhar, engolindo o choro.

Ele sai andando, sem dizer uma palavra.

Quarentena - Mattheo Riddle (SHORT FIC) Onde histórias criam vida. Descubra agora