Capítulo 3 -

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Ainda me lembro de tudo, até da música que tocava naquela manhã que dormi no chão do seu quarto cor de rosa, era feel it still do portugal the man

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Ainda me lembro de tudo, até da música que tocava naquela manhã que dormi no chão do seu quarto cor de rosa, era feel it still do portugal the man.

Aquela melodia agitada para uma manhã ecoava naquele rádio que espalhava o som em cada cômodo daquela casa, pequeno eletrônico que havia uma grande potência. Sentei no colchão com uma mão esfregando os meus olhos para afastar a remela e outra mão levei à cabeça.

Ressaca, me fazia punir a mim mesmo por ter bebido uma garrafa inteira de whisky. Ressaca, é o suficiente para me fazer lembrar de tudo e não ter questionamento do que teria acontecido na noite passada.

- Marte, já quer ir pra casa ou aguenta comer meus ovos mexidos queimados de café da manhã?! - Uma voz estridente que incrivelmente de forma melódica cantarola com a música de fundo, atrás da porta.

Laura nunca me acordava, seguia sua vida e esperava eu acordar para começar a minha, mas não era Laura, era Ruby.

Levanto do colchão muito rápido para quem acabou de acordar e enrolo as minhas pernas na coberta que me cobria, o que faz eu tropeçar até chegar em frente da porta. Enrolei meus cabelos entre meus dedos e tento ajudá-lo minimamente, mas sem perder muito tempo, girei a maçaneta e encontro Ruby.

Ela estava sorridente, com os lábios avermelhados novamente. Seu cabelo está solto e molhado, deixa respingos em seu vestido branco rodado que está coberto por um casaco similar a cor da sua boca, que era idêntica as cores de suas meias. Na sua mão ela carregava um copo de água e um prato, o cheiro de queimado invadia facilmente minhas narinas, fui obrigado a enrugar o nariz, mesmo que eu não quisesse ofendê-la.

Aquilo eram ovos de carvão!

Pareciam até que ela tinha pego o próprio carvão, colocado sobre o fogo para esquentar e me trazer.

- Bom dia. - Falo tentando desfazer minha careta iniciada por conta daquele cheiro com um sorriso, mas acho que não sou capaz de fazer isso enquanto ela ri.

- Acho que o seu intestino não vai ser forte o bastante para aguentar minha comida, mas é sempre bom beber água quando se acorda. - Ruby estica o copo e eu aceito sem rodeios, já que senti como a minha garganta estava seca ao pronunciar apenas duas palavras.

- Já abasteceu o carro? - A mulher a minha frente apenas assentiu com a cabeça e eu espreguicei os músculos que estalaram animados ao saberem que vão voltar para casa agora.

- Vamos? - Ruby sem esperar uma resposta já pega seus sapatos e caminha pelo o corredor, eu a sigo deixando o copo no raque próximo ao radio que nem ela havia feito com o prato que estava em suas mãos.

- Agora só falta eu me lembrar onde deixei as chaves do carro. - Ela ri sem graça tateando os bolsos do casaco, já na varanda que dava vista para o jardim.

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