Todos somos carentes de algo ou de alguém, não adianta negar.
A carência é: Necessidade de algo. Necessidade afetiva. Necessidade de alguém. Sentir, falta, saudade...
O bebê já nasce chorando, com saudade do lar protetor na barriga da mãe e para dormir ela precisa ser movimentada lentamente no colo, próximo ao peito, com pequenas batidas da palma da mão em suas costas e bumbum; mesmo que seja o pai segurando, a criança tem a ilusão de estar de volta a sua cúpula, escutando e sentindo a falsa sensação do coração de outro alguém batendo tão próximo ao seu e criando inconscientemente a certeza de que não está sozinho e que aquele que está contigo está batendo o coração não apenas junto a ti, mas para você.
Aí quando o balanço acaba, o som do palpitar se distância e o bebê é colocado no berço, lá se encontra o bico se formando, a água aglomerando nos olhos e o berro implorando que sua carência seja atendida.
A criança cresce, corre pela rua com seu brinquedo favorito do qual chorou para ganhar, então ela caí e começa a derramar novamente lágrimas na espera do beijo da mãe em seu ferimento, então a dor passa. A carência é atendida e a atenção se torna um vício.
Agora sem amigos, ela espera para que alguém a puxe para brincar no jardim. Sem fala, ela espera que alguém discurse. Sem ideias, ela espera que alguém invente.
Sem nada ela continua esperando por algo, por alguém.
Ao virar adolescente, ela troca o brinquedo por um celular, escolher um filtro e tirar foto da matéria copiada no quadro. Por alguma razão ela continua querendo beijos, mas não mais na bochecha e às vezes até se esquiva do abraço da mãe protetora. O adolescente quer namorar, beijar na boca, tirar as roupas… Eles querem o que pensam que sabem. E adolescente não sabe de nada. Mas estão carentes.
E enquanto envelhece ela continua a espera… espera… espera… mas ninguém nunca chega.
É assim que eu pensava, ninguém nunca chegaria para realmente me retirar os demônios em minha cabeça que gravavam que eu morreria sem ninguém. Mas eu tinha uma oportunidade, eu tinha Marte.
[…]
Estava guiando Marte ao meu Volkswagen Fusca vermelho, talvez não seria a melhor opção transar com meu noivo falso naquele carro que não tinha espaço o suficiente para todas as posições que eu queria experimentar com aquele homem, mas era o local mais próximo que eu via como solução. E algo era certo: meu corpo estava implorando para se unir ao de Armstrong.
Não o deixei fechar a camisa, queria que se alguém estivesse na rua, pudesse ver e invejar o homem que me acompanhava.
Mas quando chego no carro, o celular que eu guardava entre os peitos começa a vibrar, aumentando a minha excitação, mas faz com que eu pare à dois passos do meu automóvel para atender.
Era Arthur.
— Alô? — Falo irritada, rápido, com vontade de terminar aquela ligação rápido.
— Você está bem? — A voz do loiro parece mais robótica pelo celular.
— Se não estivesse bem, eu gritaria socorro assim que atendesse.
— Onde você está?
— Indo transar.
— O que-
Não espero para que ele termine e logo desligo o celular, conheço bem Arthur e sei que ele de alguma forma conseguiria me rastrear facilmente para impedir que qualquer homem me toque, para sempre está lá me protegendo.
E por muito tempo eu não queria que ninguém me tocasse, confiava extremamente em duas pessoas, minha tia e Arthur. Mas Marte era diferente e talvez eu tivesse medo disso. Medo do novo. Medo do que poderia acontecer. Decepção, machucados…
Mas o que eu precisava era beijá-lo, extraindo de sua boca todo o meu sabor interno que sua língua lambeu de meus dedos. Sentir sua pele aumentando a própria temperatura e o branco que revestia o seu corpo ganhar o tom da minha cor favorita com seu forte rubor. Seus lábios soltaram gemidos que se juntariam com os meus em uma canção, com a melodia de nossas vozes se juntando com o ritmo de nossos corpos e por fim sua felicidade me preencheria e de braços - e pernas - abertas, eu receberia de bom grado.
Nossa como eu queria esse homem.
Coloco minhas costas na porta do carro e puxo Marte por sua blusa aberta e seu sorriso só some quando fecho os olhos e sinto nossos lábios entrarem em contato. Ele sabia beijar, entendia que a pressa estragaria a conexão, mas que a pressão de sua mão em minha nuca e cintura nos aproximava.
Estávamos tão próximos que aproveito que a perna dele estava entre minhas pernas e abaixo o meu corpo que estava na ponta dos pés para alcançá-lo mesmo com salto, o homem tem que abaixar a coluna para não desmanchar o beijo e ainda sente a pressão da minha buceta arrastando sobre sua perna que levemente se ergue causando mais fricção em minha intimidade.
— Ruby?
Marte afasta a cabeça de mim e nos viramos para Cecília que apareceu derrepente naquela rua vazia.
O homem se afasta com o rosto vermelho, talvez por vergonha e não pelo o que eu realmente queria que fosse. Marte começa a missão de abotoar a camisa com os dedos trêmulos.
Eu encaro sorrindo minha amiga que nos encara com olhos arregalados e boca aberta, até sua barriga de grávida parece estar em choque, maior.
— Pode me dar uma carona? - Ela pergunta ainda em choque, agora percebo que ela está cheia de sacolas de roupa de bebê.
Ela se agacha para enrolar as sacolas na mão, talvez ela tenha deixado caiu quando viu minha cena com Marte.
Eu deveria dar a carona, ela é minha amiga e está grávida. É o mínimo de bondade humana que se poderia ter. Mas eu realmente queria que Marte metesse em mim.
Mas não poderia recusar aquela carona.
— Claro.
[...]
Estava tomando um café na casa de Cecília que ainda estava em choque.
— Você está preparada para esse próximo passo mesmo, Ruby?
— Cecília, eu já sou adulta.
Marte havia passado o caminho em silêncio no banco de trás e quando chegamos no bar, ele disse que daria uma volta e de despediu com um abraço de lado e rapidamente correu pelas calçadas.
— Eu sei, mas o que você passou Ruby...tudo aquilo era... - Nem ela tinha coragem de falar e eu ainda me sinto insegura em poder dizer. — Nenhum ser humano deveria passar por aquilo e algo desse tamanho deixa qualquer um com traumas, talvez Marte ative gatilhos que você não tem uma armadura forte o bastante para enfrentar.
— Ou talvez ele seja a borracha para os medos passados. Ele é escritor certo? Eu sou a sua mais nova musa. Acho que teremos uma boa história para contar.
Nos vemos no próximo capítulo...(E olha que milagre, ele já tá em produção)
[Esse capítulo era inicialmente pra ser um hot, mas aconteceu tanta coisa hoje que o clima estava péssimo pra escrever qualquer coisa...mas eu precisava]
Porém, para as leitoras que gostam de um 🔥, aquietem a raba que está próximo
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Amor Entre Chamas.
RomanceAntes de odiar uma pessoa que um dia já nos encontramos perdidamente apaixonadas veio um sentimento que tomou conta do nosso corpo. O que era desejo virou necessidade, obsessão, uma droga, um pecado. Foi isso que Marte sentiu por Ruby, luxúria.