Capítulo 19 -

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Alguns anos atrás

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Alguns anos atrás...

Ele acabou de...

Ele...

Arthur...

- O que você fez Arthur? - Cecília perguntou parecendo estar tão abismada quanto eu.

- Eu sei bem o que fiz e como você pode perceber eu não me arrependo de nada. Prometi a Ruby que sempre a protegeria e é o que farei, estarei ao lado dela para sempre. Não tem o que se preocupar. Cecília, eu cuidarei disso. Ruby, eu cuidarei de você.

Aquilo foi minha culpa.

Eu poderia ter sido uma vítima, mas no meio de tudo que aconteceu eu também me tornei A culpada.

Arthur ele acabara de...

[...]

Atualmente...

Estava na casa de Cecília e ela me pediu ajuda para guardar as compras enquanto procurava elogios para as pequenas roupas de bebê que ela comprou para sua filha.

Tinha tutus minúsculos, bores de princesas, laços maiores do que nossas próprias cabeças. Ela carrega a certeza que gera uma menina em seu ventre, mas quando seu marido chegou em casa e viu tantas compras para a futura princesa dele, eles começaram uma discussão hilaria.

Eles ainda não sabiam o sexo do bebê, firmava Oscar, quando a esposa tinha como único argumento para os contras do marido - contras com ótimos fundamentos - era de que ela ainda não tinha a certeza de que era menina.

Aproveitei o momento para tomar rumo à minha casa que estava precisando da minha atenção, ainda havia muitas caixas para abrir.

Mas no trajeto que tomo o meu peito forçadamente é puxado para trás graças ao cinto de segurança que impede que minha testa bata no vidro, mas a culpa é minha por pisar no freio com tanta força ao reconhecer os cabelos loiros de Arthur sendo puxados pelas mãos de Marte que tentava desviar e se defender dos socos de meu amigo.

Abro as janelas do carro e faço o som irritante da buzina ser escutada e se tornar incômodo para qualquer um próximo.

Os homens estagnam, parecendo reconhecer o som do meu carro. Não se soltam, a postura agressiva se mantém um para o outro, mas ao virar a cabeça para mim os ombros de ambos caiem sob meu olhar confuso e irritado.

Homens daquele tamanho brigando na rua por sabe se lá o que de forma tão feia era ridículo.

Nem para trocarem tiros como antigamente se resolviam problemas: cinco passos para frente de costas um para o outro, contagem de 10 segundos, vira e atira. Ganha o mais ágio ou o mais trapaceiro. Seria mais rápido e menos vergonhoso.

Que droga vocês estão fazendo?!

— Ele estava invadindo a casa da minha psicóloga!

— O que? Essa acusação não tem nem fundamentos Ruby! Eu fui contratado para cuidar das plantas e limpar a casa enquanto a dona está viajando! Me parece que a psicóloga do seu amigo precisa encaminhar ele para uma psiquiatra!

— Pode deixar que eu vou pegar o seu laudo de comportamento excessivamente agressivo! Ruby, ele simplesmente me jogou no chão e começou a tentar me machucar!

Retiro o cinto rapidamente para sair do carro, sabia até onde Arthur poderia chegar, mas não tinha ideia quais seriam as extensões dos limites de Marte.

Pego a mão do loiro e o moreno retira as mãos da cabeça dele quando aproximo Arthur de mim.

— Ele não me fodeu, se essa é sua preocupação. - Sinto ele o aperto dele na minha mão acalmar. Ele precisava se controlar.

— Eu não entendo a relação de vocês, por acaso vocês tem algum tipo de relacionamento meio aberto?

— Não senhor Armstrong, meu amigo tem seus motivos para os surtos dele, mas nenhum o suficiente para ser justificativa de qualquer tipo de agressão, ameaça ou seja mais o que ele tenha feito contigo. - Olho afiadamente para meu amigo que sorri, nada arrependido.

Cravo minhas unhas na pele de sua mão e ele retira aquele sorriso zombeteiro do rosto.

Desculpa. - Ele se obriga a deixar as palavras sem verdades escaparem rapidamente da boca.

— Desculpa também, não me lembrava que Lúcia já havia contratado alguém para cuidar da casa, muito menos que esse alguém seria você.

Lúcia. Ele ficou tão preocupado com a presença de Arthur, na casa de Lúcia. Ok, ela era sua psicóloga e pela ordem dos acontecimentos o cenario que Marte imaginou deixava meu amigo como um criminoso. Mas...paciente e psicólogo se encontram em um consultório, não é mesmo?

Não em uma casa, na sala, no quarto...na cama.

Por que estava pensando naquilo?

— É admirável a sua preocupação com a Lúcia.

Por que eu falei isso? Por que soou tão falso e frio?

— Ela é uma senhora de idade, não tem familiares na cidade porém sempre se preocupou em cuidar de como se tivessem o mesmo sangue. É o mínimo de consideração que posso ter por tudo que ela já fez por mim.

— Te escutar deve ser realmente uma tarefa difícil. - Arthur novamente se intrometeu mas foi ignorado.

— Gostaria de jantar com você está noite, Ruby, em minha casa.

— Não mesmo. - Arthur toma a frente,  mas não permito que ele mantenha como a palavra final.

— Pare com isso Arthur, você irá me acompanhar hoje no jantar que terei na casa do meu namorado. - Tinha que começar a chamá-lo assim, estar vivendo um papel por momento indeterminado.

Mais novidades nos próximos capítulos...

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