Aos 7 anos...
- Acha que isso será o suficiente, papai? - Pergunto agarrando o lençol em minha cama, olhando com ansiedade para ver se a ideia do meu pai daria certo.
Ele desce do banco de madeira e suspira satisfeito com o trabalho ao acender as luzes que deixavam o quarto em um tom avermelhado.
- Você é quem me diz, princesa, está bom para você?
Olho ao redor e com cautela coloco os pés no chão, me segurando nos móveis ao meu redor para conseguir me sustentar nas pontas dos pés e chegar na frente do meu pai sem fazer barulho.
Não conseguia ver o rosto dele, era uma sombra escura por conta da iluminação, mas sua silhueta não tão fina para ser considerado magro e nem tão cheio para poder ser chamado de gordo era bem detalhada pelo brilho vermelho. O homem quase parecia um manequim, se eu não soubesse quem era, seria uma estátua assustadora para uma garotinha, mas dada a situação irreversível que me esperava, aquilo era uma maravilha.
- Está ótima, obrigada papai.
Pai. Toda criança sem pai está sempre a procura de um.
[...]
Dias atuais...
Um número desconhecido ligava pelo meu telefone pela segunda vez que recusei a ligação, então pela terceira vez aberto o botão para desligar o toque irritante do meu celular - tinha que aprender a trocar aquela música. Porém, não adianta, já que a pessoa tenta pela quarta vez.
- Quem tá te ligando tanto? - Arthur pergunta enquanto passa a manteiga no pão.
- Não sei, também não entendo, se não está na minha lista de contatos não importa.
- Você só tem eu, sua tia e Cecília em sua lista.
- Exato e essa pessoa não é nenhum de vocês. - Falo procurando a jarra se suco de laranja na geladeira.
- O DDD é daqui, deveria atender.
- Atende você para mim. - Dou pouco caso cogitando em cheirar o líquido dentro da caixinha para ter certeza se estava com validade.
O loiro pega o telefone e atende o número, mas segura o objeto no meu ouvido para no fim das contas de certa forma, sou eu quem acaba atendendo.
- Alô, senhorita Brigite? - Escuto uma voz meio receiosa e cansada do outro lado da linha, talvez por estar quase desistindo de continuar ligando. Porém senhorita Brigite, só alguém me chamava assim, só ele tinha aquela voz.
- Senhor Armstrong? - Pergunto agarrando o celular e segurando por conta própria próximo ao meu ouvido.
Escuto o suspirar de Arthur e o revirar os seus olhos, arrependido de ter atendido por mim ele volta o trabalho de torar as torradas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Entre Chamas.
RomanceAntes de odiar uma pessoa que um dia já nos encontramos perdidamente apaixonadas veio um sentimento que tomou conta do nosso corpo. O que era desejo virou necessidade, obsessão, uma droga, um pecado. Foi isso que Marte sentiu por Ruby, luxúria.