Inseguranças

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POV VALENTINA

Assim que saímos da casa dos meus pais Gizelly carregava Sofia no colo. A pequena dormia tranquilamente nos braços dela, provavelmente sonhando com girafinhas.

Gizelly a ajeitou na cadeirinha, arrumou a cabecinha dela com cuidado para não acordá-la e sentou no banco do passageiro, passando o cinto de segurança por seu corpo. Ela estava calada desde o momento em que a encontrei com Rafa em seu quarto.

A cena dela tocando o rosto da minha irmã despertou em mim diversos sentimentos, medo, ciúmes e até um pouco de raiva, ali, sozinha com ela, eu me questionava o teor da conversa delas.

-Você tá bem? — Perguntei quebrando silêncio no carro.

-Sim. — Ela me respondeu.

-Mesmo? — Insisti por uma resposta completa.

-Estou bem Valentina. — Gizelly me encarou rapidamente. — O que você viu lá em cima não passou de uma... uma conversa franca entre a gente.

-Posso saber sobre o que falavam?

-Sobre a minha filha! Sua irmã me disse que gostou muito dela, que sentia muito por ter me magoado com o que ela me disse no passado e que gostaria de fazer parte da vida da Sofia.

-E você?

-Eu disse o que você ouviu... que eu jamais impediria a convivência dela com a minha filha.

Eu estava curiosa para saber o que ela havia sentido ao rever a minha irmã. Estava ficado nítido pra mim que ambas estavam desconcertadas, chocadas pela surpresa daquele encontro inesperado, principalmente a minha irmã. Foi impossível não notar os olhares dela em direção a Gi. É claro que eu morria de ciúmes por dentro, aquilo me deixava agoniada e ao mesmo tempo consternada por ela.
Era como se a qualquer momento eu fosse ver as duas juntas novamente ali, na minha frente, como o casal feliz que eram quando namoravam. Como se o meu sonho fosse virar meu pesadelo de um segundo pro outro.

Nossa situação era delicada, eu entendia a complexidade do problema que estávamos envolvidas, mas eu tinha esperança que poderíamos superar tudo aquilo. Pelo menos eu daria o melhor de mim para isso. Eu não estava disposta a desistir delas por nada, exceto é claro, se minha felicidade custasse a dela. Eu jamais manteria Gizelly presa a mim.

-O que achou dela? — Questionei prestando atenção no trânsito.

-Ela parece bem, tá diferente. — Respondeu dando os ombros.

-Isso é bom ou é ruim?

-Eu não sei, Valentina... eu só troquei umas palavras com ela, não foi como se tivéssemos passado horas conversando.

-Mas você a conhece bem... pelo menos conhecia.

-Isso foi a muito tempo.

-Ninguém muda tanto assim. — Meu tom de voz era baixo.

-Onde você quer chegar com essa conversa? — Eu sabia que ela já estava se irritando.

-Em lugar nenhum... só fiquei curiosa. — Balancei os ombros como se não desse importância ao assunto.

O resto do caminho foi em silêncio, Gizelly mantinha os olhos na janela e eu alternava os meus entre ela e a rua, mas minha mente ainda estava inquieta.

Assim que parei o carro em frente ao seu prédio ela desceu e eu a acompanhei abrindo a porta para que ela retirasse Sofia de dentro do veículo.

-Vai dormir aqui? — Gizelly perguntou ajeitando a pequena em seu colo.

-Hoje não, nos vemos amanhã? — Fiz um carinho em seu rosto.

-Sim. — Ela disse em um tom carinhoso. — Vem jantar conosco?

A namorada da minha irmã -Girafa/Valu (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora