𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂̃𝒐

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Axion

O mar é devastador. Para navegar é preciso coragem, sem coragem sua alma desiste antes do seu corpo, ficaríamos a deriva sem esperança. É difícil, mas não impossível. Para minha tripulação nada é impossível. Estamos no mar a um mês sem pausas, não paramos em nenhum porto, na verdade estávamos longe dos portos, infelizmente nosso suprimento está escasso, precisamos parar para reabastecer antes de continuar trajeto.
Mas infelizmente, isso não é possível no momento.

- Atirem! Não é para poupar as vidas de nenhum deles! - Estamos sendo atacados por outro navio.

Nós já estamos tomando conta do navio deles, mas ainda precisamos acabar com todos. Não é a marinha, apenas alguns piratas fracos, atacaram achando que estaríamos despreparados, mal sabem eles que passar alguns poucos dias sem comida acaba virando algo comum, é fácil de suportar.

- Rendam todos e peguem tudo o que acharem - Gritei enquanto amarrava dois homens juntos.

- Desgraçado! - Olhei o homem que falou isso direcionando a mim.

- E aquele ali vai para os tubarões.

- Sim senhor! - Puxaram o homem para a beirada do navio, ri alto.

- Vamos ver o que temos por aqui...

Comecei a andar pelo convés, entrei na cabine do capitão, vendo o que tinha de interessante para pegarmos. Um tesouro pequeno disperso em pequenos baús, muita prata para trocarmos e o que realmente me interessou. Uma sereia, uma jovem sereia num canto da sala, é perceptível que está desidratada, machucada e desmaiada, não fará nenhum mal a nós nesse estado.

- O que devemos fazer com ela, senhor? - Meu marujo está apontando a espada para ela - Devemos deixá-la morrer?

- Leve-a. Vale alguma coisa num leilão.

- Certo. Escutaram, tirem ela - Disse pros outros que entraram conosco.

Precisou de dois homens para carregar ela, um segurou pelos braços e o outro pela cauda, rimos quando ela resmungou, por culpa das queimaduras na pele, logo saíram da cabine.

- Voltem pro navio.

- O que fazemos com esse?

- O que sempre fazemos, queimem e deixem afundar - Foram correndo fazer isso.

Eu voltei pro meu navio, indo direto para a cabine, antes fui parado.

- Deixamos ela amarrada, senhor?

- Joguem água e deixe presa. De preferência na sombra, se não vai queimar inteira... Não quero um peixe assado - Assentiram.

Eu fui tomar um banho, tranquei a porta e ignorei todo o resto, tem alguém para me substituir lá fora. Entrei na banheira com água morna, suspirei enquanto encostava a nuca na beirada e encostava os braços nas bordas, fingindo não estar um caos fora dessas paredes.
Fechei os olhos e relaxei o corpo, pensando no que iríamos fazer.

Maximilian

◇◇◇◇

Não sei onde estou, acordei tem pouco tempo, mas pelo que parece, estou em um novo lugar, não pareço estar em terra firme, sinto o cheiro do mar, também ouço com clareza as ondas se quebrando perto de mim.
Sinto minhas mãos amarradas e minha boca amordaçada. Agora, eu vejo outro grupo de piratas, mas esse parece mais assustador.

- Que bela surpresa - O capitão deles está rindo.

Não sei a quantas semanas estou presa, fui sequestrada a algum tempo, quando eles caçavam peixes, decidiram não me soltar e meu inferno começou, não vejo o mar a muitos dias, o suficiente para me deixar desidratada.
Esse capitão é diferente, mais jovem, está agachado na minha frente, segurando meu rosto para ver bem de perto, isso assusta.
Mesmo que eu tente me soltar, ele segura mais forte, começando a machucar. A única coisa que posso fazer, é ficar quieta e esperar que diga algo, ou faça algo.
Ele tirou a mordaça da minha boca.

Song of the Seven SeasOnde histórias criam vida. Descubra agora