Song of the Seven Seas

𝑫𝒆𝒔𝒑𝒆𝒅𝒊𝒅𝒂

Maximilian

O mar não era como eu me lembrava, agora tudo parece calmo e tranquilo, nem mesmo parece ter tempestades me perseguindo ou embarcações inimigas... Está tudo calmo, e afinal, eu estou com uma boa companhia.

- O seu pai deve estar muito bravo comigo... Mas não é minha culpa, eu preciso fazer isso - Suspirei, resmunguei quando senti chutar - Ele não me deu outra escolha...

Foi difícil tomar uma decisão, eu não queria ter tomado justo essa de sair escondida e navegar sozinha. Mas Axion não me deu opção alguma, então precisei fazer isso.
Ainda me lembro de como me chamou desesperado...

'''Flashback'''

Levantei assim que o sol nasceu, não esperei que meu marido acordasse ou que Dana viesse nos chamar para tomar café. Apenas peguei uma bolsa e coloquei roupas lá dentro, também algumas frutas.

- Me desculpe... - Sussurrei olhando Axion.

Beijei a testa dele e me afastei rapidamente, peguei o mapa e saí de casa, tentando andar o mais rápido que eu consigo.
O dia mal começou, a vila está quieta e com pouca movimentação, isso muda quando chego a praia, já que vejo pescadores entrando e saindo do mar.

- Bom dia, senhorita - Sorriram para mim.

- Eu preciso de um barco, por favor...

- Um barco? Irá navegar sozinha?

- Sim, isso mesmo. Agora, o barco por favor - O olhei, mostrei uma bolsa com moedas de dareen.

- Claro...

Ele pegou a bolsa, logo colocou o barco na água e me ajudou a embarcar.

- A senhorita tem certeza disso?

- Eu tenho, muito obrigada pela ajuda.

Ele apenas concordou e se afastou, preparei o barco enquanto ele se afastava na costa.

- Maximilian! Volte! Maximilian! - Meu corpo inteiro gelou ao ouvir isso.

Eu não preciso olhar para trás para saber quem estaria me gritando, a voz desesperada e a beira de um choro de raiva me assustam, mas não me impede  de continuar a navegar. Axion não chegaria até mim nem se nadasse mais rápido.
Tudo o que fiz foi continuar arrumando todo o barco, inclusive o mapa.

'''Fim do flashback'''

Agora completa um dia que estou navegando, comi algumas das frutas que eu trouxe, me deitei em uma rede quando senti meu corpo cansado, mas ainda prestei atenção no mar... Sem sinais de ameaças.

- Está tudo bem... - Acariciei a barriga, quieta - Falta pouco para chegarmos, apenas algumas horas e estaremos em terra. Pegaremos a erva e tudo ficará bem logo.

Suspirei fechando os olhos, estou cansada, exausta, acredito que será difícil parir esse bebê, ele parece ser enorme! Ao menos o peso indica isso.

- Eu estou fazendo isso...- Me ajeitei na rede - Porque amo a sua tia Linett, ela quer te ensinar muitas coisas e eu quero ver você aprendendo com ela.

Acariciei minha barriga sorrindo fracamente, meu filho se mexeu, mas não muito, é como se concordasse com o que eu falo.

- Agora você precisa ficar quieto, para que eu possa descansar - Fechei os olhos, me aconchegando na rede.

◇◇◇◇

Acordei de repente sentindo o barco balançar, a água está agitada, mas não com barcos, parece ser um monstro... As gaivotas voam na direção contrária a minha, as ondas estão se elevando pouco a pouco, seja o que for, é grande.
Me mantive imóvel, apenas me apoiei na borda enquanto olhava a água.
Uma criatura está passando por baixo do barco...
Essa coisa é de um tom de azul absurdamente escuro, não consigo decifrar sua espécie, só sei que meu corpo paralisou e um arrepio me invadiu inteira, como pode existir uma coisa assim?
Respirei fundo quando ouvi ele resmungar de dor, meus ouvidos quase explodiram! A coisa saiu da água em um movimento, consigo perceber que está cego, se movimenta descontroladamente sem saber onde está, as lanças presas ao corpo dele me fazem pensar na mudança de rota, ou logo encontrarei com piratas. As ondas que a criatura fez me lançaram na direção certa, cada vez mais longe.
Toquei a água quando vi ela começar a ganhar a cor vermelha. Essa criatura está sofrendo sem nem mesmo poder se defender, deve ter sido atacada sem motivo aparente...
Cantarolei baixo, a olhando nadar em círculos, está desesperada. Minha voz ecoou na imensidão da água e a alcançou, cantei com esperança de acalmar os urros de dor da criatura, ela começou a nadar cada vez mais devagar, até parar e ficar quieta, apenas me ouvindo, os urros pareciam mais respirações desamparadas de alguém inofensivo.