V - Aproximação

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Sett não conseguiu fazer o convite a Aphelios. Após o intervalo, não teve oportunidade de conversar sem ser cortado, e logo as chances acabaram quando as aulas não coincidiram mais no turno da tarde. Então, após ajudar a diretora Yuumi a organizar algumas muitas papeladas e preencher algumas planilhas para cumprir com o acordo, Sett enfim foi embora.

Ao saber que sua mãe já preparava o jantar para seis pessoas, sendo os estômagos de Sett e mais duas outras pessoas normais, resolveu convidar Soraka para evitar o desperdício de comida.

Lisi não gostou do filho não ter convidado o rapaz que incomodou, mas não se importou de ser a Soraka ali, visto que adorava a vastaya que parecia ser tão boa influência a Sett. Sabia que não seria nenhum tipo de abuso se pedisse para ela cuidar do filho, visto que já fazia isso naturalmente.

Após lavarem a louça do jantar, Sett e Soraka assistiram alguns reels juntos de gatinhos e cachorrinhos, e entre um vídeo e outro, apareceu uma edição de uma pintura de uma paisagem noturna. A Lua minguante parecia a tatuagem de Aphelios, mesmo que de cor diferente.

— Como ele era mais novo? — Sett perguntou virando-se a Soraka, que o olhou sabendo de quem se tratava.

— Um garoto quieto, mas gentil. De poucos sorrisos, mas de muita sinceridade. — Soraka disse pensativa e Sett percebeu que as palavras de Diana também assombravam os pensamentos dela.

— Ele nunca falou?

Soraka olhou Sett nos olhos por algum momento, tentando se lembrar.

— Sabe quando você fala tão baixo que não sai nem a cor da sua voz? Eram sussurros tão baixos quanto silenciosos. Não me lembro nem do timbre que usava.

— Você sabe que ele não fala absolutamente nada, né?

— Sim, já foi assunto com os presidentes de classe. Fomos orientados por Braum a tentar instigá-lo a dialogar.

Sett abaixou os olhos.

— Por que, mano? O que leva alguém a se calar desse jeito?

Soraka apertou os próprios dedos, incomodada.

— Sett, quando eu o vi pela primeira vez... eu senti algo muito forte. — Sett não teve tempo para assimilar aquela frase. — Havia uma energia tão pesada e tão ruim à sua volta que me assustava, principalmente porque não vinha dele.

Aquilo deixou Sett muito desconfortável.

— Como assim?

Soraka engoliu em seco, transitando o olhar em alguns pontos diferentes da sala. Ela parecia muito reflexiva e cuidadosa, como se temesse dizer algo muito errado e julgar algo sem ter certeza. Aquela tensão alcançava Sett e o envolvia. O interesse em Aphelios crescia e se transformava a cada dia.

— Sett, eu não sei. — ela suspirou. — É muito complicado, são só teorias sem fundamentos, e eu não gosto de me basear no achismo.

— Soraka. — ter seu nome chamado por Sett a fez levantar os olhos. — O que você sentiu quando o viu?

A vastaya levantou os olhos expressivos para Sett, que a percebeu arrepiar.

— ... Medo.

Por mais que tivesse tirado o sono de Sett, aquilo não foi o suficiente para fazê-lo desistir. Parecia que quanto mais mistério havia, mais se sentia obstinado em desvendar.

Naquela manhã, Sett não perdeu tempo e assim que seus olhos se encontraram com a pele pálida e tatuada, se aproximou no mesmo instante.

— Bom dia, luazinha. — Sett disse em um sorriso no mínimo encantador, na opinião de Rell que o assistia entretida. O ruivo se apoiou na mesa de Aphelios, que já abria o livro para começar sua leitura. — Cê tá bem?

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