X - Algo além do seu querer

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Yuumi se espreguiçou no livro para começar a voar para fora da sala sob a atenção de todos. Sett viu Aphelios fechar a porta assim que a diretora saiu e se levantou, decidido em segui-los, mas Yi já se adiantou:

— Senta, Settrigh.

— Vou bater um barro. — Sett disse desdenhoso fazendo alguns alunos rirem.

— Não vai não. Senta. 

— Cacete em... — Sett resmungou e colocou as mãos nos bolsos com frustração, mas como ele obedeceu, o professor decidiu ignorar:

— Sem mais delongas, vamos começar a aula.

E lá se foram muitos minutos da vida de Sett em uma aula irritantemente chata e desinteresse. O único lado bom disso, na opinião do ruivo, é que a voz calma de Yi era como uma canção de ninar que o levou ao sono, agora que se sentia mais tranquilo com o comparecimento de Aphelios na faculdade. Entretanto, o sono de Sett foi interrompido pela voz estridente de Vi em um comentário irrelevante e após se espreguiçar, as orelhas vastayesas reconheceram passos específicos no corredor. Seus instintos o induziram a sair com o pretexto de ir ao banheiro, mas a real intenção era de topar com Aphelios que vinha para a sala. E sorte ou não de ter acordado a tempo para a oportunidade, seu plano havia dado certo: saindo da sala conseguiu topar com o Lunari a poucos metros de distância, que o olhou surpreso.

— Ei. — Sett se sentiu meio constrangido, não só pelo ocorrido em sua casa, mas também pela fala anterior da diretora, sobre Aphelios não gostar dele. Mas por mais que a atitude de insistência não fosse algo que o orgulhasse, Settrigh simplesmente não conseguia evitar. Aphelios era intrigante, misterioso, interessante e envolvente, parecia perigoso, sentia sim seus instintos o alertarem quando estava na presença dele após o ocorrido, mas não dava para deixá-lo de lado. Havia algo naqueles olhos, naquele cara, naquela existência que deixava Sett viciado sem nem ao menos tê-lo provado.

Para a sincera surpresa de Sett, Aphelios não o ignorou, ele apenas parou de se aproximar e acenou levemente com a cabeça como um cumprimento, desviando o olhar e segurando o braço timidamente. Ele parecia não só culpado, como também constrangido, certamente não queria conversar sobre o ocorrido, mas com certeza se sentia na responsabilidade de responder suas dúvidas. Mas Sett escolheu jogar limpo. Dessa vez estava decidido em não passar dos limites, havia algo que o dizia para não o fazer. Aphelios parecia escorregadio demais para ser apertado mais do que já fazia.

— Só queria saber se cê tá bem. — Sett disse em um tom suave, surpreendendo o moreno que voltou seus olhos escuros para o ruivo. 

"Eu não tenho o direito de fazê-lo se preocupar comigo." Os sinais saíram meio trêmulos, mostrando como Aphelios parecia nervoso quando o respondeu. Talvez a culpa que sentisse fosse maior do que Sett havia notado.

O meio-vastaya se aproximou com calma e lentamente, como se aproximasse de um gatinho indefeso e arisco. Aphelios apenas levantou a cabeça para olhá-lo, mesmo que ainda existisse constrangimento. Estando em sua frente, Sett ousou levantar a mão em sua direção, e como não houve recusa, os dedos quentes tocaram os fios negros para aquieta-los atrás da orelha, e a forma como os olhos dele brilharam sob seu reflexo fez algo dentro do seu peito derreter.

— Não pensa assim. — Sett disse com carinho na voz, deslizando o dedo suavemente por trás da orelha que se aquecia gradativamente, para então impedir que Aphelios abaixasse o rosto, segurando o seu queixo com delicadeza. — Independente do que acontecer, eu vou ficar preocupado contigo.

Aphelios encolheu os ombros. "Eu não mereço isso.", disse em libras com os dedos trêmulos, como se tivesse dificuldade em respondê-lo.

— Cara, não pensa assim. — a doçura que Sett tinha naquele momento fez as bochechas de Aphelios corarem, e o meio-vastaya particularmente o achou adoravelmente lindo por isso. — Não diminui sua importância pra mim.

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