Atormentado

II - Ódio e tesão

Sett mal esperou o término da aula para se dirigir à carteira de Aphelios, onde apoiou sua mão, aproximando-se do colega de classe.

— Aí, menino lua. — o meio-vastaya o chamou em um tom convencido, mas todo o seu ânimo se esvaiu quando assistiu Aphelios guardar seus materiais em sua mochila preta e se levantar. E como se não fosse nada, o rapaz passou por si, o ignorando completamente.

Aquela cena fez todos os outros alunos da sala paralisarem. Ninguém ignora Sett. E como confirmação, o rosto do ruivo avermelhou em raiva. Uma coisa era charminho e fazer cu doce, outra era ignorá-lo como se não existisse.

Reagiu agarrando o pulso de Aphelios, que parou seus passos no mesmo instante, e disse com arrogância:

— Não te ensinaram a nunca ignorar o Chefe?

Sett assistiu Aphelios finalmente destiná-lo sua atenção, movendo vagarosamente a cabeça para olhá-lo de soslaio.

Indiferença.

As obsidianas opacas o olhavam com desinteresse, e aquele era um sentimento completamente novo para Settrigh, alguém que nunca levou um fora, ou muito menos fora menosprezado. Ninguém nunca havia provocado aquele sentimento de inferioridade em seu consciente, então porque aquele emo era capaz disso, sem nenhuma palavra?

O pulso de Aphelios girou sob seu aperto, e em um puxão, seus dedos cederam libertando a mão do rapaz que se virou de frente. Mas agora no lugar de indiferença, Sett via uma irritação. Certamente era a primeira vez que havia um valentão em seu encalço.

Aphelios semicerrou os olhos em um visível pedido de esclarecimento imediato daquela encheção de saco. Afinal, sua quietude não dizia respeito sobre sua paciência.

— Quanto mais você me ignorar, mais eu vou te infernizar, não entendeu ainda? — Sett disse irritado, provocando o mesmo sentimento em Aphelios, que levantou o canto do lábio em uma micro expressão de nojo.

"Vai se ferrar." os lábios se mexeram, e só Deus sabe como aquilo dividiu Sett ao meio.

Ódio e tesão.

Sentimentos distintos que estranhamente se interligavam ao ler aqueles lábios desenhados o difamando. Queria beijá-los ou socá-los? Se perguntava. Talvez a segunda opção sobressaísse, visto como Sett investiu o seu corpo sobre o do Lunari, agarrando-o pela gola e o levando ao chão. As costas bateram contra o piso, e mesmo que os materiais em sua mochila tenham o machucado ao cair sobre eles, Aphelios não deu brecha para Sett acertá-lo um soco. O moreno reagiu rápido desviando o trajeto do punho do meio-vastaya com o seu braço, e aproveitando a alavanca da força do seu corpo, direcionou um soco na mandíbula do ruivo, que sequer se moveu com o golpe, por mais forte que tenha sido.

Contornando a briga, os demais alunos assistiam a desavença com a grande maioria gravando-a nos celulares, enquanto alguns poucos pediam para o vastayês parar.

Sett diferiu outro soco, e não sendo capaz de desviar ou impedir o impacto, Aphelios acomodou sua bochecha em um ângulo onde o estrago fosse menor. Ação minúscula essa que não passou despercebido dos olhos dourados afiados. Ao mesmo tempo em que a mão pesada afundava na pouca carne do seu rosto, o moreno socou o estômago de Settrigh, que por mais musculado o seu abdômen fosse, sentiu o impacto no órgão, visto a precisão do golpe. Mas apesar de reclamar da dor, Sett sorriu, empolgado.

Os pêlos arrepiavam pela dor que queimou seus nervos, e com excitação diferiu outro soco em Aphelios, que dessa vez defendeu com os antebraços. Foi uma defesa de uma série de cinco socos até que fosse capaz de perceber uma pequena brecha para contra atacar. Aphelios segurou o pé da mesa ao seu lado e a puxou para derrubá-la em cima de Sett, que foi obrigado a se defender, defesa essa que abriu outra oportunidade para o moreno, que chutou o pescoço desprotegido de Sett, o derrubando.