VIII - Medo

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Lisi colocava os pratos decorados e os talheres delicados em cima da longa mesa de vidro junto ao convidado que repetia a organização, enquanto o filho servia as taças de vinho. Após a ceia posta, Sett vestiu as luvas florida de proteção térmica da mãe e carregou a travessa de vidro com a lasanha quente até a mesa, onde a deixou com cuidado. O cheiro do tempero dava água na boca, e ver Aphelios aspirando o cheiro com deleite agradava muito a cozinheira.

— Um brinde? — Lisi sugeriu sorridente ao sentar e erguer sua taça.

Sett e Aphelios fizeram o mesmo.

— Que o Aphelios endireite meu filho!

Os dois rapazes ficaram surpresos.

— O quê?! Desde quando eu preciso ser endireitado?

— Olha pra cara de vocês, Sett. Cê acha mesmo que se estivesse na linha estariam desse jeito?

Aphelios gostou da observação de Lisi.

— Ah mammys, é só o meu jeito, o Phelios sabe que não foi por mal!

Aphelios levantou a sobrancelha com aquele apelido e descansou a taça na mesa para respondê-lo:

— "De onde você tirou esse apelido ridículo?" — o celular de Aphelios reproduziu.

— Olha que menino mal criado, fica chamando os outros de qualquer coisa que vem na cabeça! Sua mãe não te deu educação não? — Lisi fingiu estar brava, fazendo Sett emburrar.

— Ah mãe—

— Mãe não.

— Mammys. — Sett corrigiu. Lisi nunca gostou dele a chamando de mãe. — Já não basta cê ficar enchendo o saco da Chifruda?

— Settrigh! — Sett encolheu as orelhas ao ouvir o seu nome. — Olha esse seu comportamento! Tenho certeza de que o Aphelios é um rapaz muito educado, então para de mostrar a ele que você não é. — Sett fez bico, fazendo Lisi rir. — Tô brincando docinho, apesar de não estar mentindo.

— Engraçadinha.

Aphelios observava entretido os dois dialogarem, e pela primeira vez, Sett foi capaz de enxergar divertimento naquele rosto.

O vastayês achava que aquele convidado era uma incógnita, mas o pouco tempo que passaram juntos levava o ruivo a desvendar o seu valor. Não que fosse bom em matemática, pelo contrário, a única que aplicava no dia a dia era calcular a quantidade de adversários que devia derrubar pra conseguir grana o suficiente para suprir seus caprichos, mas a questão era que Settrigh passou a compreender que Aphelios Lunari não era alguém desinteressado a sua volta, parecia mais como um mecanismo de defesa, afinal, havia presenciado o tão devastado ele havia ficado quando fora rejeitado pela Rajada e por ter assustado Lisi. Sabia que nada daquilo era algo que ele queria.

Enquanto refletia, Sett observava de soslaio Aphelios que ouvia Lisi contar sobre como Soraka passava aperto com as decisões de Sett desde que ela havia mudado para a vizinhança. E se Aphelios realmente não desejasse seguir esse voto de silêncio? Ele parecia tão entretido no diálogo que construía com Lisi, que Sett ousou achar que no fundo ele gostaria de retribuir a empolgação dela. Settrigh arregalou os olhos de leve. Talvez houvesse algo que proibisse Aphelios de falar?

— Mas então, mocinho, já pode ir me dizendo. — Lisi voltou a erguer as taças. — Você tem algum desejo pra gente?

— Mammys, você sabe que isso é um brinde, e não um desejo de aniversário, né?

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