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         Ucker tinha uma reunião fora das Indústrias Uckermann, e combinamos de nos encontrarmos mais tarde. Despedi-me da Lisa e fui para casa, tomei banho e fui até a cobertura dele, sentindo uma leve ansiedade tomar conta de mim. Encontrei Ucker no closet escolhendo uma roupa, pelo visto, ele sairia.

         — Oi.— disse e dei um beijo nele.

          — Ia mesmo te ligar.

          — Ah é? E posso saber por quê?— Ele entrelaçou as mãos na minha cintura e mordiscou minha orelha.

         — Pode, sim, vamos sair para jantar. Vá se trocar, eu a espero aqui.— Duas sensações me invadiram. Uma, de alívio por ele ter me convidado para sair; a outra, de desespero por imaginar que meu pai ficaria sabendo do nosso relacionamento. Fernando Espinosa ainda estava digerindo a história da foto, imagina se surgisse mais alguma coisa na internet?

         — O que foi Dulce?

         — Meu pai, Ucker, você sabe que...— Ele me interrompeu, colocando os dedos na minha boca.

       — Você é maior de idade, dona das próprias vontades. Ele vai ter que entender.— Eu estava adiando essa conversa durante a semana toda, mas hoje não tinha como escapar.

        — Não quero contrariá-lo.— Ucker soltou o ar com força e pareceu irritado.

       — Pode parecer cruel o que vou te falar, mas terá que decidir logo se vai ser a minha mulher ou a filhinha que faz tudo que o pai manda. As duas coisas, não vai dar.

      As palavras do Ucker me tocaram profundamente, por mais que nosso relacionamento não tivesse sido rotulado, essa não era a primeira vez que ele me chamava de sua mulher. Gosto tanto dessa possessividade, mais do que posso explicar. Eu me sinto a mulher dele. Mas também sou a filha de Fernando Espinosa, e teria que tentar resolver essa situação o quanto antes. Justo agora que eu e o Ucker estávamos nos entendendo o meu pai enlouquece.

        — Desculpe, Dulce, não quis magoá-la, eu sei exatamente o que está passando.— O jeito carinhoso com que ele falou me fez esquecer as palavras duras de alguns minutos atrás.

        — Você tem razão, Ucker, tenho que resolver as coisas com o meu pai.— Ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

        — Vamos ficar em casa, não tem problema.— Ucker disse, e pensei por alguns segundos. Ele era bicho solto, acostumado a sair todos os finais de semana com seus amigos. Se ficássemos demais em casa, logo ele enjoaria de mim.

       — Podemos ir naquele bar de rock que me levou algumas semanas atrás, eu gostei. E, com certeza, não terá fotógrafos por lá.— Ele sorriu e me beijou.

           — Podemos, sim, ótima ideia.— Ufa, pelo menos por hoje, as coisas estavam resolvidas.

          Troquei de roupa e saímos. Em poucos minutos, já estávamos entrando no bar de rock antigo. Bebemos cerveja, dançamos. Era fácil conviver com o Ucker, eu me sentia leve e feliz, até sair do banheiro e dar de cara com a Ellen.

           — Dulce?— Perguntou assustada, e eu também estranhei a presença dela ali.

          — Oi.— Disse e dei um beijo em seu rosto, tentando fazer parecer que as coisas estavam normais entre nós.

          — Oi, que surpresa te ver aqui.— Disse e se afastou.

          — Pois é.— Ash apareceu no meu campo de visão e só então entendi. Ucker e ele eram amigos e deveriam frenquentar os mesmos lugares. E, com certeza, Ucker não sabia que eles estariam aqui ou jamais teríamos vindo.

          — Você demorou, gata.— Ele disse, abraçando Ellen por trás.

         — Estou conversando com a Dulce, lembra dela?— Ash mordeu a orelha da minha amiga, e nossos olhares se cruzaram.

         — E como esquecer a garota que fisgou Christopher Uckermann?— Puxei uma grande lufada de ar e dei um sorriso amarelo. Ellen ficou com os olhos fixos em mim, e Ucker apareceu para completar o meu desespero.

         — Ash, Ellen.— Ucker disse e deu um tapinha nas costas do amigo. Ellen sorriu, mas era nítido o quanto estava incomodada. Percebeu que eu estava com Uckermann e não gostou. Por outro lado, ela sabia que não tinha o direito de cobrar nada, pois estava com o amigo dele e seria bizarro questionar alguma coisa. Voltamos para a área com mesas de sinuca e jogamos algumas partidas. Ash era engraçado e monopolizava nossa atenção com brincadeiras e coisas engraçadas. Se não fosse o desconforto da minha amiga, com certeza, a noite teria sido perfeita. Ela não disse nada, mas eu a conhecia há bastante tempo e sabia que as coisas não seriam mais como antes.

        Chegamos em casa de madrugada e, por mais que estivesse cansada, me obriguei a dormir com o pau do Ucker dentro de mim. O meu monstro sexual jamais ficava satisfeito.

          — Acorda, dorminhoca, estamos atrasados.— Abri um olho só.

          — Atrasados para quê?

          — Surpresa, tome um banho e coloque uma roupa. Espero você no meu escritório.— Outra coisa interessante sobre o Ucker é que nos últimos dias, nos intervalos das nossas transas intensas, ele sempre dava um jeito de se enfiar no escritório e trabalhar. E eu estava gostando muito desse lado responsável. No fundo, Ucker amava o mundo corporativo tanto quanto eu e, aos poucos, estava se dando conta disso. Tomei banho e fui até o meu apartamento trocar de roupa. E, durante todo caminho, ele fez suspense sobre o que nós dois faríamos na manhã ensolarada de domingo. Só fui me dar conta quando chegamos em uma área afastada de Nova York

       — Você está de brincadeira comigo?— Falei, sentindo uma adrenalina correndo solta pelo meu corpo.

        — Sempre faço isso aos domingos, pode só olhar se não tiver coragem de saltar.— Estávamos em nada mais nada menos que um campo de paraquedismo. E as palavras dele foram uma clara provocação.  

          — Eu quero saltar.— Afirmei decidida, e ele tirou os olhos da direção e me olhou com ar divertido.

        — Não precisa fazer se não quiser.— Sorri maliciosa e coloquei minha mão em cima do pau dele. Ucker olhou para o meio das suas pernas, depois para o galpão onde ficavam os aviões e, finalmente, seus olhos estavam em mim.

          — Eu quero saltar, e o quero depois que pisar em terra firme. Será minha recompensa por ter sido tão corajosa.— Ucker deu uma gargalhada.

        — Criei um monstrinho que só pensa em sexo.— Nós dois rimos, e ele estacionou o carro. Ucker me apresentou aos instrutores de paraquedismo e, durante a hora seguinte, eles me explicaram como seria o salto e o que eu deveria fazer. Como nunca havia feito isso na vida, decidi que faria um salto duplo com o Ucker, ele tinha mais experiência que eu e me sentiria mais confiante.

 Como nunca havia feito isso na vida, decidi que faria um salto duplo com o Ucker, ele tinha mais experiência que eu e me sentiria mais confiante

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The CEO who loved me (adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora