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     — Dulce, esse é o senhor Richard Cooper, nosso novo diretor comercial.— Lisa falou, e eu fiquei apenas rindo por dentro. O homem parecia ter saído de uma capa de revista. E uma ideia maléfica passou feito um raio pela minha cabeça.

     — Boa tarde, senhorita Saviñón.

     — Boa tarde, senhor Cooper.

     — Pode me chamar de Richard.— Sorri e bati aquele raio X no gato. Richard estava usando um terno todo preto, a roupa escura dava um destaque especial nos olhos castanhos esverdeados. Ele tinha um olhar intenso e misterioso e os cabelos milimetricamente penteados para trás.

    — Ah, claro, seja bem-vindo, Richard.— Nos sentamos, Lisa se retirou, e ele falou sobre seus trabalhos anteriores. Fiquei impressionada com o seu currículo, na verdade, ele não fora contratado como funcionário, e sim prestaria uma espécie de consultoria em nossos bancos. Por isso, Lisa se assustou com o salário astronômico. Para todo caso, os funcionários deveriam pensar que ele era o novo diretor comercial, pois ele cuidaria pessoalmente de casos importante e suspeitas de desvio de dinheiro no banco da nossa família. Por esse motivo, precisava da confiança de todos e trabalharia como se fosse um funcionário da empresa.

       — E quando posso começar?— Ele perguntou depois de quase uma hora de conversa. Olhei para  o relógio e me dei conta de que já estava na hora de subir até as Indústrias Uckermann's para a reunião agendada.

      — Se importa de nos acompanhar em uma reunião importante dentro de alguns minutos? 

     — Estou aqui para isso.— Disse charmoso e solícito, outra coisa que não passou despercebida foi o perfume. Deus do céu, que homem cheiroso.

    Nos levantamos e caminhamos até a mesa da Lisa, peguei alguns documentos importantes e caminhamos até os elevadores. Enquanto ele falava sobre seus planos de consultoria, eu só conseguia imaginar a cara que o Ucker faria ao ver minha nova contratação.  

     Já que ele queria andar com a advogada à tiracolo, eu poderia fazer o mesmo com o meu "diretor comercial", e não me julguem por isso, ficar chorando por homem nunca foi a minha praia e seria o meu fim se começasse a me desesperar pelo Ucker.

    Era a primeira vez que eu pisava nas Indústrias Uckermann's e a impressão não poderia ser melhor, tudo era impecavelmente organizado e limpo, sem contar as imponentes colunas de mármore que iam do chão ao teto. A secretária do Ucker era simpática e aparentava ter uns quarenta anos, nos guiou para a sala de reuniões, onde alguns executivos já nos aguardavam.

      Fiquei próxima às janelas, conversando com Richard e, minutos depois, Ucker apareceu com a tal Natalia. Nem preciso dizer que meu sangue ferveu, e o ciúme rugiu alto dentro de mim.

      — Boa tarde a todos.— Ucker disse e passou os olhos pela sala até pararem em mim.  

    Caminhei e me sentei na cadeira que Richard puxou. Eu não precisava ser uma expert para perceber que Ucker não gostou do gesto educado. Ótimo!

     — Não sei se todos estão cientes, mas meu pai e Fernando Espinosa estavam engajados nesse projeto, e agora daremos continuidade.— Ucker deu início à reunião, e discutimos pontos importantes de um empréstimo milionário que nosso banco faria para que as Indústrias Uckermann's tocassem um projeto novo e extraordinário. Só não entendi por que diabos eles precisavam de empréstimo se eram tão ricos. No mínimo, meu pai tinha feito algum tipo de sociedade e essa foi a forma de contribuir. Entretanto, meu trabalho ali não era questionar, e sim dar andamento nas negociações, e foi o que fiz com maestria.

      — A próxima reunião ficará agendada para a semana que vem, vamos ler e discutir o contrato antes de assinar.— Natalia Montes disse cheia de si enquanto metade da sala babava nela.

The CEO who loved me (adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora