*39º Capítulo*

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"E porque razão me dirias tal coisa?" indagou ainda mais confuso.

"Porq-"

"Fodasse, eu não quero saber." disse e juntou os nossos lábios, com brutidão.

Ew! Eu estou a beijar o meu maior inimigo, outra vez. E porque é que estou terrivelmente feliz?

39º Capítulo

"Tu és uma criatura muito estranha." sussurrei com os meus lábios colados aos seus, enquanto sentia o calor proveniente do seu corpo atlético e escultural a embater contra o meu.

"Tu é que estudas Artes e eu é que sou estranho?" sorriu levemente enquanto permanecia com a sua boca a uma mínima distância da minha.

"Eu não sou estranha, sou apenas uma pessoa fora do comum. Bem, eu sou uma Artista!" contraditei, enquanto trincava levemente o meu lábio inferior e colocava as palmas das minhas mãos sobre os seus ombros, de forma a afastá-lo. Desnecessário será dizer que não consegui obter grandes resultados com isso.

"Hum... Hum..." murmurou irónico, aproximando-se, quase invisivelmente, do meu corpo assustado pela intimidade em demasia com uma pessoa do sexo oposto, que por um simples e mero acaso, é o meu maior inimigo.

"Eu odeio-te." afirmei, pela milésima vez, ainda fisicamente perto dos seus lábios carnudos com uma cor claramente incomum, a junção de um vermelho vivo com tons claros de rosa... Uma junção... hum... deveras... bonita?

"Eu odeio-te." repetiu as mesmas palavras proferidas por mim anteriormente, aproximando brutalmente as nossas faces, fazendo-me capaz de sentir a sua respiração quente poucos milímetros acima do canto da minha boca possuidora de uns lábios secos e totalmente sem vida.

Começo a temer o sentido destas palavras. Por breves e curtos momentos, esta simples frase parece adoptar um significado totalmente diferente daquele que é visivelmente expresso pela mesma. Talvez seja um motivo para me assustar?

"Que momento constrangedor." clareei a garganta, recebendo um olhar estranho e envergonhado pela parte do Harry. Este afastou-se de mim, numa fracção de segundos, com uma brutidão absurda.

"É... hum... Sabes, eu só... hum... Deixei-me levar por este sentimento de pena que nutro por ti e, bem... hum... Deu nisto..." comentou, e fui capaz de sentir a enorme força que eu própria exercia sobre a minha mão, fruto das suas palavras totalmente idiotas. Por instantes, olhei para a palma da minha mão e, incrivelmente, esta era portadora de um amarelo bastante pálido em torno das marcas deixadas pelas minhas pequenas unhas.

"Tudo pela distância do Harry. Tudo pela distância do Harry!" suspirei num sussurro de modo a acalmar a enorme vontade que sentia em terminar com a raça daquele ser vivo.

[...]

Se eu estou em pânico, neste preciso momento? Totalmente.

Acho que uma explicação extensa e deveras demorada não será necessária, uma vez que me o Harry, sozinha, no seu carro, rumo à maldita escola. Acho que esta informação é o suficiente para que seja possível a fácil compreensão sobre a origem deste enorme receio que atravessa o meu corpo agitado. E de quem é que será a culpa para que tal barbaridade acontecesse? Não, é óbvio que esta ideia genial não pertencia à minha querida progenitora!

"Harry, por favor. Eu ainda não vivi metade do que planeei para minha vida." revelei entre suspiros aflitos que teimavam em escapar-se por entre os meus lábios. "Tem alguma misericórdia, por favor!" Pedi, enquanto colocava o cinto que me era disponibilizado no banco perto do condutor, do seu carro do qual não atentei na marca.

"O Artista" - {h. s.} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora