*13º Capítulo*

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Capítulo anterior

Corri em direção a uma prateleira, onde guardo folhas soltas. Peguei numa caneta e escrevi tudo o que quis, tudo o que eu precisei, tudo o que sentia, tudo o que eu consegui.

Sim, fiz tudo isso, mas parei quando ouvi uma batida forte na porta do cubículo, seguida da voz fina e estridente da minha mãe.

“Rachel, abre a porta. Tens uma visita”

13º Capítulo

Uma visita? Mas quem será? Que eu saiba, não tenho muitos amigos... Bolas, eu nem amigos tenho!

Levantei-me da velha cadeira de madeira e, a medo, falei com a minha mãe que ainda se encontrava do outro lado do cubículo.

"Quem é?" Perguntei receosa enquanto esperava a resposta vinda do outro lado ansiosamente.

"Abre e saberás..." Respondeu a minha mãe, e pude imaginar um sorriso pequeno a aparecer no canto esquerdo da sua boca.

"Bolas mãe!" Resmunguei baixinho no intuito de que ela não me ouvisse, porém falhei desastrosamente.

"Rachel Marie Benson, espero que não te tenhas esquecido que o meu sentido mais apurado é a audição" Retorquiu a minha mãe finalizando com uma suave gargalhada. "Passas todo o tempo que tens livre enfiada nesse maldito cubículo... Podias ao menos fazer-me a vontade. Acredita, é para o teu próprio bem... É importante para o teu futuro..." Finalizou baixinho, como se não estivesse muito contente com quem estivesse lá fora, mas de uma maneira que parecia totalmente o contrário.

Talvez fosse apenas uma maneira de me expulsar do meu "amado mundo"... Talvez a minha mãe queira apenas passar algum tempo comigo... Talvez queira ouvir uma gargalhada minha, genuína e verdadeira, como à muito não ouvia... Talvez me queira abraçar tão apertadamente como me abraçava antes da perda de Darcy... Talvez queira... ESPERA? Ela disse que ia ser importante para o meu futuro?!

"Espera! O que é que estavas a dizer de ser importante para o meu futu..." Disse enquanto destrancava a porta, um pouco velha e enferrujada, do cubículo sem pensar duas vezes, mas a minha voz partiu-se a meio da frase e eu não fui capaz de apanhar a outra ponta, que neste momento já se havia perdido por entre os milhares de pensamentos que agora ocupavam a minha mente. 

A minha boca estava bastante aberta e os meus olhos estavam de tal forma dilatados que, por momentos, uma imagem da Sky apareceu em frente dos meus olhos. Acabei por os fechar e abanei a minha cabeça de um lado para o outro, como se não acreditasse em quem se encontrava à minha frente! 

Procurei por palavras mas estas fugiam mesmo antes de serem libertadas...

"Professor?" Pronunciei-me finalmente. Estava em estado de choque porque, afinal não é todos os dias que recebemos um professor em casa.

"Rachel" Ele disse enquanto sorria para mim. De todas as pessoas que eu imaginei, o meu professor de artes não era definitivamente uma delas.

As suas rastas, embora que um pouco pequenas, caiam-lhe até ao fim dos ombros. Nunca percebi o porquê, mas desde que tive a primeira aula com ele, passei a admirá-lo secretamente. Admirava-o por andar tão livre com a sua imagem e por não se importar nem um pouco com os olhares reprovadores que recebia de alguns professores e alunos. Admirava-o pelo seu estilo e as poucas tatuagens, embora estas tivessem quase sempre escondidas. Mas acho que o admirava, acima de tudo, pelo lugar que ocupava numa escola pública. Que isto não soe a discriminação, mas não é muito normal ver um professor com esta imagem numa escola como esta. 

"O Artista" - {h. s.} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora