*61° Capítulo*

151 23 1
                                    

Capítulo anterior

"Eu vou embora no início do mês de Janeiro." sussurrei, enquanto as incrivelmente grandes mãos de Harry seguravam o meu queixo de uma forma calma e protetora, logo após um beijo selvagem e quente. "É por isso que eu não aceito a porcaria da proposta."

"Eu sei." gargalhou suavemente enquanto beijava a minha bochecha. "Eu sei." repetiu, continuando a sua trilha de beijos até à linha do meu maxilar.

"Sabes?" indaguei verdadeiramente intrigada e curiosa.

"Considero-me um rapaz particularmente atento ao que me interessa." revelou, beijando o lóbulo da minha orelha, fazendo-me corar quase de imediato.

Senti arrepios invadirem-me mais uma vez neste gélida noite, porém, desta vez, não se ficaram a dever ao frio. Foi ele. Ele, ele e apenas ele.

O amor não é apenas um sentimento, é também uma arte.

Sentirei a sua falta.

61° Capítulo

T r ê s   m e s e s   d e p o i s

Estamos no mês de março. Já cheira a Primavera. As flores aparecem por todos os lados e os animais começam a despertar do seu sono profundo. Pelo menos é o que se afigura nas ruas de Florença, em Itália.

Já passaram três meses desde a minha última presença em Londres, desde a última vez que vi Harry. E muito se passou entretanto.

Viajei por tantos países, mais do que aqueles que eu alguma vez poderia viajar. Conheci tantas pessoas, mais do que aquelas que eu alguma vez poderia conhecer. Acho que se, por ventura, não me tivesse inscrito neste concurso, estaria a deprimir em casa e não teria nenhum futuro nas mãos.

Percebi que, por vezes, temos de nos sacrificar por algo para que sejamos recompensados com coisas ainda melhores. Experiências, oportunidades, conhecimento, memórias inesquecíveis.

"Rachel, estás preparada?" perguntou o meu professor de Artes, entrando na sala comum do edifício em que os participantes do concurso estavam hospedados, tirando-e assim dos meus devaneios.

As minhas mãos tremeram ligeiramente, e um suspiro desajeitado saiu pelos meus lábios.

"Eu não sei..." admiti, enquanto levantava o meu corpo preguiçoso do confortável sofá da divisão. "Eu realmente não sei." suspirei novamente.

Durante estes três meses longe de casa, onde as minhas fontes de inspiração presidiam, tive de encontrá-la em algum lugar. Era difícil, principalmente porque a minha maior fonte de inspiração estavam em Londres. Mas muitas vezes ia encontrá-la em sítios mais resguardados. O que, por vezes, não contribuía para o meu bem estar físico. Mas no fim valia a pena, valia sempre.

"Jean Pierre, mandou cumprimentos e desejos de boa sorte. Não o desiludas." gargalhou, ligeiramente.

Sorri. Sentia saudades de Jean Pierre, não tantas quanto sentia dele, mas sentia. Uma felicidade momentânea preencheu o meu coração. Jean Pierre não chegara nem a entrar no concurso, uma vez que nos 'treinos', que demoraram cerca de três meses, decidiu que queria viver em Lübeck, na Alemanha, temporariamente. Ele afirmou que se rendera à beleza da cidade, eu continuo a achar que ele se rendera aos olhos de Anne Margret.

"Estou tão nervosa. Eu não sei se quero continuar..." admiti em voz alta, recebendo um olhar do meu professor.

"Nunca te esqueças da razão porque estás aqui, Rachel. Chegaste tão longe... Não podes simplesmente desistir quando foste uma das dez pessoas que conseguiu chegar à final deste concurso. Dez pessoas, em cento e trinta e sete. Se chegaste aqui, é porque o mereceste!" começou, e eu sorri um pouco forçado.

"O Artista" - {h. s.} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora