*62º Capítulo* - Último Capítulo

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"Rachel!" o meu professor chamou por mim, entrando a correr pela pequena sala empoeirada. "Desculpem interromper, mas eles estão a chamar por ti!" disse, e agarrou em mim, colocando-me sobre o seu ombro, como um saco de batatas. Se ao menos todos os professores fossem assim!

"A proposta! A proposta continua de pé." correu até à porta, da qual eu já estava ligeiramente distante e sorriu. "E continuarei à espera da tua resposta, até que esta seja um sim!" gritou e eu sorri, por entre os solavancos que o meu corpo sofrera.

Ele gosta de mim como nunca ninguém gostou. Ele não desistiu de mim!

"Eu odeio-te, Harry! Odeio-te tanto!" gritei, antes de ser projetada para o centro do enorme palco de madeira.

62° Capítulo

"Rachel! Como é que estás?" uma voz estridente ecoou nos meus ouvidos.

"Eu estou bem." respondi serenamente, enquanto me encaminhava para a máquina eletrónica de letras luminosas e chamativas, para comprar uma garrafa de água.

"Este concurso foi uma fraude. Tu é que deverias ter ganho!" exclamou o meu pai exaltado.

"Não digas isso, pai!" adverti, suspirando pesadamente. "Ganhou, quem deveria ter ganho. E para ser honesta, prefiro assim." revelei, bebendo apressadamente o conteúdo daquela garrafa incolor. "Foi uma experiência inesquecível e, provavelmente, uma das melhores de toda a minha vida. Conheci tantas pessoas e descobri lugares tão magníficos, que a vitória é apenas um mero e insignificante pormenor." continuei, olhando-os com sinceridade.

"Mas ainda assim, tu foste a melhor. Não percebo como é que ficaste em quarto lugar!" resmungou o meu pai, e eu gargalhei abraçando-os em seguida.

"A vossa presença sim, foi a melhor vitória que eu alguma vez poderia ter alcançado. Muito obrigada por tudo!" garanti, depois de ter saído do abraço apertado que os meus progenitores me forneciam. Não existia nada melhor que um abraço em família, depois de tantos meses longe de casa.

"Só a nossa presença?" perguntou a minha mãe, com uma voz um tanto maliciosa.

Confusão preencheu a minha mente durante largos segundos, como se tudo não passasse de uma grande encruzilhada de pensamentos e de memórias sem nexo.

"Eu não estou a perce... Merda!" exclamei, colocando a minha mão sobre os meus lábios. O meu campo de visão havia sido preenchido, no momento em que eu ia expressar toda ambiguidade do meu pensamento, por um rosto tão familiar que me era capaz de tirar o fôlego.

"Podes ir celebrar a tua vitória... Eu e o teu pai vamos conhecer a cidade!" a minha mãe piscou-me o olho, e abandonou o lugar onde nos encontrávamos, em questão de segundos. Nem tempo tive para contrariar a sua decisão, quando ambas as silhuetas desapareceram pela larga porta de madeira.

Senti um perfume familiar invadir as minhas narinas, e no momento seguinte, tudo o que eu fiz, foi lançar os meus braços na sua direção. Sentir a sua pele por debaixo da sua camisola cinzenta, provocou em mim, constantes ondas de arrepios, e poder ouvir a sua respiração tão perto de mim, fez o meu corpo tremer. Mas, definitivamente, a melhor parte de tudo isto, era saber que nada disto era um sonho irreal. Ele estava aqui. Ele não me abandonara, quando eu o fizera com tão pouca compaixão.

"Desculpa!" sussurrei, com uma voz trémula. "Eu..."

Fui interrompida, quando os seus braços me levantaram e o contacto entre os nossos corpos foi quase extinto.

"Não digas nada, apenas vem comigo." ele respondeu com uma voz profunda e sedutora, enquanto me transportava para o exterior do edifício.

"Eu gostava de parecer um cavalheiro, mas primeiro, eu não sei para onde ir porque eu não conheço Itália, muito menos Florença, e segundo, eu iria ficar extremamente cansado de te carregar ao colo." ele admitiu, e eu soquei o seu ombro após ter ouvido o seu insulto. "Estou a brincar, eu já vi fotos de Florença na Internet!" ele gargalhou mais uma vez, fazendo-me rir com ele.

"O Artista" - {h. s.} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora