*60° Capítulo*

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As suas mãos entrelaçaram o meu pulso com uma pulseira castanha. Uma palavra central adornava o pequeno fio.

"Idiota!" sorri, enquanto lia o que estava inscrito nela. Na verdade, a palavra que lá estava era, de facto, idiota.

"Feliz Natal, Rachel." desejou Harry, ainda segurando o meu pulso.

"Feliz Natal, Harry." respondi, beijando-o em seguida.

Os seus braços rapidamente envolveram o meu tronco, e numa perfeita sincronia, os fogos de artifícios voaram em direção ao céu, iluminando a cidade de Londres com cores vivas e apaixonantes.

O Harry tem razão, este sítio é mágico.

*60° Capítulo*

"Harry!" chamei o seu nome, sentindo um nó gigante formar-se em volta do meu pescoço.

Eu estava com receio da sua reação futura, e isso era algo notório. Tinha medo de estragar todo este momento mágico, toda a felicidade que tomava conta do meu ser imaturo e inconsciente.

"Sim, Rachel?" respondeu, enquanto dirigia o seu olhar brilhante em direção ao meu, que perdia a sua luminosidade gradualmente.

"Eu... Preciso de te... contar... Algo." revelei com a pouca voz que ainda me restava.

"O quê?" respondeu, com calma e serenidade. Nenhuma emoção atravessava as suas íris verdes e brilhantes. "Está tudo bem?" perguntou, ainda sem demonstrar qualquer tipo de sentimento.

"Sim, acho eu." apressei-me a responder. As minhas mãos frias vagueavam pela tábua de madeira que suportava o nosso peso.  "É só que..." gaguejei, não terminando a frase que se dissipara pelo ar fresco de inverno.

Uma brisa inesperada chocou contra o meu corpo, fazendo-me fechar os olhos enquanto cada pequena parte do meu corpo reagia.

"Rachel." chamou a minha atenção, assim que a frase incompleta pairava no ar.

"Eu..." clareei a garganta, com o intuito de continuar o que planeara na minha cabeça, à alguns instantes atrás. "Aquela proposta que me fizeste em tua casa ainda está de pé, não é?" indaguei, sentido o seu o olhar sobre mim.

"Sim, ela está! Por mais que tenhas sido idiota comigo, ainda quero que aceites." revelou esperançoso, enquanto, finalmente, alguma felicidade atravessou o seu olhar.

Oh Meu Deus! O que é que eu vou fazer?

"Oh! Bem..." como raio é que vou dizer isto. "Quero que saibas... que a minha resposta à tua pergunta é... não!" finalizei, sentindo o meu coração contorcer-se em dor e desespero. "Desculpa, Harry. Eu não posso." desculpei-me, segurando a sua mão.

Ele nem ao menos tentou retirá-la do meu toque. O seu corpo imóvel e estático, não expressava qualquer tipo de reação. Por outro lado, sentia que a qualquer momento iria cair num choro intensivo e amargo.

O meu coração chora. O meu cérebro aplaude! 

"Porquê?" falou com uma voz partida. Por sinal, com a voz mais carregada de tristeza que eu alguma vez ouvira. "O que é que eu tenho? O que é que os outros têm que eu não te posso dar?" gaguejou com uma voz triste, não escondendo as lágrimas intensas que jorravam pelos seus olhos. Pára, Harry! Porque é que tem de doer tanto?

"Harry, tu és perfeito. Só acho que mereces alguém melhor que eu." falei sentindo a humidade percorrer toda a minha extensão do pescoço.

"Foi por causa do anel que não te dei? Pelo amor que não sentiste quando te beijava? Porquê?" a sua voz transmitia angústia e sofrimento. O contacto que havia entre nós, à muito havia acabado. A sua figura erguia-se no meio da escuridão, esguia e sofrida.

Mas porque é que eu sou uma idiota? É Natal, deveria ser uma época de alegria e confraternização. Porque é que eu tenho sempre de estragar a felicidade dos outros?

"Eu só não quero que estragues a tua vida por minha causa!" revelei, com arrepios constantes pelo meu corpo protegido pelas intensas camadas de roupa que me forneciam o calor necessário nesta álgida noite de Natal.

"Por favor, Rachel! Nós somos umas crianças em relação à vida." grunhiu desesperado, levando a mão até aos seus cabelos cacheados e visivelmente sedosos. "Diz-me a verdade. Diz-me! Porquê?" elevou o seu tom de voz, enquanto deixava transparecer todo a sua fúria e rancor que se escondia dentro do seu corpo.

De facto, eu não tinha uma explicação plausível para lhe fornecer. Porque raio eu não aceitara a proposta? Porque eu sou uma idiota! Essa é a verdadeira explicação, na verdade, a única que o meu coração se limita a considerar como realista.

"Tens alguém, não é?" pronunciou-se, com uma voz frágil e quebradiça, fazendo-me gargalhar um pouco forçosamente.

"De todos as hipóteses possíveis, essa Harry, não será, definitivamente, a verdadeira causa para que eu não aceite ser a tua 'Artista exclusiva'!" gargalhei novamente, com o pensamento de ter outro alguém na minha vida.

'Como se alguém sano fosse gostar de uma Rachel Marie Benson, protótipo do desastre e imperfeição.'

"Isso descansa-me." sorriu Harry, mudando de humor radicalmente. "E eu sou um pessoa sana! Pelo menos o suficiente para ter reparado em ti!" gargalhou. Oh merda! Eu falei aquilo em voz alta!

Olhei, num profundo e devastador silêncio, para a sua face com inegáveis caminhos outrora traçados pela fonte de lágrimas que brotavam dos seus olhos insanamente verdes e profundos. A sua cara perfeitamente demarcada por linhas subtis e robustas, faziam com que a minha atenção se dissipasse em questão de meros segundos.

"Beija-me, Harry." a minha boca demente pronunciou, assim que o meu olhar chocou contra o seu.

"Estava a ver que nunca mais pedias." gargalhou, amarrando o me corpo de forma austera e possessiva.

Como é que é possível um momento tão tenso como este mudar drasticamente, numa perfeita volta de 360º. Oh, sim. É possível, uma vez que eu e o Harry somos os protagonistas dessa circunstância.

"Eu vou embora no início do mês de Janeiro." sussurrei, enquanto as incrivelmente grandes mãos de Harry seguravam o meu queixo de uma forma calma e protetora, logo após um beijo selvagem e quente. "É por isso que eu não aceito a porcaria da proposta."

"Eu sei." gargalhou suavemente enquanto beijava a minha bochecha. "Eu sei." repetiu, continuando a sua trilha de beijos até à linha do meu maxilar.

"Sabes?" indaguei verdadeiramente intrigada e curiosa.

"Considero-me um rapaz particularmente atento ao que me interessa." revelou, beijando o lóbulo da minha orelha, fazendo-me corar quase de imediato.

Senti arrepios invadirem-me mais uma vez neste gélida noite, porém, desta vez, não se ficaram a dever ao frio. Foi ele. Ele, ele e apenas ele.

O amor não é apenas um sentimento, é também uma arte.

Sentirei a sua falta.

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Olá. Tudo bem? 

Sinto-me envergonhada, mais uma vez... 1 mês sem publicar. Nem eu própria acredito. Senti tantas saudades de escrever, mas, infelizmente não consegui fazê-lo. Percebo que estejam irritadas comigo, zangadas até, mas eu não consegui fazê-lo simplesmente. Não sei como me poderão desculpar, mas juro que desta vez não foi por preguiça.

Tenho tantas coisas que vos quero contar, mas não me sinto bem em fazê-lo uma vez que desapareci sem dar sinais de vida :( Na verdade, acho que tenho um motivo... Se repararem tenho demorado mais tempo que o habitual para escrever (JURA?), mas eu quero adiar o fim desta história... Eu simplesmente não consigo acabá-la!!! Vivi tantas emoções que acho que não consigo simplesmente colocar-lhe um ponto final. Argh!!!

Espero que me perdoem.

Peace x

XxXx BeatrizM21 XxXx



"O Artista" - {h. s.} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora