As damas de companhia

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Mesmo passando alguns dias da coroação do príncipe herdeiro, nobres, plebeus e até os criados do palácio não paravam de falar sobre o assunto do momento: a nova concubina.


Não era qualquer concubina, mas a chefe _um posto dado para alguém da alta sociedade que foi dado à uma mera escrava _. Poderia haver notícia maior do que esta?


Mas os nobres não estavam contentes com a nomeação da escrava... Havia alguém que não conseguia suportá-la.


_ Dêem-me mais vinho! Anda! _ Bradou a rainha, jogando a última taça no chão.


Os vidros despedaçados fizeram a dama de companhia cortar-se ao tentar junta-los. Assustada e temerosa, abaixou-se no chão, contendo suas lágrimas.


_ Perdoe-me, Vossa Majestade! Eu trarei uma nova taça de vinho.


A rainha olhou para aquela garota, digna de pena, e enfureceu-se mais do que já estava.


_ Por que ainda está aqui, sua megera?! Saia! Nunca volte mais!


A outra dama de companhia, que permanecia ao lado da rainha, tentou amenizar aqueles picos de raiva.


_ Vossa Majestade, sugiro que descanse um pouco até que o rei-


Ao tocar na palavra "rei" a dama calou-se, sabendo que tinha cometido um erro grave. Ninguém nos aposentos da rainha de Vaster poderia falar sobre o rei na presença dela, isso porque era essa palavra que a tinha deixado tão sensível nos últimos dias.


_ Sua vagabunda! _ A rainha se levantou e deu-lhe um tapa no rosto_ Eu disse para não mencionar sobre o rei em minha presença!


A dama pôs sua mão sobre o rosto atingido e abaixou a cabeça. Era assustador para elas estarem na presença da rainha, ainda mais por entenderem o real motivo de toda a sua raiva.


A rainha tinha 4 damas: a mais nova estava no chão, com a mão ferida pelo cacos de vidro; a segunda, a quem atingiu o rosto, era a mais velha, portanto, a mais sábia; a terceira e quarta dama eram as mais chegadas da rainha, as quais acompanhavam-na até em sua cama, para contar fofocas que a agradassem. Todas as 4 eram filhas de nobres bem vistos na sociedade.


A nova rainha se dirigiu até sua cama, na companhia de suas duas damas mais chegas, e deitou-se, um pouco melancólica.


_ Já deve passar da meia noite, Margareth?


Margareth, a dama, suspirou, não querendo responder àquela pergunta.


_ Sim, Vossa Majestade, já está muito tarde.


_ Isso significa que... ele não virá?


As duas damas se entreolharam e a mais velha, Bethany, respondeu.

De madame à escravaOnde histórias criam vida. Descubra agora