5- Aquela noite

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Toda noite deitado no escuro com os olhos se pondo a fechar, eu vou dormir com a esperança de que as coisas melhorem e sejam diferentes. Toda manhã deitado no claro do quarto com os olhos se pondo a abrir, eu acordo com os mesmos desejos.

As pessoas estão em um constante ciclo onde machucam a si mesmas, e machucam os outros ao redor. Magoando umas as outras. As vezes de forma intencional, pessoas machucadas tendem ferir pessoas incríveis. Mas as vezes, a intenção não é de fazer doer. Mas sim porque acham que aquilo está certo, e acabam tomando decisões que abala o outro.

Acordo com um abraço em minha volta e sentindo um pouco de dor nos meus braços por aguentar o peso de um corpo. Minhas vistas abrem lentamente tentando se adaptar com a claridade presente ali. Olho o quarto roxo com alguns posters de uma banda adolescente colados na parede. Sinto uma respiração pesada no meu pescoço. Olho para os cabelos escuros e longos ao meu lado e afago eles em um cafuné. As bochechas amassadas e a calma em seu rosto não parecem os mesmos da noite passada. Respiro frustrado. Noite passada e todas as outras anteriores. Jiwoo só tem 13 anos, não deveria passar por isso.

Nossos pais sempre discutiram. Com o passar dos anos acho que o amor virou ódio. Ódio entre si e ódio pelos próprios filhos. Quando somos crianças, somos ensinados que família é carinho, atenção, cuidado, força... amor. Família é aquilo em que você pode se apoiar, pode contar pra tudo independente da situação. "Família" no sentido literal da palavra, são aqueles que te respeitam. Se nossos pais deveriam ser quem nos tratam bem, porque eles nos fazem sentir como reféns?

- Bom dia Hobi! - Jiwoo diz sonolenta ainda sem abrir os olhos.

- Bom dia minha libélula! Dormiu bem? - aperto seu nariz recebendo um resmungo e agora um par de olhos escuros me encarando.

- Você já não está muito grandinho pra ficar dormindo no quarto da sua irmã? - ela pergunta com humor e fazendo careta.

- Yaa! Porque você sempre diz isso quando acorda? Depois que dorme como pedra em cima dos meus braços, praticamente me expulsa da sua cama! - digo a empurrando pro lado.

- Não sei do que você está falando - ela ri jogando uma almofada em minha cara.

- Pois bem, não irei dormir aqui da próxima vez que você pedir. - finjo cara emburrada me sentando na cama. Vejo seu sorriso desmanchar um pouco preocupado.

- Nem ouse Jung Hoseok! Eu sempre durmo melhor com você aqui e você não sabe o quanto é doloroso admitir isso.

- Tarde demais, você me magoou. Terá que implorar pelo meu perdão. - coloco a mão no peito fazendo drama.

- Vai sonhando, acorda pra vida Hobi. - diz rindo pegando uma escova de cabelo.

- Quando você era mais nova, você costumava ter mais respeito pelo seu irmão mais velho. - uma verdade meio mentirosa. Jiwoo nunca segurou a língua afiada dentro da boca quando se trata de uma conversa comigo. Não me importo porque é coisa de irmão sabe? Amar mas implicar ao mesmo tempo.

- Quando eu era mais nova, você meu querido irmão, costumava pentear meu cabelo! - ela me entrega a escova e se senta na minha frente jogando os cabelos para trás.

- Jiwoo eu estou sempre penteando seus cabelos. - ela concorda.

- É o mínimo por eu ter que aturar um irmão dramático como você.

- Você não é muito diferente abusada! - dou um leve tapinha no seu braço. - Acha que sou seu empregado?

- Nós temos empregados Hoseok mas você é o melhor e sabe o porque? - ela me olha dando um sorriso de lado. - Porque você faz o serviço deles muito mais bem feito e de graça!

Marcas de Cereja 🍒 SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora