Capítulo dezoito

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Hinata

Me levantei sentindo um dor imensa nas costas, parecia que eu tinha caído de um prédio. Já tive pesadelos assim, mas em nenhum deles eu acordei em uma sala escura e fedida. Essa sala tinha cheiro de esgoto, vômito e talvez até suor, parecia um cenário de filme de terror. As lembranças do que acontecera na noite anterior voltaram. Alguém tinha me sequestrado de novo. Duvidava que fosse o Naruto, as celas da Força eram limpas ao contrário dessa, e também ele não teria motivos para fazer isso. Não lembro de ter tido alguma intriga, não sou o tipo de pessoa que entra em um briga, porque eu sei que sairia machucada, queria ter a força da Sakura nessas horas.

Escutei vozes se aproximando do lugar em que eu estava, e arrumei o meu vestido para parecer o mais decente possível, quem sabe eles tenham mais empatia comigo se eu não parecer cansada. Funcionou na Força, e pode funcionar agora.

― Com licença.― Os homens pararam assustados com a minha voz. Acho que não esperavam ver alguém aqui. ― Será que vocês podem me dizer aonde eu estou? ― E então eles começaram a rir, quase caindo no chão, pareciam bêbados.

― Ela ainda não sabe aonde está, coitadinha dela, vai morrer de certeza. ― Um deles falou.

― Xiiu, fica quieto, ela tá perdida. Fala pra ela aonde ela está. ― O outro respondeu. Eram apenas dois homens muito bêbados.

― Eu? Fala você! ― Empurrou o outro homem. Isso está ficando cansativo.

― Vem cá princesa. ― Me aproximei da porta assim como me pediu, e prendi a respiração quando ele chegou bem pertinho, como se fosse sussurrar algo em meu ouvido.― Até que ela é bonitinha. ― Disse para o colega antes de deixar um beijo sobre a minha bochecha. ― Desculpa aí, não pude evitar. Você é muito bonita, não vão ter coragem de te fazer mal, o máximo que pode te acontecer é virar meretriz daqui. ― E então os dois saíram berrando como se tivessem contado a melhor piada do mundo. Tentei limpar o meu rosto com água, mas só tinha uma pequena torneira no chão, e saia uma água escura de lá. Não tentei cheirar para ver o que era. Vou ter que limpar com a minha roupa mesmo.

― Você se acostuma. ― Disse uma voz que ecoou pelo quarto. Tentei encontrar o dono dela, mas não a achei.― Eu estou aqui, olhei pro chão.

E eu olhei, e adivinha o que eu achei? O piso de concreto.

― Aí não boba, aqui. ― Então uma pedrinha voou de uma fresta da parede. Essa fresta estava a poucos centímetros do chão.

― Quem é você? ― Perguntei para a voz que parecia ser de um homem.

― Pode me chamar de Shino, sou o conselheiro do príncipe Marada, sou do Vento, e você? ― Ele me perguntou.

Imagino que esse tal Madara seja alguém como o Naruto, já que os dois tem o mesmo apelido.

― Eu sou caixa de banco. Prazer , Hinata. ― Falei para quem quer que estivesse do outro lado, não consigo ver o rosto.

― Você está brincando não é? ― Shino riu. Ele parecia alguém legal, mas não posso confiar assim tão fácil.

― Não, é sério, eu sou mesmo bancária. ― Falei envergonhada.

― Então o que você está fazendo aqui? Pensei que você fosse a outra pessoa.

― Do que você está falando? ― Mais dúvidas surgiam em minha mente. O barulho de sapatos pesados se fizeram presente.

― Silêncio, eles estão vindo. ― Shino sussurrou entre a fresta da parede.

― Quem está vindo? ― Os passos cessaram, e uma pessoa apareceu na porta da cela em que eu estava.

Sasuke

Acelerei o carro da polícia e acionei a sirene para os carros deixarem eu passar mais facilmente, sei que isso é abuso de poder, mas quando a sua namorada te liga chorando você não tem muita opção.

Nosso relacionamento estava meio perturbado depois que o Itachi apareceu naquela noite, não tive outra opção a não ser explicar o porque das minhas atitudes, a Sakura consegue me fazer falar mesmo quando eu não estou a fim, e isso é um pouco irritante.

Meu passado em relação ao meu irmão não é muito bonito.

Nós nos dávamos tão bem, porque ele fez aquela burrada?

Me lembro como se fosse hoje o dia em que o Itachi fugiu de casa, dizendo que não nos aguentava mais e que não era para procurarmos ele. Meu pai foi o primeiro a ligar para a polícia, muitos parentes nossos trabalham lá, o que foi um dos motivos para que eu começasse a gostar dessa profissão, sempre quis ficar perto da minha família, mas pelo o que parece o Itachi não. Nossa mãe ficou doente depois que meu irmão mais velho foi embora, ela mal comia, eu tinha que tirar ela da cama para que não ficasse o dia todo lá, chorando e falando como era uma péssima mãe. Dois meses depois foi diagnosticada com depressão. Hoje ela está melhor, mas ainda fica mal quando tocam nesse assunto.

Eu sei que nem tudo o que parece ser é de fato, mas não posso negar que é muito estranho, se algo estivesse errado o Itachi poderia contar com a gente, ele sabia que podia contar comigo, então porque não fez?

Pensar nele se aproximando da Sakura me deixa transtornado, não quero ver ele perto dela, ela é minha namorada. Não vou deixar o Itachi perturbar ela assim como perturbou a nossa mãe, deixando-a depressiva por anos.

Entrei no apartamento de Sakura com um certa dificuldade, por algum motivo tinha uma cadeira na frente da porta. Achei a minha namorada na cozinha, preparando um chá. Seu rosto estava vermelho, e de seus olhos não paravam de escorrer lágrimas.

― Docinho, você está bem?― Perguntei para ela, que apenas apontou para a caneca.

― Aceita um chá? Eu fiz para você.

― Depois eu tomo. Eu vim ver como você estava. Sua amiga, a Ino, disse que você parecia um cachorro atropelado. ― Sakura riu.

― Aquela... Se fosse a Hina, ela nunca me chamaria de algo assim... Ela é tão doce. ― Então começou a soluçar. Peguei ela pela cintura e a puxei para perto de mim, a envolvendo em um abraço apertado.

― Me fala o que está acontecendo. ― Fiz carinho em sua cabeça e Sakura suspirou.

― A Hinata sumiu, e temo que tenha sido sequestrada. ― Lágrimas não paravam de sair de seus olhos. Odeio ver ela assim.

Como um bom namorado e policial, vou ter que assumir esse caso. A primeira parte de uma investigação é recolher os dados, tudo o que possa explicar a situação. Sakura, assim como eu, é apenas uma pessoa que está de fora da situação, mas ela sabe muito mais sobre o caso do que eu, já que é amiga da vítima.

― E como você soube disso? Quem te contou? ― Perguntei.

― Bem é que... Não posso contar, você vai brigar comigo.

― Depende, a única coisa que me faria ficar estressado é...

― O seu irmão e o seu ex-melhor amigo, eu sei.

― Então, qual o problema?― Minha namorada evitava o meu olhar.― Não me diga que...― Sakura se abaixou para jogar a embalagem do chá no lixo.

― Toma esse cházinho de camomila querido, vai te acalmar.― Ela deu um sorriso sem graça. Eu já estava desconfiando antes, mas agora eu tenho certeza. O Itachi e o meu ex-melhor amigo realmente tinham algo haver com o sumiço da Hinata.

Tomei o chá tão rápido que pensei que fosse me afogar, mas não tem como piorar o que já está ruim.

Se eles fizerem algum mal pra essa amiga da Sakura, eles vão pagar.

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