Permita-me

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Faz quinze minutos que estamos seguindo lado a lado sem que nenhuma palavra seja dita. Ele não me olha, sequer parece interessado em dizer algo. Eu o irritei?

Certo, eu vim sozinha encontrar o remetente do bilhete e tive sorte de ser o Sasuke. Afinal, se fosse uma cilada dos tais criminosos eu estaria em condições bem adversas da atual.

Nosso retorno à Konoha é marcado pelo silêncio agoniante. Há guardas novamente nos portões, eles nos olham inexpressivos e apenas meneiam um cumprimento ao superior deles, ignorando a minha existência completamente.

Em poucos minutos estamos na varanda do apartamento de Kakashi. Ele entra primeiro e se não fosse pela porta propositalmente deixada aberta, indiretamente indicando que eu devo entrar também, eu daria meia volta e dormiria até em um banco qualquer apenas para não ter que enfrentá-lo.

Respiro fundo e finalmente entro depois de algum tempo encarando meu reflexo embaçado no vidro da janela.

Não há sinal dele na sala, porém ouço o barulho de água assim que caminho até o quarto, indicando que está no banheiro.

Aproveitando os minutos que se passam com ele no banho, retiro as armas escondidas na minha roupa. Apenas um preparo para o que eu fosse enfrentar hoje, no entanto foi um alívio a não necessidade do uso delas no encontro. Eu não queria ter que lutar.

Me enrolo em uma toalha assim que tiro minhas roupas. Como imaginei que essa situação chegaria uma hora ou outra, eu trouxe uma muda de roupas do meu armário no hospital. Não seria coerente usar uma camisa dele quando estamos a ponto de discutir um assunto sério, embora eu preferisse.

Assim que ouço a porta do banheiro destrancar, espero alguns segundos em que ele anda até a cozinha e ocupo o cômodo.

Meu banho é propositalmente demorado, o cheiro dele está impregnado em tudo e isso parece ainda mais perturbador agora. Lavo os meus cabelos e visto a muda de roupas que trouxe: uma blusa rosa de alcinhas e um short azul, me dando conta somente agora que esqueci do sutiã. Meus seios não são grandes, então torço para que ele não perceba a ausência da peça íntima.

Saio do banheiro enxugando os cabelos com a toalha, uma desculpa para não ter que olhá-lo agora se caso ele estiver onde imagino que esteja. Para o meu azar, é exatamente o que eu imaginava.

Sentado no sofá, porém desta vez abaixo da janela que clareia a sala e que me possibilita vê-lo nitidamente, Kakashi observa cada mínimo movimento meu. Oh, droga! Seus olhos negros pousam no meu busto, ele percebeu. Malditas habilidades ninjas!

— Precisamos conversar. — torna a olhar em minha face, internamente agradeço a consideração com os meus peitos. — Como pôde sair sozinha assim, Sakura? — direto como sempre.

— Kakashi — respiro fundo, dando alguns passos na luz e largando a toalha em um canto qualquer. —, o bilhete era claro e acredito que você faria o mesmo no meu lugar. Eu precisava daquelas informações. Estava cansada de não saber quase nada sobre ela! — sincera, exponho.

— Sabe os riscos que correu. — pousa as duas mãos sobre as coxas e flexiona, se levantando. — E toda aquela conversa sobre não ocultar nada um do outro sobre a Misaki?! Para onde foi o seu discurso daquele dia, Sakura?

Pelo ralo quando você começou a tocar meu corpo daquele jeito.

Como imaginei, ele está chateado. E com razão, tenho que reforçar.

— Fui imprudente, eu sei, me desculpa.

— Desculpas não consertam tudo. — suas palavras são um choque para mim, o encaro sem entender. — E se fosse uma armadilha? — um passo, ele gesticula para o nada. Nunca o vi dessa forma. — Não pensou nas consequências antes de agir sozinha? — há desdém na sua voz. O mesmo tom de repreensão que usava quando eu era a sua aluna e fazia algo errado durante nossas missões.

Através do tempo - Kakasaku Onde histórias criam vida. Descubra agora