Surpresa

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Eu nunca me senti tão estúpida como agora por não conseguir lembrar de algo, principalmente quando estou em uma emergência e correndo contra o tempo.

Olhando para o meu guarda-roupa aberto, percebo que não fiz as compras que prometi há um tempo atrás e agora, para o meu azar, não tenho nada digno para vestir no aniversário do meu amigo. E só faltam dez minutos para as sete da noite.

Minutos contados e ainda estou indecisa sobre que trapos vestir.

Será que Naruto e Hinata falarão algo se eu usar o mesmo vestido do casamento deles?

Naruto talvez, mas não estou em uma posição tão favorável para pensar sobre isso agora. Que seja o que Kami quiser.

Tento diferenciar ao menos o meu cabelo. Coloco uma parte presa atrás da cabeça e deixo o restante solto, com algumas mechas caídas na lateral do meu rosto. E sim, estou bem com o resultado meramente satisfatório. Para alguém que acaba de se arrumar em menos de dez minutos, estou mais apresentável do que minha autoestima permite que eu esteja.

Passo um batom vermelho e dou alguns tapinhas nas minhas bochechas. Nunca fiquei tão feliz em ter os olhos naturalmente verdes; o contraste que eles trazem, mesmo quando não passo maquiagem, é realmente impressionante. Nada tão relevante ao ponto de levar meu ego às alturas, mas o suficiente para que eu cruze a porta do meu apartamento com a dignidade em dia.

Tenho que usar minhas habilidades ninjas para chegar na casa do Naruto antes dele. Percebo que as luzes estão completamente apagadas quando chego, o que significa que todos já o esperam lá dentro e eu não posso, de maneira alguma, entrar pela porta da frente. Me resta procurar alguma janela.

Sem muito esforço, eu entro pela da cozinha e encontro a cara pálida do Sai olhando diretamente para mim.

— Mas que diabos, garoto tonto. — o puxo para um canto escuro. — Se Naruto de repente te ver parado na janela da casa dele será um desastre. — o repreendo.

—  Mas você acabou de entrar pela mesma janela, isso não é hipocrisia da sua parte? — me devolve sem expressão alguma e eu suspiro.

— Só se esconde. — eu empurro seu corpo magro em direção à sala escura, encontro o sofá e o jogo de qualquer jeito atrás dele. Percebo que o lugar já está ocupado quando ouço um resmungo baixo de uma mulher. — Desculpe. — sussurro.

Saio imediatamente e vou em busca de algum canto para me esconder. Me coloco atrás de uma coluna e aguardo junto com os outros.

As vantagens de se viver em um mundo ninja é que todos aqui sabem se camuflar muito bem, então mesmo que a sala não seja tão grande para acomodar o número de convidados presentes e, consequentemente, escondê-los, eles próprios deram um jeito nisso. Essa colaboração mútua vem desde a guerra, aprendemos a nos comunicar sem dizer uma palavra e dar ouvidos não somente aos nossos pensamentos.

Os segundos que se seguem são cruciais. Não há nenhum mínimo ruído no cômodo, apenas os passos ansiosos de alguém do lado de fora.

Todos estão atentos a todo e qualquer movimento. E quando o barulho da porta sendo aberta é finalmente ouvido e a luz se acende, todos pulamos dos nossos esconderijos e corremos para recepcionar o loiro que, assustado, deixa cair a sacola de compras que trazia nas mãos, espalham alguns legumes no processo.

— SURPRESA!!! — gritamos em uníssono, os olhos azuis e esbugalhados de Naruto percorrem cada um dos rostos sorridentes na sala.

— Eu não acredito! — eufórico, Naruto gargalha e busca entre a multidão alguém que julgo ser Hinata. E quando ele a encontra, encolhida entre Tenten e Temari, corre até ela e a envolve em um grande abraço. — Você armou tudo isso, não foi? — a jovem grávida anui, tímida e corada. — Eu sou o homem mais sortudo do mundo! — se vira para nós com um sorriso enorme. — Muito obrigado por isso, pessoal! Vocês são incríveis, dattebayo!

Através do tempo - Kakasaku Onde histórias criam vida. Descubra agora