0.0 - Prólogo

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De Alexandre Nero para Beija-Flor.
25 de dezembro de 2005.

Beija-Flor,

Sei que nada do que eu disser agora vai conseguir diminuir o peso das atitudes que escolhi tomar.

Não lhe tiro a razão de me odiar, como deve estar fazendo, até porque eu também estou me repudiando.

Sei que estou sendo um covarde por não estar lhe falando essas palavras pessoalmente, por não lhe entregar esse anel em suas mãos.

Não sou e nunca fui corajoso e, agora, estou lhe comprovando o que seus pais tanto te disseram.

Sei que estou fazendo a maior canalhice do mundo contigo, com a nossa história e com o nosso amor e nada no mundo um dia poderá justificar o que estou fazendo.

Tenho noção de que nunca terei o seu perdão, mas tudo o que posso dizer é que estou entrando nesse avião por você, muito mais do que por mim.

Eu sou o motivo pelo qual você está presa em um lugar que não quer estar.

Ao te enviar esse anel, eu estou te deixando ir.

Ao te deixar ir, estou te amando muito mais do que imaginei amar alguém.

Não me vejo no direito de ser um empecilho para que você voe alto e alcance os céus.

Não me vejo no direito de te atrasar, assim como não me vejo no direito de me atrasar.
Precisamos nos soltar, para viver.

Nossa última noite juntos estará gravado em minha memória, em um quadro pintado à óleo, digno do Louvre de tão lindo.

Nele, você sorri e diz que me ama, não com palavras, mas com os olhos.

Nele, a nossa música está representada como uma partitura escondida nos traços delicados de seu corpo.

Nele, eu ainda não parti nossos corações.

Espero que, um dia, me entenda.

Espero que, um dia, se voltarmos a nos encontrar, me olhe com esse mesmo amor.

Espero que, um dia, a nossa música toque novamente.

E, enquanto esse dia não chega, eu estarei sonhando contigo durante as noites, e escrevendo o seu ser em versos durante o dia.

Eu te amei ontem, te amo hoje e te amarei amanhã, Beija-Flor.

Para todo sempre o seu músico, Alexandre.

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