2023
Rio de Janeiro, BarraA manhã dela começou tranquila, pela primeira vez na semana.
Lily dormiu até mais tarde e, por isso, Giovanna se deixou demorar durante o banho e, depois, em frente ao espelho, limpando a pele calmamente antes de passar uma camada leve de maquiagem e ir para o closet, enrolada em uma toalha.
- Bom dia, negoção. - A voz masculina de Leonardo disse, a fazendo vestir uma carranca.
- Não gosto quando me chama assim. - Revirou os olhos e sentiu os braços do marido a envolvendo. - Bom dia. - Virou o rosto, deitada no ombro dele, para olhá-lo.
- Bom dia. - Sua resposta veio acompanhada de uma risada e um selinho nos lábios dela. - Tá gostosa hoje, hein? - Leonardo desceu seus beijos pelo maxilar e pescoço dela, que tensionou o corpo e se desvencilhou rapidamente.
Passou a mexer nas peças de roupa presas nos cabides, na tentativa de disfarçar seu incômodo. - Que foi? Você tá estranha...- Eu tô cansada, Leo. Só isso. - Ela disse, transmitindo com as palavras tudo o que sentia, mesmo sabendo que ele não a entenderia.
- Por que não contratamos uma babá logo? Você vai começar a trabalhar novamente, eu também...Ficará complicado conciliar tudo. - Ele falou, puxando a esposa pela cintura, para que pudesse voltar a distribuir beijos por sua pele ainda fresca pelo banho. - Levar a bebê para o projac pode atrapalhar...
- Eu já disse que não, Leonardo. Não vou deixar minha filha com uma estranha. - Giovanna de soltou, suspirando, fazendo com que Leonardo caminhasse para sua parte do closet, levemente irritado, não fazendo questão em esconder sua insatisfação.
Ela ignorou as bufadas raivosas do homem, se dando apenas o trabalho de revirar os olhos.- O problema é que você não deixa a Lilian com ninguém, Giovanna! Nem comigo!
Na verdade, o problema estava no fato de que ninguém podia compreendê-la. Muitas das vezes, nem ela mesma conseguia entender a si mesma.
Giovanna tinha medo.
Medo de não estar perto o suficiente da bebê.
Medo de, por algum motivo, ser afastada de sua filha.
Medo de machucá-la com sua ausência, mas, principalmente, com sua presença.
Ela não sabia muito bem os limites entre o cuidado e a falta dele, era uma linha tênue demais para que ela pudesse traçar.
Não compreendia essa necessidade intensa de fazer de tudo para não ficar longe da criança, muito menos essa dor incessante que apertava seu peito toda vez que Lily demonstrava insatisfação ou incômodo com algo.O que ninguém sabia era que, essa confusão de sentimentos, tinha motivo e origem. Era algo crescente e latente em seu ser, como um vulcão que nunca, de fato, esteve adormecido.
O pavor a atormentava todos os dias, desde que descobriu estar grávida, e lhe tirava mais noites de sono do que a própria bebê em seus meses de vida.Era desesperador, sufocante, mas ela fazia de tudo para não transparecer, para ser forte o suficiente e não se deixar derrubar, porque se Giovanna caísse, Lily ficaria sem assistência.
E ela não podia cometer esse erro.- Se você não quiser ficar com a Lily, eu a levo para a reunião e explico para o JEC a situação. Não acho que ele vá se importar. - Distraidamente, procurou por uma peça de roupa prática e bonita, que facilitasse o manuseio durante a amamentação.
Achou um vestido branco, que ia até o topo das coxas bronzeadas e possuía botões na parte de cima.- Odeio quando você faz isso. - Riu em deboche.
- Faz o que? - Colocou a roupa, tentando não prestar muita atenção em Leonardo.
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Codinome Beija-Flor | GN
RomanceQuando um jovem músico se apaixona por um beija-flor. TW: Relacionamento abusivo, agressão. (Os eventos descritos nessa história não possuem compromisso algum com a realidade)