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- Neytakiri.- Quando se vira era seu pai, que estava com uma expressão indescritível no rosto.- Por que chegou mais tarde ontem?

- Perdi o horário e acabei voltando tarde.

Nunca foi a favorita de seu pai, mas ultimamente ele está sendo pior ainda.

- você fez muito barulho ontem, parecia até que estava bêbada.

- Era cansaço.

- Que marca é essa no seu pescoço?- Ele aponta para o roxo em seu pescoço enquanto olha para a mesma.- Tem uma na sua cintura também.

- Deve ter sido um bixo.

- Que bixo sem vergonha hein.

Pela primeira vez em muito tempo, ele sorri para ela.

As lembranças da noite passada vem em sua mente naquele moumento.

{...}
Estava com vergonha de sair de casa e dar de cara com Aonung, mas como Tuk insistiu, ela foi.

- Neytakiri!- Era Aonung, que vem andando em sua direção.

- *Talvez ele não se lembre de ontem*- Ela pensa ao se virar para ele.- Oi.

- Me segue, agora.- Ele pega sua mão e sai correndo, quase a arrastando junto.

Param na frente de sua casa, enquanto ele abre a porta e os dois entram.

- Por que você me trouxe aqui?- Ela pergunta enquanto ele põe um líquido em um copo.

- Bebe isso.

Ela enconsta o líquido na língua e quase vomita de tão ruim que era.

- E pinga?

- E um chá anticoncepcional.- Ele responde seco enquanto ela o olha surpreso.- O que foi? Achou mesmo que você teria um filho meu e a gente se casaria?

Ela apenas bebe em um gole só e joga o copo no chão.

- O que foi? Achou mesmo que eu queria me casar com você?- Ela se vira e sai andando até a porta.- Eu não preciso de você, Aonung. Não sou uma puta, é não vou deixar você fazer comigo coisas que faria com uma.

{...}
- Eu estou decepcionado com você, Tsireya.

Suas orelhas se abaixam, enquanto pequenas lágrimas se formavam em seus olhos.

Tonowari soube que Lo'ak tem payakan como irmão espiritual.

- Sentem.- Quando ele percebe que ninguém o levou a sério, decide falar mais alto.- Agora!

Todos se sentam em um círculo, até Jake puxar Lo'ak pelo braço.

- Solta ele!- Neytakiri fala soltando sua mão do braço de Lo'ak.- Ele não fez nada de errado, seu maníaco!

- Maníaco? Me respeita que eu sou seu pai, Neytakiri.

Aquela altura todos já estavam prestando atenção na briga.

- Ela vai bater no próprio pai?- Rotxo sussura no ouvido de Aonung.

- Não duvido.- Ele responde com a mão na frente para ninguém ouvir.

- Pai e quem ama de verdade, quem cuida... Não alguém como você!- Ela bate o pé na areia aumentando cada vez mais o tom de voz.- Você esquece que somos seus filhos, não seus soldados! Você é um péssimo pai, Jake! Eu tenho vergonha de ser sua filha.

Ele nada responde, apenas a olha com raiva calculando uma resposta.

Ela pega a mão de Lo'ak e os dois saem correndo o mais rápido possível com medo de seu pai.

Aonung apenas sente a vontade de correr atrás dela, então vai.

- Aonung!- Seu pai grita, mas ele não dá ouvidos.

- Lo'ak!- Tsireya corre junto ao seu irmão.

Eles correm muito, até perceberem que estavam praticamente perdidos, no meio da mata.

- O que a gente faz agora, Ney?- Ele pergunta tentando segurar as lágrimas.

Apenas se senta no chão põe as mãos no rosto e começa a chorar.

- E- Eu não sei.- Sua voz saiu trêmula em meio as lágrimas.- Vamos fugir para longe.

- Fugir? Mas para onde?

- Nós temos uma casa na floresta, nosso povo está lá.- Ela pega suas mãos e força um sorriso.- Precisamos apenas montar nossos ikran, escrever uma carta de despedida e ir para longe, lá seremos felizes.

Se senta ao seu lado, a abraça e apoia a cabeça em seu ombro.

- Vai ficar tudo bem, irmã.

Os irmãos Metkayina finalmente os encontram.

- Lo'ak.- Tsireya se aproxima dele com um sorriso gentil.- Quer conversar?

Ela dá a mão para ele, os dois saem andando deixando Aonung e Neytakiri sozinhos.

- Me desculpa pelo oque eu disse, Neytakiri.- Ele se senta ao seu lado e fica olhando para o chão.- Eu sinto muito por tudo isso.

- Vai embora... Afinal, por que você precisaria de mim? Já teve oque queria.

- Eu sei que isso não ajuda em nada.- Ele tira alguns maços de um pequeno saco.- Quando eu tô mal, uso isso.

- Maconha? Não sabia que você usa.

- Não com muita frequência, mas é você? Nunca usou?

Ele faz fogo com alguns galhos e coloca a ponta dos dois maços para queimar.

- Eu usava, mas tinha parado a um tempo.- o põe ele na boca e depois solta a fumaça.- Mas minha vida tá tão ruim que eu sinceramente não me importo mais com isso.

O Metkayina deita sua cabeça em seu colo e fica ali fumando e soltando fumaça, enquanto ela faz carinho em seu cabelo.

Eles conversam um pouco e resolvem suas diferenças.

- Você me perdoa então?

- Para você conquistar meu perdão, terá que ser merecedor.

- Nunca vou ser merecedor se você não me disser como fazer isso.

- Descubra.

Neytakiri- Aonung Onde histórias criam vida. Descubra agora