Capítulo vinte.

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O som das espadas batendo era algo divino de se ouvir. Aquilo me fazia esquecer dos meus problemas, as dores musculares que viriam depois ocupariam toda a minha mente.

Sukuna chutou meu joelho quando tentei atingir-lo com a espada de madeira. Me joguei no chão e girei meu corpo para longe de seu alcance antes que ele me acertasse. Após me levantar tentei um golpe em seu peito, que prontamente foi evitado pelo gêmeo mais velho.

Ele era claramente mais habilidoso do que eu. Sukuna era experiente e aprendeu a ler meus movimentos em menos de quatro semanas de treinamento. Porém, eu sabia usar minhas fraquezas ao meu favor, a prova disto foram todas as situações que me dei bem.

Eu canso meus adversários fisicamente e os faço acreditar na sua vitória absoluta, enquanto isso observo cada oportunidade e espero o momento perfeito para agir e sair triunfante.

O problema é que o adversário em questão já percebeu essa minha tática faz tempo. Sukuna não pega mais leve comigo porque sabe que não sou fraca como pareço.

Era difícil de ler movimentos tão rápidos quanto os dele, eu podia sentir que os golpes que tocavam minha pele iriam deixar grandes hematomas. Mas enxergo isso apenas como um detalhe.

Mudei meu padrão de luta, comecei a replicar seus golpes violentos e imitá-lo ao invés de apenas me defender e atacar só quando enxergo oportunidade. Apesar de não serem tão fortes quanto os de Sukuna, meus golpes pareceram deixá-lo confuso.

Com isso, algo acendeu na minha mente.

Minha espada acertava pontos doloridos, suas caretas e murmúrios de dor só me instigavam a continuar com os golpes, mesmo que meus músculos implorassem por um descanso.

Continuei avançando e Sukuna começou a vacilar em suas defesas. Bati meu cotovelo no seu peito com força e ele caiu para trás. Chutei sua espada para longe e apontei a ponta da minha para sua garganta.

— Foi moleza. — A frase quase não saiu da boca, minha respiração pesada tomava todo o ar dos meus pulmões para si.

— Cala a boca. — Meu irmão colocou o braço por cima dos olhos e se concentrou em recuperar o fôlego. Ri de sua situação e limpei o suor da testa.

— Vamos encerrar por hoje. — Ele concordou com um resmungo. — Quer ajuda para levantar? — Abandonei a espada e estendi a mão para ele.

— Vai se foder, [Nome]. — Soltei um riso maquiavélico e me virei para ir embora.

— Esqueci que você reage assim quando perde para mim. — Olhei para ele por cima do ombro. Sukuna ameaçou ir atrás de mim e eu corri para dentro mais rápido que consegui.

Gargalhei pelos corredores. Fazê-lo sentir um gostinho do próprio veneno e tirá-lo do sério era minha dose diária de alegria.

Caminhei pelo longo corredor na direção do meu quarto. Apesar das dores por conta do treinamento me sentia tranquila. Pela primeira vez em anos eu não estava pensando em tudo ao mesmo tempo.

Ouvi uma tosse seca e virei o corredor para verificar de onde vinha. Os olhos do meu pai se arregalaram quando apareci e estranhei.

— [Nome], você me assustou. — Ele guardou o lenço no bolso e arrumou a gola da sua camisa.

— Estanho, você parece atento e de guarda levantada o tempo todo. — Cruzei os braços. — Você também anda bem apático, mais do que o normal.

— Está tentando me ofender? — Ele cruzou os braços também.

— Nah, gostaria de saber o que anda tirando o seu sono. — Me inclinei para frente e sua postura indiferente vacilou. — Há, acertei, o que é?

— É só gripe, mencionei anteriormente para você. — Levantei a sobrancelha e analisei sua expressão.

White Prince.Onde histórias criam vida. Descubra agora