Capítulo dezoito.

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Eu estava deitada na minha cama com a barriga estufada de tanto comer. As criadas se movimentavam para lá e para cá no quarto, todas animadas e com pressa, exceto Isabel.

Eu ainda não havia saído do quarto, as criadas me seguraram o máximo possível. Elas me deram um banho de mais ou menos 1 hora. Aparentemente preciso estar impecável quando tenho um compromisso no palácio.

— Isabel, irei conversar com meus irmãos. — Me levantei da cama e fui na direção da porta. — Voltarei logo.

— Sim, senhorita. — Ela apenas se curvou e voltou a costurar um tecido que estava em suas mãos.

— Senhorita, não se esqueça que precisamos da sua opinião sobre o vestido que usará nessa grande noite. — Meggy me parou na porta com um sorriso tímido.

— Tudo bem, caso precisem de mim estarei na biblioteca. — Ela concordou com a cabeça e me despedi antes de sair pela porta.

Eu já havia ficado muito tempo naquele quarto. Não consegui sair nem por um minuto, e a cada segundo eu sentia algo se contorcendo dentro de mim. A curiosidade sobre o que estava acontecendo comigo crescia feito louca. Eu precisava falar com Kento.

Uma excitação esquisita crescia dentro de mim a cada passo. Quando vi as portas da biblioteca pude sentir que ia explodir em mil pedaços. Abri de forma brusca e entrei, fechando logo em seguida.

Vaguei meus olhos pelo local procurando a silhueta do homem, mas sem sucesso. Fiquei atenta a qualquer som de passos ou movimentos.

— Kento? — Minha voz firme passeou pela biblioteca. Não ouvi som algum após dizer seu nome. — Onde você está? — Comecei a vagar pelas estantes de livros na procura do loiro.

Talvez ele esteja no banheiro.

Fui até lá e bati suavemente na porta. Não tive retorno, então bati mais uma vez mas com mais força do que antes.

— Kento, você está aí? — Suspirei e baixei os ombros quando não obtive resposta.

Onde esse homem se meteu?

Senti mãos firmes nos meus ombros me virarem de forma brusca. Estava pronta para revidar com um golpe de imobilização quando vi as sobrancelhas franzidas do loiro na minha frente.

— O que você fez? — Seu aperto era firme.

A expressão no rosto dele me deixou ansiosa. Parecia que algo grave havia acontecido e provavelmente tem a ver com o episódio de dois dias atrás. O aperto firme se intensificou enquanto eu tentava transformar meus pensamentos em palavras.

— Naquele dia acordei durante a madrugada, eu estava com fome então resolvi sair e comer alguma coisa. — Seu aperto diminuía conforme as palavras saiam da minha boca. — Após isso decidi caminhar um pouco, fui até o jardim e me sentei lá.

— E então? — Kento se afastou me dando as costas e respirando pesado. Fui até um pequeno sofá e me sentei, ele me encarava sentado na borda da mesa alguns passos de onde eu estava.

— No jardim começou a acontecer algo que nunca ocorreu antes, mana começou a sair do meu corpo. — Kento passou a mão no rosto e acenou para que eu continuasse. — No começo eu não sabia o que era mas assim que os dragões começaram a "comer" aquilo lembrei que você havia dito que eles eram alimentados com mana.

— Liberar mana em grandes quantidades é extremamente perigoso, [Nome]. Ao invés de apenas desmaiar você deveria ter morrido. — Abri a boca em choque e olhei para ele assustada. — Sabe me dizer por quantas horas você liberou mana? — Balancei a cabeça.

— Não foram horas, apenas fiz isso por alguns minutos. — Ele voltou a passar a mão no rosto.

Notei o quão sua face estava desgastada. Parecia que Kento não dormia a semanas pois de baixo de seus olhos surgiram olheiras tão profundas que me deixaram preocupada com sua saúde.

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