Capítulo quinze.

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Aquela sopa com legumes e carnes me saciou com apenas algumas colheradas. Jantamos mais cedo do que eu gostaria mas estava feliz por ter comido uma refeição tão apetitosa como aquela, eu realmente cozinhava muito bem.

A noite foi mais fria do que a anterior. Nanami fechou a entrada da caverna com suas raízes para amenizar o vento frio, o que funcionou um pouco. Com muito custo Sukuna desabou em sua cama. Ele reclamava ou debochava de algo sempre que o loiro começava a conversar amigavelmente comigo. "Não deveria conversar com ele como se fossem velhos amigos", ele sussurrou para mim ao se deitar e eu desdenhei com a mão. Apenas estava me distraindo do longo dia cansativo.

Claro, não vou negar que a preocupação do meu irmão é válida, que suspeito das intenções de Kento e que não gosto muito dele, mas preciso me dar bem com esse homem, caso contrário treinar será insuportável. Não posso explicar isso ao Sukuna pois mesmo argumentando ele não entenderia, ou apenas se recusaria a entender.

Senti uma gota cair em minha bochecha. Eu estava deitada sob meus cobertores, com meus olhos já fechados para dormir. Saí de baixo deles, arrastando minha "cama" até um local seco, assim que terminei voltei a me deitar. Um tempo se passou e eu tentava adormecer, o processo estava quase no fim quando senti uma umidade tocar meu braço, estremeci e abri os olhos para ver o que tinha acontecido. Outra gota havia caído em mim.

A frustração fez com que um som irritado saísse da minha garganta. Me levantei chutando os cobertores para o lado.

- Sem sorte? - A voz de Nanami cortou o ar gélido e chegou em meus ouvidos. - Tente dormir ali. - Ele apontou com a cabeça para o canto onde deitou noite passada. - Raramente a água caí daquele lado.

- Aquele é o seu lugar. - Olhei em volta da caverna para encontrar um lugar seco onde eu deitaria. Meus olhos foram até o loiro que segurava um pedaço de madeira em uma mão e uma pequena faca na outra. Ele estava esculpindo algum tipo de imagem na lenha retorcida.

- Não vou dormir. - Ele levantou os olhos para mim. - Pode dormir ali se quiser. - Entortei a boca, desconfiada.

- Por que não vai dormir? - Ele riu nasalado e voltou entalhar na madeira.

- Você é inteligente, por que faz perguntas óbvias? - O loiro me questionou sarcástico. Levantei o queixo e sorri falso.

- Porque quando se trata de você eu preciso estar preparada para tudo. - Sukuna resmungou uma frase desconectada, fazendo-me olhar por cima do ombro.

- Relaxe. - Revirei os olhos e soltei um riso melancólico.

- Graças a você "relaxar" vai ser a última coisa que vou fazer pelo resto dos meus dias. - Nanami prendeu seus olhos em mim, sério, por um momento senti como se ele estivesse vendo minha alma. Tentei não transparecer meu nervosismo.

- Acho que já disse que não ofereço perigo. - Ele assoprou a peça de madeira, seus olhos ainda nos meus.

- Você costuma confiar em estranhos? - Arrastei meus cobertores até um novo lugar.

- Touché. - A faca voltou a talhar. Ignorei sua presença e caminhei até minha bolsa, pegando um dos livros que havia trazido comigo. Voltei a me sentar na cama e comecei a ler. - Respondendo a sua pergunta: sofro de insônia. Acho que é bem evidente.

Olhei em sua direção para confirmar. Já havia percebido suas olheiras, mas não havia pensado na possibilidade de um problema com o sono.

- Estresse? - Ele confirmou com a cabeça. - Que tipo de estresse uma vida na floresta com três miniaturas de dragões forneceria? - Fechei o livro e olhei na direção dos três lagartos que dormiam perto da fogueira.

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