Capítulo sete.

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Eu despertei mas não abri os olhos. Minha cabeça ainda doía e eu sentia meus dedos pulsando. Comecei a ouvir sons ao meu redor. Vozes.

Lentamente abri os olhos e Aléxandros estava ali conversando com um homem que nunca vi antes.

Observei o traje do homem e concluí que ele era um médico.

- A pulsação dela já se estabilizou e está respondendo bem aos remédios. Em breve acordará como se nada tivesse acontecido. - Ele retirou os óculos e guardou. - Se me permite perguntar, Senhor Floyd, o que aconteceu com a garota?

- Ela está passando por situações difíceis após a morte da irmã. Acredito que o luto teve culpa. - Aléxandros dramatizou. - Ela teve uma crise e começou a destruir tudo que via pela frente. Fico feliz que não tenha se machucado. - Senti vontade de revirar os olhos mas permaneci quieta apenas observando. Quando notei que ambos estavam se virando para me observar eu fechei os olhos novamente. - Ela precisou tomar o lugar da irmã muito repentinamente.

- Pobrezinha. Espero que se recupere logo. - Pena transbordava de sua voz. Aléxandros acompanhou o homem até a porta. - Em breve mandarei uma lista de medicamentos para ajudá-la caso isso aconteça novamente.

- Eu agradeço. Peço que não comente sobre isso com ninguém, não quero que desconhecidos saibam sobre a vida pessoal da minha família. Você sabe como essas pessoas são.

- Sim, eu sei. Fique tranquilo, meu caro amigo, essa situação morre aqui.

O homem saiu e Aléxandros observou ele se afastar sem sair do quarto. Fechei os olhos novamente e ouvi passos se aproximarem.

- Já pode abrir os olhos, eu sei que está acordada. - Ouvi o som de uma cadeira sendo arrastada para perto de mim.

Abri os olhos e sentei na cama com um suspiro.

- E o baile?

- Ainda iremos. Chegaremos um pouco atrasados mas isso não é importante agora.

Um silêncio desconfortável se fez presente e eu brincava com meus dedos para me distrair. Aléxandros parecia pensar em algo.

Comecei a recordar do que tinha acontecido e do meu sonho. Como eu fiz aquilo e o que era aquele sonho esquisito? Talvez aquilo tenha sido uma lembrança? Apenas um surto causado pelos meus nervos? Meus pensamentos foram cortados pela voz cansada do homem ao meu lado.

- A sua mãe era uma pessoa muito gentil. - Arregalei os olhos pela menção repentina. - Apaixonante na verdade. - Ele soltou um riso fraco e olhou para a janela. Parecia nostálgico.

- Onde quer chegar com isso? - Disse ríspida e cerrando os punhos sobre meu colo. - Você a chamou de mestiça de uma forma pejorativa e agora diz que ela era gentil e apaixonante?

Aléxandros suspirou e voltou seu olhar para mim. Ele parecia cansado, bolsas escuras estavam abaixo de seus olhos mostrando que suas noites de sono não têm sido muito produtivas. Eu me calei mas a raiva ainda estava presente em minha face.

- Eu a conheci quando fui fazer uma visita ao mercado plebeu. O esquadrão de cavaleiros recebeu algumas denúncias de ladrões estrangeiros por lá, então viajei com alguns companheiros para cuidar desse problema. Não fomos bem recebidos pelos moradores e pelos ladrões, aparentemente nós não éramos bem-vindos mesmo tentando ajudar. - Ele levou a mão até o ombro e massageou o local. - Levei uma flechada quando voltava sozinho de uma patrulha.

Minha expressão vacilou e ele continuou:

- A flecha estava com um veneno paralisante e para minha "sorte" o meu agressor abandonou o local. Eu iria sangrar até a morte se Carmelia não tivesse aparecido. Ela me arrastou com muito esforço até uma espécie de caverna e tratou do meu ferimento. Por conta do veneno, uma febre alta me atingiu. - A voz dele estava nostálgica e alegre ao contar. - Sua mãe era uma maga elemental, ela criou algumas ervas com seus poderes e fez um remédio à base de plantas para me salvar. - Suspirei maravilhada para Aléxandros.

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