Cap 3 - O Salão Principal

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Cerimônia dos 12: festa para apresentar o dom à Sociedade de Gala

SOTE: Sociedade Original Terók

Zaca: metal exclusivo do planeta

Contra as expectativas do casal, o salão de festas estava lotado de pessoas. Levando e trazendo coisas, puxando carrinhos com bebidas, organizando as mesas ou pendurando enfeites, iam e vinham como formigas na luta contra o tempo.

Àquela altura, somente a cortina de veludo do palco os acobertava dos malabaristas de plantão. Por uma brecha, a galaceana observou duas duplas de garotas jogando conversa fora. O sangue guerreiro ferveu corando as bochechas ao notar quem eram.

— E o que faremos para toda essa gente não nos ver? — Zincon cutucou o ombro ao lado. — Há dezenas de pessoas a nossa frente!

— As quatro ali, atrás do conselheiro Peppe, são as donas daqueles gritos medonhos! — fulminando-as com os olhos, Marguel ignorou o problema real que tinham em mãos. A vontade era de voar até o quarteto. A atual condição, entretanto, salvou as adolescentes de uma dor de cabeça. — Não estão colaborando e quase me fizeram ter um ataque do coração.

— Que eu me lembre, você e Ella não eram muito diferentes na algazarra nessa época! — advertiu, receoso de que o parecer surtisse um efeito cascata na companheira. Encarou as jovens barulhentas e a esposa na sequência.

A mulher balançou a cabeça numa negativa, examinando-o como se fosse um menino levado. Os braços cruzados compactuavam com um semblante magoado por causa da comparação.

Analisando-o melhor, percebeu haver algo de errado no guardião. As veias do braço esquerdo desciam inchadas em direção à mão. Os dedos terminavam em pontas gordas como caroços de azeitona. As unhas, úmidas ao redor, ameaçavam cair a qualquer momento. Num gesto sutil, pegou a mão volumosa, apostando de que a ponta do iceberg se escondia na palma.

Marguel não soube lidar com a mistura de sentimentos. O ar chegou a faltar ao calcular o estrago e uma expressão de medo se moldou na face. Não era apenas um simples arranhado e sim um corte. Apesar de pequeno, julgou ter veneno suficiente para danificar o braço e, talvez, seguir adiante.

— Por que não me contou, Zincon? — os olhos rasos d'água perambularam entre o ferimento e o rosto do marido. A culpa latejava na alma pela falta de atenção. — Você precisa de um antídoto urgente!

Ela retirou um frasquinho do bolso e, na pressa, quase o derrubou. O item era um presente de Jalef. Não era o remédio ideal, no entanto, ganhariam tempo.

— Três goles bastam como dose de ataque — explicou, virando o conteúdo na boca do guerreiro. — Se ingerir demais pode convulsionar.

A mulher fumegou pelo nariz, observando a lesão desejando poder arrancar o tóxico com o olhar.

— Calma! Eu estou bem — mesmo encarando o braço envenenado, insistiu em se opor ao óbvio. E uma sensação quente e incômoda se espalhou pelas bochechas com a mentira. — Desculpe, mas temos de nos concentrar em coisas mais importantes!

— Mais importantes? — a galaceana subiu o tom, embora não detonasse nos decibéis. Se pudessem, enterraria as unhas no recipiente de vidro. — É a sua vida que está em jogo!

— Bom, vamos até Jalef, não é? — resmungou, aliviado por estar livre para fazer caretas de dor à vontade. — Ele saberá o que fazer. Aliás, onde arranjou isso?

Os olhos amendoados oscilaram entre Zincon e o frasco. Deveria manter segredo quanto ao dono do fármaco, bem como o motivo em tê-lo conseguido. Preferiu revelar a primeira opção.

Galácena E Os EscolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora