Cap 9 - Terók E Os Caçadores

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Baixo-mundo: termo ofensivo referente ao planeta Terra

Dunas: não galaceanos, estrangeiros

Gote: espécie de cavalo alado

Palavra-senha: código para atravessar portal nível II e III

Praga-viva: termo ofensivo aos não galaceanos

SOTE: Sociedade Original Terók

Largando o corredor, capitão e aprendiz entraram em uma saleta

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Largando o corredor, capitão e aprendiz entraram em uma saleta. Dentro, havia apenas uma porta dupla de vidro fosco num tom fumê esverdeado. Uma placa com letras vermelhas anunciava o acesso restrito. Xark já deslizara o trinco — em forma de escorpião — diversas vezes, contudo, era a primeira vez de Tomi.

O ambiente do outro lado limitava-se aos poucos que recebiam permissão. Tinha uma dimensão aceitável, nada extravagante como muitos fantasiavam. Um sofá de couro, ao qual o Arcata imaginou atirando-se a uma merecida soneca; uma estante de madeira e um tapete tear cru que escondia parte do piso escuro, resumiam o local.

Ao bater os olhos em duas poltronas, entretanto, o soldado voltou à realidade. Surgindo imponente, o próximo móvel reluzia-se em verde oliva. A vasta escrivaninha de granito finalizava a composição do recinto. A pedra era tão brilhante que parecia ter recebido uma camada de tinta fresca pouco antes de chegarem. Alguns livros estavam esparramados sobre ela e um maior, em especial, encontrava-se aberto. Lembrava a uma obra de magia antiga, que sua avó guardava com primor, na prateleira mais alta da cozinha.

Então, notou mãos magras e entrecruzadas, donas de dedos longos e unhas afiadas, repousando sobre as páginas amareladas. Continuou percorrendo o senhor daquelas garras e engoliu a seco ao alcançar um rosto vil.

Traium Terók o examinava rodeado por seu silêncio sorrateiro. Com a habitual cara de poucos amigos, ignorava por completo o outro galaceano, despejando toda a indiscrição no corpo do rapaz.

— B... boa noite, mestre — Tomi curvou a coluna ao enfrentá-lo no cumprimento. — Estamos aqui ao seu dispor...

O capitão puxou os lábios para baixo, num deboche descarado, calando-o num cutucão. Voltou-se ao chefe da SOTE que os aguardava com um sorrisinho de canto de boca.

— E o que temos aqui, Xark? — quis saber o homem detrás da escrivaninha numa fisionomia indecifrável.

Ele batia os dedos no granito, ressoando o barulho das unhas a cada tamborilar. O tinido descia deturpando os tímpanos do aprendiz. Não pela altura do som, mas pelo significado que representava.

— Este é Tomi Arcata. Meu novo aluno — o comandante respondeu em uma pose alinhada. Uma das mãos apoiava o ombro do galaceano. — Foi selecionado por Gailo, senhor, a ser instruído na função de caçador.

Traium lançava os olhos miúdos e cortantes numa linha reta direto ao novato. O ar de desaprovação inicial, contudo, cedia um leve espaço a uma curiosidade espontânea. Mesmo assim, o recruta não ousou encará-lo.

Galácena E Os EscolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora