Cap 13 - A Passarela

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Dom Modi: movimentar objetos à distância

Gote: espécie de cavalo alado

Duna: forasteiro, estrangeiro, não pertencente à Galácena

Uma voz rasgou o cérebro de Sofia ao meio. Forrada em agonia, a entonação a alfinetou na mesma proporção que os espinhos de Aycol. A mensagem veio por um labirinto repleto de pausas e becos sem saída. Gravando uma palavra aqui, outra ali, concluiu precisarem de ajuda. O peso do corpo, no entanto, não se ajustou com a força muscular. Mover-se estava difícil como se três fardos de feno pressionassem braços e pernas. Ao reconhecer quem a chamava, contudo, reuniu forças e abriu os olhos.

Ainda era madrugada quando percebeu Jalef tentando acessar sua mente. O caráter urgente da conexão disparou o coração da guerreira, forçando-a a lembrar que o tempo de Alex se dissipava com as estações do ano.

Dez minutos foram o suficiente para que batesse à porta do duna. Já era hora de visitarem os aposentos do mestre outra vez.

— Você está linda! — ainda com o rosto amassado, o terráqueo cortejou a namorada dentro do uniforme. — Vai a uma missão particular... — terminou num bocejou — às três da manhã?

Sofia achou graça na pergunta. Provavelmente o horário antecipado da aurora havia chacoalhado as ideias do amado. Não era comum ela enfrentar o dia antes do nascer do sol.

— Preciso estar preparada, querido — a mulher esticou os lábios e o empurrou para dentro do recinto. O barulho da porta avançou até o fim do corredor. — Não sei o que o futuro nos aguarda.

— Mas eu sei, vem cá — o forasteiro a apertou contra a parede e estalou a boca no pescoço desprotegido.

— É sério, Alex... — lutando contra os hormônios, a guardiã se afastou. Teve pouco tempo antes que ele viesse para cima pela segunda vez. — Rápido, vista-se.

— Mas o que foi? — num reflexo, se defendeu de uma bomba em forma de calça. — O que houve, querida?

Sofia vivia na cautela e antever quaisquer situações era fundamental ao posto. Aliás, o encontro secreto fazia jus ao traje escolhido, admitiu numa feição enigmática.

Por um momento, a galaceana o examinou dos pés à cabeça, sem saber o que dizer. Escancarar a verdade poderia ser, na melhor das hipóteses, perigoso. Ciente de que os ouvintes laterais também perambulavam à noite, julgou o silêncio um forte aliado.

— Temos um encontro marcado — os lábios femininos se mexeram lentamente, embora a voz não saísse ao dizer o nome de Jalef no final. — Não podemos nos atrasar.

— Ah, sei — Alex pendeu o maxilar e depois deu seu melhor sorriso. — Então, será que chegou o grande dia?

A pressa de Sofia os fez abandonar o quarto com ele ainda vestindo a camisa. Passando alguns corredores, já na metade do trajeto, a mulher agradeceu pela escuridão. Ao menos tinha uma defensora a amparando durante o percurso.

O aposento de Jalef ficava em outro pavilhão e ela sabia o circuito decor. Não era considerado longe, mas talvez encontrassem arapucas pelo caminho. A vantagem da dupla, entretanto, era a própria guardiã que conhecia os turnos da classe de sentinelas.

Em quinze minutos, alcançaram uma área crítica. A passagem semidescoberta se alongava interligando dois blocos. O ponto tinha uma vigilância constante e, àquela noite, um par de arqueiros fora escalonado à tarefa.

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Galácena E Os EscolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora