Cap 4 - O Outro Segredo de Zincon

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Cerimônia dos Doze: festa para apresentar o dom recebido

Conselho de Glacídeo: formado por 20 membros da Sociedade de Gala

Portal aposentado: opera, mas traz risco de levar a locais diferentes

Portal desativado: não opera

Ao cruzarem a porta principal, a dupla alcançou uma escadaria larga e bem iluminada. Recomposta do passado, a galaceana se precipitou nos degraus de mãos dadas com o marido. Ao desembarcarem em outro corredor, Marguel desconfiou que as pessoas tiraram o dia de folga a fim de ajeitarem o salão de festa.

— Impressão minha ou Jalef está se antecipando com a Cerimônia dos Doze? — Zincon aproveitou para detectar o humor da esposa. — Ainda estamos no início do verão...

— E que diferença isso faz? — a galaceana retrucou numa apatia de quem não come há três dias. O assunto, no entanto, espantou para longe a imagem da mãe. — Vai ver temos adolescentes hiperativos na turma!

— Não! Ele não alteraria a data por isso! — sem notar o cinismo embutido na frase da mulher, o guardião respondeu como se fosse dono da verdade. — Deve ter algo maior envolvido!

— Hum... pode ser, querido — ela deslocou uma sobrancelha com a dúvida zunindo na orelha. — E por quais motivos faria isso?

— Podemos questioná-lo a respeito! — Ele se policiou para não olhar ao braço amortecido, pendendo engatado no uniforme. — Aliás, você me surpreendeu hoje à tarde!

— Estou pronta! — Marguel não tremeu na fala, embora cedesse a um quê de preocupação por causa do ferimento do guerreiro. — Só dependo da decisão dele... e do Conselho de Glacídeo, claro!

— Eles aceitarão seu retorno — sem saber se ria ou fechava a cara o guardião pôs a mão no ombro feminino. Um frio na barriga brotava cada vez que a imaginava resgatar o posto que era seu por direito. — Estou certo disso!

Além de ler mentes, a mulher era sagaz. Quase sempre era a primeira a pegar os lances no ar e decifrá-los, como uma simples brincadeira de criança. Os que conheciam aquele lado secreto, se requebravam com a própria vulnerabilidade. Zincon era um dos poucos que, às vezes, obtinha sucesso. Não havia objeções, portanto, que o Conselho de Glacídeo viesse a apresentar contra ela.

Atropelando os passos, acessaram uma rampa conectando ao andar superior. Caminhando pelo piso inclinado, a galaceana o espreitava a cada par de segundo.

— Você parece distante! — Ela o investigou por causa do olhar vagueando o infinito. — É o ferimento?

Ele apenas acenou um não com a cabeça e Marguel não supôs que segurou um engasgo ar tragar o ar gelado. A tensão que desencapava sem querer, cintilava no entorno do guerreiro. O problema não era o braço como ela acreditava.

Após atravessarem a entrada subterrânea, a galaceana não atentou contra a mente masculina. Também não fez ideia do bloqueio interno que o homem projetou durante o trajeto. Tudo para se preservar de um possível ataque de nervo.

Porém, a complexa manobra se enfraquecia, e agora, abandonando o disfarce no semblante postiço, acenava à mulher. Além do mais, a guardiã ponderou que o machucado pesava na conta.

Àquele instante, notou que os eixos de Zincon estavam fora do lugar. Não suspeitou, contudo, terem corrido um sério perigo ao embarcarem no portal da águia. Nem que o momento de se situar sobre os fatos colidia com a realidade. Mesmo assim, cismou haver algo de errado.

Muitas vezes, ela descartava ouvir as explicações, pois gostava de produzir seu relatório com as frases que regatava dos alvos. Então, os olhos paralisados, embora cheios de vida, esbarraram em outros acinzentados pelo dilema.

Galácena E Os EscolhidosOnde histórias criam vida. Descubra agora