Estou em uma situação meio desconfortável.
Bem, não foi assim que eu imaginei que seria. Eu esperava mais
bagunça e com certeza roupas sujas pela casa. Não que eu possa julgar ele, sinceramente, eu nem o conheço bem. As únicas lembranças que tenho de Jason são as poucas vezes em que ele ligava, normalmente era em datas comemorativas. Muitas vezes ele não ligou, e eu desisti de esperar, era mais fácil assim. Sem expectativas.-Olha, querida, eu espero que você se sinta em casa, tá? - Ele está nervoso - Seu quarto é no fim do corredor, o banheiro é a porta ao lado, eu comprei umas coisas pra você, toalhas novas e roupa de cama nova.
Vejo meu pai colocar as mãos nos bolsos da calça jeans, seu corpo atlético está acuado. Eu poderia rir se a situação não fosse cômica. Quando ele me pegou no aeroporto parecia até mais confiante, nosso abraço meio sem jeito nem tinha sido tão ruim, e ver ele pela primeira vez ao vivo foi algo… ainda não sei como explicar em palavras concretas qual foi a sensação, mas eu me senti bem. Um pouco.
-Também enchi a geladeira com tudo que você gosta - aponta para a cozinha à minha esquerda, não é grande demais, mas é o suficiente para um homem de quarenta anos, solteiro e com uma filha recém chegada - Você tá com fome bambi?
Não me impeço de sorrir com o apelido. Ele ainda lembra.
O sigo em direção a cozinha tirando meu casaco leve, ficando apenas com o short jeans e a blusa personalizada com a palavra Power, uma referência a música da girlband Little Mix.-Você não me chama assim desde os meus… cinco anos? - A tensão em seus ombros se dissipa um pouco mais. Sento em uma cadeira ao redor da mesa para quatro pessoas. A sala de jantar tem uma mesa para seis, o que significa que meu pai não é um homem de grandes festas.
-Eu sempre me lembrei de você por bambi, - ele dá de ombros - Mas estávamos longe demais para você saber.
E aqui estamos nós. A distância. O meu pai não suporta ela, assim como a minha mãe neste exato momento, quando sinto meu celular vibrar no bolso de trás do short.
-Pai… - Ele lentamente me olha nos olhos, sua barba rala bem feita combina com o rosto emoldurado. Os olhos mais azuis que eu conheço contrastando com o cabelo castanho escuro. Eu sou igual a ele.
Ouvi isso da minha mãe por dezoito anos da minha vida, que meus cabelos ondulados eram iguais aos dele, só que mais longos. Que meus olhos eram iguais aos dele, só que menores, que meu sorriso largo era igual ao dele, e sem nenhuma diferença mínima. Eu era toda o meu pai, até mesmo em nossa pele bronzeada - posso notar agora - nas fotos as pessoas costumam parecer mais pálidas, com algumas poucas diferenças. Mas pessoalmente podemos ver cada mínimo detalhe.
Eu sou igual a ele.
-Eu estou aqui agora - tento confortá-lo - Vamos nos focar nisso, tá?
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All for you | Entre Amores Livro 01
RomanceMorgan Graham e Taylor Hughes jamais teriam seus caminhos cruzados se ela não estivesse se mudando para Boston - disposta a criar uma relação com seu pai, a quem ela nunca conheceu pessoalmente. O que ela não esperava, era que Taylor fosse o capitão...