fodendo no sofa

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Pov. Regina Mills

Quarta-feira. Um dia sem grandes emoções. Eu não havia mais visto a Emma e nem a Ruby. Cada uma com os seus compromissos e isso não me incluía. Nove horas da manhã e os sócios falam e falam coisas chatas. Eu odeio reuniões. Uma xícara de café foi pouco para aturá-los. Foda. Definitivamente eu não nasci para essa vida. Eu não gosto de ser uma mulher de negócios e isso é nítido. Será que em algum momento as coisas farão sentido? Será que existe algum sentido? Papéis e mais papéis. Assinaturas. Discussões. Me parece tolice esses acontecimentos. Eu revirei os olhos várias vezes por não concordar com eles. Por fim, a reunião acabou e cada um foi para a sua sala, inclusive eu.

Ler é obrigatório, entender é outra história. Não que isso seja um monstro de sete cabeças, só é chato. Sei lá. São muitos relatórios, muitos projetos, muito trabalho e pouco tempo. O que seria de mim se não estivesse aqui? O que seria da garota jogada no orfanato se não tivesse tido a chance de ser adotada pelo senhor e pela senhora Mills? Pensando desta forma, me sinto grata por estar nesse escritório. São tantas coisas que se passam em minha mente; coisas inúteis como por exemplo: a mágoa por um desconhecido. O melhor é ignorar sentimentos ruins e focar nas lembranças de uma boa infância ao lado de quem me acolheu. Isso me faz sorrir. Acho que não poderia haver família melhor. 

Mais uma xícara de café. As horas demoram para passar. Às vezes eu sinto uma dor imensurável em minha cabeça. É como se tudo fosse exagero. Não sei se deu para compreender, mas é isso. Dor e mais dor. O tédio se fazendo presente. Estranho, definitivamente estranho. Eu queria saber contar o que se passa comigo de uma forma delicada, mas me parece impossível. Eu sou uma tremenda confusão e acho que já notaram isso. É que tudo aqui dentro parece estar embaralhado. Eu ainda não separei as cartas para conseguir jogar. Eu ainda estou deixando a vida me levar e não sei aonde vou chegar. O que devemos fazer é ignorar o que foi dito e beber o café. 

Eu gosto da bebida quente. Nada que é morno me agrada. Acho que tudo deve ser bem definido. Tipo aquele ditado que diz que ou é oito ou oitenta. Seria tudo mais fácil desta maneira. Sem dúvidas. Sem brigas. Sem discussões nas reuniões. Sem fugir dos fatos. Eu acabo rindo dos meus próprios pensamentos. Eu sei que é contraditório – as minhas atitudes não são lá as mais carregadas de certezas. Tem uma música da Pitty que me agrada onde diz: "E foge da minha mão fazer com que tudo o que eu digo faça algum sentido." Foda. Enfim, três batidas na porta e a figura de uma mulher impotente me fez prender a respiração por alguns segundos. Como alguém pode ser tão estilosa, educada e ao mesmo tempo causar medo? Não digo aquele medo, mas é medo. 

A minha secretária pediu licença e se retirou. Eu fiz um gesto para que Cora se aproximasse e se sentasse na cadeira a minha frente. E assim ela fez. Essa parte do meu dia nós podemos chamar de visita inesperada. E eu não sei se é bom. Droga. Por quê o seu olhar me incomoda? A mulher parece me analisar de cima a baixo. 

- Eu vou direto ao ponto, se afaste da mulher do meu enteado. - A sua voz é firme. Eu acabei rindo da sua fala, mas não foi por maldade. Como foi dito em outrora, infelizmente Regina Mills não tem noção. - Jones não ficou nada feliz em saber que Emma dormiu em sua casa. A sua fama não é lá das melhores. 

- Cora, se o que veio tratar aqui não tem nada haver com negócios, por favor, se retire. Caso queira falar de assuntos relacionados a empresa, eu juro que peço até para lhe servirem um café. - Eu disse tentando ficar séria e não rir mais. - E outra coisa, Emma está a frente de um dos melhores projetos, é normal que ela tenha dúvidas e me procure.

- E por quê ela não veio até aqui? Por quê foi procurá-la de madrugada após uma discussão com o futuro esposo? - Cora disse. Era nítido a desconfiança em sua maneira de falar. 

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora