Girassóis de Van Gogh

Medo

Pov Regina Mills.

Sabe aquela sensação horrível de que você perdeu a hora, mesmo sabendo que ainda são cinco da manhã? Algumas pessoas normais costumam chamar esse acontecimento de insônia, eu prefiro chamar de neurose. Por que é tão difícil voltar a dormir quando a sua mente se encontra a milhão? Por que a gente se encontra nesse estado sem nenhum motivo aparente? Doideira, meu caro. Talvez o excesso de café seja uma justificativa. Como dizia o grande filósofo Sócrates: "Só sei que nada sei". Se sentir assim é complicado, mas vamos ignorar isso.

Okay, eu confesso que é difícil ignorar esse aperto no peito, a garganta seca e a falta de ar. Sintomas comuns de algumas madrugadas inquietas. O pesadelo nem foi tão ruim, não comparado aos outros. Não vou entrar em detalhes pois tem coisas que não valem a pena. Sinto a minha cabeça doer. Eu respiro fundo, conto até dez, tento fechar os meus olhos e ficar em paz. Inúmeras tentativas, em nenhuma eu obtive êxito. Alguns especialista nomearam os sintomas. Se eu me importo? Absolutamente que não.

Deve ser um pouco chato me acompanhar, não é mesmo? Para quê uma pessoa relata uma noite qualquer de insônia? Tais fatos são comuns e corriqueiros na vida de diversas pessoas. Eu realmente não sei se isso é bom ou ruim. É tenso pensar que mais alguém passa por essa situação. Tem coisas que devíamos estar insentos de sentir. Na verdade, eu costumo acreditar em algumas injustiças e em alguns méritos sobre o divino. E mais uma vez estou vos levando para brisas desnecessárias.

Infelizmente a minha inquietação fez com que a minha melhor amiga acabasse acordando. Ruby se levantou, caminhou de forma sonolenta até o rádio e colocou a música: Medo, de Rui Andrade, para tocar. Talvez não fosse a minha inquietação, mas sim a prova de que estamos destinados a alguém. Ela sorriu. Os meus olhos não disfarçaram a minha emoção e choraram... Talvez houvesse mais motivos para tal acontecimento. Essa não foi a primeira vez que a ansiedade me dominou, assim como não foi a primeira vez que a morena cantarolou para mim.

"Procura no medo. Procura no erro. No teu desespero. Há sempre um segredo dentro do espelho."

Ruby se deitou ao meu lado e me puxou para se aconchegar em seu peito. A sua voz era doce, calma e sútil. Eu sei que as definições foram usadas com exagero pois uma só palavra seria o suficiente. Eu confesso que gosto de ressaltar tudo o que vem dela, desde os seus dramas, até as suas perfeições. Eu acabo suspirando. Aos poucos eu consigo ir encontrando a paz e toda aquela euforia nada positiva vai chegando ao fim.

- Obrigada, meu anjo. - Eu disse. A minha voz estava rouca e os meus olhos vermelhos devido ao choro. - Eu não sei o que seria da minha vida sem você. - Ruby me fazia carinho. Eu nunca me cansaria de estar em seus braços. É nessas horas que percebo que não precisamos de um amante, apenas de um bom amigo que estaria ao nosso lado em todos os momentos.

- Eu digo o mesmo, minha rainha. - Ela disse de forma gentil.

- Chegamos a um consenso, por isso acho que agora podemos nos casar. - Eu disse de maneira divertida, fazendo-a rir deliciosamente.

- Regina, eu só não me caso contigo porque você não presta! - Ela respondeu, rindo ainda mais.

- Não quero mais falar contigo! - Eu finjo chateação e ela me aperta em seus braços.

- Falando sério agora, eu estou muito orgulhosa de ti, meu amor. - Ruby disse se referindo ao fato de que a agressividade que se fazia presente em noites como esta quase já não existia.

- Obrigada por nunca ter me deixado só. - Eu saí dos seus braços e busquei o seu olhar.

Aqueles olhos negros, intensos me causa tantas coisas, que talvez não passam de curiosidade. A minha respiração um tanto falha já não é sinônimo de crise. Talvez não seja uma boa decisão ficar tão próxima de seu rosto. Okay, eu sei que não sou a melhor pessoa para tomar boas decisões. A minha vontade era de arriscar, mas tenho medo de estragar algo tão belo. Não seria justo perdê-la pelo simples desejo de tê-la por uma noite. Ruby fechou os olhos quando eu me aproximei e beijei o canto dos seus lábios.