confissões

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Pov. Regina Mills

 Dias depois

As horas se arrastaram por todo o dia. Eu não estou com pressa e nem com vontade de ir para a casa. Na verdade, eu não sei qual é o meu desejo nesse instante. Eu sinto um desespero que não é meu. O meu peito parece estar em chamas. Ao mesmo tempo, sinto as batidas do meu coração lentas em demasia. As minhas mãos geladas, soando. As pernas tremendo. Maldita ansiedade. Eu só queria ser normal. Eu não sei lhe dizer o exato momento em que isso tudo começou, mas é como se fosse um demônio que fez morada e não pretende me deixar. Eu não queria ser assim. Me desculpe se lhe parece repetitivo... Essa é a minha rotina. Pode parecer que tudo está na mais perfeita harmonia, mas na minha cabeça é como se o mundo estivesse em guerra. É confuso e devastador. Há traumas que nos marcam para todo o sempre e eu já nem sei quais são os meus. 

Às vezes eu me perco nas lembranças. É péssimo recordar os abandonos. É como se eu fosse insuficiente desde o nascimento e não merecesse saber o que é ser feliz. Em contraponto, lembro-me da família maravilhosa que me acolheu. Eu não posso ser injusta e dizer que não tive motivos para sorrir. Ah meu caro, porque vivemos em torno do passado? No meu caso é porque o meu presente se encontra um tanto bagunçado... E bota bagunçado nisso, puta que pariu. Emma fez os exames e foi viajar. Jones deu trabalho querendo brigar comigo. E eu já nem sei as razões que me colocaram nessa confusão. Se de fato existe um destino pré-escrito, com todo respeito, vá se foder quem escreveu o meu. Haja emoção para um ser só. Acho que podemos dizer que todos os meus pecados são pagos nessas crises. 

Tem horas que o meu desejo é resumido em sumir. Fugir de mim mesma. Muita das vezes eu me sinto perdida. Eu não sei mais nem o que é do meu agrado e o que faço por fazer. Teve uma fase da minha vida em que eu acreditei que daria certo, mas foi ali que terminaram de me quebrar. Soraia foi a pior coisa que me aconteceu. Ela me deu esperanças e arrancou o meu coração. É por isso que a desgraçada mexe comigo. De alguma forma, ela me mostrou como o amor podia ser belo... E com a mesma intensidade, me mostrou o quão cruel ele se torna. É engraçado tentar entender os motivos que a levaram a agir de tal forma, porque nada é capaz de explicar. Tipo, uma tola comparação... Emma ainda tem suas razões para ser como é, para não se entregar por completo. Soraia nunca as teve. E no fundo, eu temo o que sinto pela senhorita Swan, porque de uma maneira mais leve... É como se eu soubesse que a história vai se repetir. 

Dizem que existe uma certa conexão com o que pensamos e o que está para acontecer. Eu gostaria que não fosse assim, mas aqui está ela, novamente, linda e bela, pronta para terminar o estrago que as crises causam. Não dá, eu não posso, eu não consigo. Eu queria ser forte. Manter a postura. Fingir que nada me abala. Mas infelizmente Soraia voltou para me infernizar e segue o fazendo com maestria. É impressionante como alguém que já teve o seu coração pode te destruir em questão de segundos, na verdade, com o simples fato de se fazer presente. 

Soraia estava próxima a porta. Possível que a minha secretária já tenha ido embora. Eu me levantei e me aproximei. Não tenho forças para debater qualquer assunto que fosse, nem para lidar com as suas gracinhas. Se o que ela precisa é me sentir em suas mãos para depois partir, foda-se... O faça, então. Eu só quero paz. Eu só quero não ter que pensar que estão brincando comigo, de novo... Não quero mais ter que fugir das minhas dores, das minhas versões. Não quero mais deixar o passado me atormentar. Não quero mais amar. Não quero o que Soraia tem a me dar. Não quero mais ser apenas o abrigo de Emma no meio da madrugada, e talvez seja por isso que estou ajudando-a. Eu só desisto. Não quero mais aceitar que estou em pedaços. 

- Eu vim lhe buscar para sairmos. Pare de negar o que sente. Eu prometo que não vou mais lhe machucar. - Ela disse. O seu tom de voz era suave, doce, gentil. Me fez recordar de quando a conheci... de como me fez se sentir a mulher mais sortuda. - Eu sei que você não me esqueceu, assim como eu não te esqueci... Mesmo sendo toda errada, eu te quero. Eu sinto falta da sua companhia. 

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora