um passeio

55 8 0
                                    

Pov.Regina Mills.

Nem tudo caminha rumo a perfeição e está tudo bem. A vida não é um plano escrito pelas nossas mãos. Alguma divindade impõe desejos e por mais que escrevemos uma ou outra página, não temos o controle sobre tudo. O tempo é quem dita as regras. Mas não acredite que ele cura. Na verdade, eu nem sei se é possível deixar de sentir coisas e mais coisas do passado. Ah meu velho amigo, por que não vivemos apenas o hoje? foda-se o ontem e o amanhã. Não seria mais fácil se fosse desta forma? Me parece justo e menos preocupante. Sei lá, o que tu acha? Tolice? Ah, irrelevante. Quando não tem o que fazer, a mente fica produzindo coisas não pragmáticas. Penso logo existo e quanto mais penso, menos quero existir. Eu rio disso. Eu rio de tudo, na verdade. Melhor assim. Evita a fadiga e o choro.

Eu não consegui dormir bem e o meu corpo está pesado, como se um caminhão tivesse me atropelado. Quando eu dizia isso para a minha mãe, ela me chamava de exagerada. Talvez um pouco, mas que é ruim, isso é. Eu demorei para me deitar, mas me levantei rápido. Os meus pensamentos são definitivamente o meu pior inimigo. Muitas vezes eu sou sabotada por mim mesma. Que droga! Por que não pode ser diferente? Por que a felicidade não pode fazer morada aqui? Eu só queria poder sorrir a toa, não sofrer, não sentir esse desespero e nem as mãos frias. Eu não desejo a ninguém essa sensação. Respirar, respirar, respirar. Bolar uma baseado, sentar próxima a varanda e fumar. 

A minha irmã e a minha melhor amiga ainda estão dormindo. Eu tomei como verdade o fato de que okay, é assim mesmo. Não é necessário desabafar. Quanto mais as palavras são ditas, mais elas machucam. Será que vai ajudar fingir amnésia? Será que dá para jogar a Soraia no canto do esquecimento? Não é justo sentir ânsia, vontade de chorar e surtar, não por ela. Eu me lembro bem do meu reflexo no espelho naquela época. Sinto uma imensa tristeza. Por que existe sentimentos que não nos faz bem? Deus não é pai? Okay, não é certo blasfemar, não pelo amor. Gritos internos que não são colocados para fora servem apenas como veneno. 

Tóxico. Foi um relacionamento terrivelmente tóxico. E por isso que me dá pânico a ideia de ceder. Ela me seduz com facilidade. As minhas pernas tremem a ponto de falhar os passos quando a vejo. Na verdade, eu confesso que não esperava revê-la. Cara de pau e dissimulada. Eu a odeio com toda a intensidade presente em meu ser, consequentemente, temo por não ter nada. A duas maneiras de se sentir pertencente a alguém, uma é pelo carinho e a outra é pela manipulação. A segunda opção é a mais complicada. Não devemos nos aprofundar nesse debate. Dói. É verdade que o amor dói?

Amor, amor, amor é uma palavra para quem sabe dar valor. Eu gosto de alguns pontos. Tem um outro que fala sobre a decepção de não ter sido amada depois de ter se doado por completo. Apenas detalhes e lembranças. O celular ligado tocando a playlist aleatoriamente. Estranho, mas um bom gosto. Isso não faz nenhum sentido, assim como a minha vida. Logo o baseado chegou ao fim. Eu recebi uma mensagem, na verdade, um convite para tomar café da manhã numa padaria aqui por perto. Eu acabei rindo. Ninguém conseguiria decifrá-la.

Eu me levantei, desliguei a música, fui até o meu quarto, coloquei um shorts e uma camisa larga. Coloquei um óculos de sol. Deixei o cabelo solto, como de costume. Me aproximei da Ruby que dormia serenamente, fui beijá-la no rosto, mas ela se virou e acabou pegando na boca. Um selinho não tem problema. Não foi intencional, eu acho. Ela sussurrou: "Aonde você vai, minha rainha?". Eu só respondi que já voltava. Na sala, eu depositei um beijo na testa da Zelena que resmungou alguma coisa. 

***

Eu fiz o caminho a pé. Era perto o lugar. Logo avistei a loira que brincava com o filho. Tão linda. Eu não posso negar que me sinto fascinada quando a observo em silêncio. Poderia dizer o quão semelhante a uma pintura feita pelo melhor artista ela se parece. Não é de costume sair num domingo de manhã com mulheres que me fodem. É estranho falar assim, não? Talvez. Vamos ignorar essa última parte, do mesmo jeito que devemos ignorar o meu sorriso estampado. Que droga! Ela tem um efeito único sobre mim. Posso culpar a maconha por essa sensação? Não ria de mim, meu caro.

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora