4 da manhã

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Pov. Regina Mills.

É incrível o fato de que o meu relógio biológico quebra todas as regras aos domingos e me faz despertar junto com o nascer do sol. Nesse caso sabemos que o bom humor ficará deixado de lado. Acho que essa é uma das maiores frustrações na vida adulta. O melhor dia para o descanso, para se entregar a preguiça e não esquentar a cabeça com nada é também aquele que não seguimos a lógica. A minha vontade é de forçar o sono e não abrir os olhos em hipótese alguma. Se isso funciona? Obviamente que não. Irritada – essa é uma boa palavra para me definir agora. Okay, eu confesso que estou exagerando. Talvez seja culpa dessa dor de cabeça. A realidade é que não é possível acordar estressada quando se dorme nos braços de Ruby.

Falando nela, puta que pariu! Como pode ser tão linda? Será que existe uma visão melhor do que essa de vê-la dormindo tão serena? É engraçado escutá-la resmungando coisas aleatórias e sem sentido. Em seu rosto a algumas linhas de expressão demarcadas. Será que é algum sonho ruim? Bom, eu não acho que seja para tanto. Sim, é incorreto analisá-la desta forma mas eu acabei não resistindo. O que será que está passando na sua cabeça? Agora ela sorriu, me causando a mesma reação sem nem mesmo saber o motivo. Num gesto involuntário, eu fiz uma carícia em seu rosto, e mais uma, e mais uma... Okay, não foi tão involuntário assim. Fazer carinho na minha amiga é um dos meus vícios matinais.

Algumas lembranças da noite anterior se fizeram presentes me deixando confusa. Pode ser que nada disso seja real, como pode ser que eu tenha ganhado um presente dos deuses. Se vou perguntar para ela? Mas é claro que não. O correto é tentar novamente mas sem tanto álcool no sangue. Aí droga! Sinto o meu corpo todo se arrepiar apenas com a possibilidade de não ser loucura isso que está passando na minha cabeça. Será que Ruby acabou cedendo aos meus encantos? Aí caralho!

Eu quero muito comemorar, mas também chorar por não saber dos detalhes com propriedade. Eu deveria ir a missa agradecer a Deus por estar sendo tão bom comigo. Primeiro, Emma me chama de bebê e logo depois me pede um beijo e agora Ruby se diz hetero mas reage aos meus toques. Ou eu sou foda demais, ou eu sou sortuda demais, ou é um mimo porque no futuro vou acabar tomando naquele lugar em dose dupla.

É melhor não se aprofundar nos questionamentos. A vida é para ser vivida um dia de cada vez e sem perguntas. Eu acho que o que devo fazer é se levantar e ir tomar um banho gelado para aquietar esse meu lado afobado. E foi o que fiz, consequentemente, assim que os meus pés tocaram o chão o meu mundo pareceu girar. "Não misturar bebidas e não consumí-las por quase 24 horas – anotação mental". A sensação do pós é quase que a de conhecer o inferno e isso não foi uma brincadeira, não é legal quase vomitar os órgãos e depois desejar morar em baixo do chuveiro.

Às vezes nem eu aguento os meus atos irresponsáveis, mas se não for desse jeito a gente não sobrevive por muitos anos... Enfim, vamos ao que interessa, agora a minha manhã pode ser iniciada – já estou de banho tomado, uma camisa larga, um shorts jeans e sem nenhum pingo de vergonha na cara.

Como uma boa amiga, faço um café e preparo a mesa. Ruby sempre levanta depois de mim. Eu gosto da bebida doce e quente, na verdade, aprendi a gostar quando isso passou a ser um pedido da bela moça. Antes eu nem me importava com os detalhes. Muitas coisas mudaram ao encontrá-la, uma delas foi que as noites de saudades da minha irmã já não me fazia chorar tanto. Devido aos negócios, Zelena viaja bastante e nessa parte eu sou carente.

Mas agora eu tenho um alguém além da família que me quer bem. Eu sei que parece um fato irrelevante, até mesmo tolo, mas a minha infância deixou algumas marcas e então isso é importante para mim.

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