medo

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Pov. Regina Mills.

"Não deixes o ontem nos guiar. A sempre uma foto e em tudo se encontra uma solução."

Eu estava me sentindo confusa, perdida no tempo. É como se o meu corpo estivesse pesado em demasia. Tudo doía. Eu não sei nem se conseguiria me mexer. Estava tudo escuro, sem a possibilidade de um caminho. Havia dificuldade para respirar, para raciocinar, para viver. O que aconteceu? Droga! Onde estou? Um barulho irritante me tinha a atenção. Alguém para isso, por favor! Eu estou começando a ter medo da realidade. Na verdade, eu já não sei qual é a minha realidade. Eu não vejo nada, não consigo proferir uma palavra, não consigo gritar, é sufocante. Por quê isso está acontecendo comigo? Que merda que eu fiz de errado para merecer tamanha dor? Eu não entendo, juro que não. Será este o momento ideal para desistir? O que eu faço? Não sei para onde ir, não sei o que está acontecendo... Eu não sei. Meu Deus, me diz que estou vivendo um pesadelo e que já vou acordar, eu lhe suplico!

Eu não gosto da escuridão, não mais... Acho que estou com medo. Sinto o desespero me dominar... Seja lá o que resta de mim, está tomado por uma sensação esquisita. Eu quero que isso acabe logo, não sou forte o suficiente para lutar contra o desconhecido. É agonizante. Lembro-me vagamente de Cora me procurando, por diversas vezes, lembro-me do mal estar causado, lembro-me também do lugar que me agradou, o conselho, a minha teimosia. Começou a chover, a chover muito. Não chove mais? Eu não escuto mais os trovões. Eu estou apavorada. Não foi por mal que acelerei, eu só queria chegar em casa. Droga. Não pode ser. Como saio daqui? Como volto ou me despeço de uma vez? Dizem que sempre há uma solução, mas não a encontro. Eu acho que estou chorando, eu não sei, porque não sinto as lágrimas. 

Alguém me ajuda, me dê uma luz, me guie, porque sozinha eu não vou saber o que fazer. O tempo parece uma eternidade e nada muda. Me tirem daqui! Não me resta mais nada, absolutamente nada, mas Deus sabe sobre o meu coração. A minha boca não se mexe para fazer uma prece, mas a minha alma aflita diz tudo. Eu não tenho medo de morrer, só não quero ficar no meio termo, não é legal. É errado falar um palavrão? Puta que pariu. Ninguém sabe o mistério do pós vida, eu só estou implorando para que não seja assim. Eu quero poder descansar, estar tranquila, quero sair desse breu. Eu aceito ir, se é o ideal... Aceito ficar também se for preciso, mas não aqui... Quero poder abrir os olhos e ver o mundo ao meu redor... Juro que não vou ser exigente e querer ver uma pessoa em específico, não vou nem xingar se ver aquela que odeio. Perdão se for pecado acabar debochando, não estou em condições para fazê-lo.

Eu comecei a escutar algumas vozes que me soaram familiares, pareciam tristes, desesperadas – assim como eu... a de Dona Eva eu reconheceria mesmo que se passassem mil anos. Ela me implorava por algo que não pude compreender. A minha mãe estava sofrendo e isso me quebrou por inteira. Eu só queria poder dizer que está tudo bem, mesmo sem saber se isso é verdade. Se fosse do meu alcance, nenhuma lágrima iria escorrer pelo seu rosto. Ah, eu a amo e não queria que as coisas fossem assim. Em alguns momentos, parecia que era Zelena que estava por perto... Em outrora meu pai. Até mesmo a presença de Emma eu senti. Teve um alguém a qual não posso afirmar e não sei se faço questão. 

Okay, eu não vou mentir, não tem porque, não sei se irei sair dessa. Eu faço questão sim. A cada segundo a mais neste lugar, mais sinto vontade de poder voltar atrás em certas atitudes. Meu coração não é tão rancoroso assim. Será que Cora me ama? Será que teria valido a pena escutá-la? Eu sei que foram escolhas minhas e se tudo acabar aqui, foi por erro meu. Mas eu não estava pronta, eu mal conseguia olhá-la nos olhos, não me julgue por isso. Não vou dizer que não me matava por dentro vê-la segurar o choro e manter a postura, mas não estava ao meu alcance perdoá-la. Na verdade, quem sou eu para perdoar alguém? Eu também sou falha. Talvez, se o contexto tivesse sido outro, eu teria abraçado-a... Okay, okay, não vou ser cínica também, nunca me passou pela cabeça voltar para a minha origem. 

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora