te amei mais que mim

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Pov. Regina Mills

Graças a Deus que a semana havia chegado ao fim. Faltavam apenas algumas horas para ir embora e ficar atoa o final de semana inteiro. Pensando por esse lado não há motivos o suficiente para comemorar. É como se existisse o tédio e o tédio, nada a mais. Eu acho que preciso urgentemente mudar os meus hábitos. A vida por si só não está sendo o bastante. Existe uma rotina de cinco dias e outra rotina de dois dias. Qual a vantagem? Exatamente, nenhuma. Quer dizer, aos sábados as minhas roupas são mais confortáveis e não é preciso usar salto. Eu sei que parece um detalhe bobo, mas faz a diferença para mim. Nem tudo o que for dito precisa ter relevância, às vezes é só um desabafo. 

Falando nisso, eu confesso que algo me destrói. É que involuntariamente eu conto os dias que tudo aconteceu. Digamos que essa ferida ainda sangra e muito. É como se tivesse algumas facas cravadas em meu coração. Não que seja eterno, aos poucos eu consigo ir retirando uma a uma, mas dói. Imagine uma ferida exposta. Podemos chamá-la de amor. E essa mesma ferida parece ter resistência para se fechar. Independente do tempo que já se foi. É uma droga que nos alucina e nos derruba. E desde então foi decidido que ninguém mais vai ter nada além de sexo, quando o assunto for minha pessoa.

Eu sei que muitas vezes você se pergunta: "que merda que aconteceu?", e a resposta é: Nada. É tudo tolice. É apenas palavras de uma babaca. Sim, babaca, alguém que usa os outros como eu faço não passa disso. Sei lá, é divertido brincar com as pessoas em um festa cheia de gente escrota. Nunca foi grandioso, apenas divertido. É que suprir a carência de mulheres mais velha se tornou um bom remédio para a minha alma. Doses e mais doses de confusão. Eu juro que me sinto em paz quando penso dessa forma. O pecado é saboroso. Um prato bonito. Uma vista bela. Uma última flor no jardim dos esquecidos. A mais perfeita poesia. O errado nunca me pareceu tão certo.

Tem horas que a minha única vontade é de vomitar e vomitar. É como se o meu corpo implorasse por isso. Eu sei que é muito aleatório falar assim, mas é a verdade. O meu estômago queima, a minha garganta se fecha e as minhas mãos ficam geladas. A sensação é uma das piores. Eu gostaria de aprender a ignorá-la, afinal, são memórias, nada mais que memórias. E nesse momento nós podemos chegar a conclusão de que ter amnésia não seria tão ruim. Pelo contrário, seria um presente esquecer todo o mal que já me fizeram, consequentemente, todo mal que eu já fiz. Ah meu caro, a vida é uma via de mão dupla e nós insistimos em seguir pela contramão.

A porta sendo aberta sem aviso me tira dos meus devaneios. Pelo visto, quando pensamos demais no demônio, ele vem para nos fazer degustar o inferno. E é exatamente aqui que Regina Mills não segurou as lágrimas. Por mais que quisesse, não seria possível. Os olhos são o reflexo da alma e os meus gritam com toda a raiva existente em meu ser. Isso não pode estar acontecendo. Eu respiro fundo uma, duas, três vezes. Para que? Nem um exercício de meditação irá funcionar. Eu acho que não mereço isso. Desta vez não houve piedade de nenhuma divindade. Droga. Merda. Filho da puta. Caralho. E mais uma vez, eu não mereço isso. A desgraçada infelizmente ainda é um pedaço de mal caminho. Soraia sempre foi apaixonada pelo jeans casual, a maquiagem forte e o cabelo solto. É hoje que eu morro seja de prazer, amor ou raiva. A última opção é a mais provável. 

A mulher fechou a porta, se aproximou e se sentou na mesa de frente para mim, bagunçando todo os papéis. E obviamente que eu estava paralisada.

- Eu estava com saudades e por isso vim lhe visitar, meu amor. - Ela disse de uma forma indecifrável e cruzou as pernas. Eu a odeio por não me deixar saber a verdade em suas falas, por não me deixar no passado, por me destruir. - E aproveitar para lhe convidar para um jantar naquele restaurante de comida italiana que você adora.  Podemos iniciar a noite com um bom vinho, depois uma boa massa, e terminamos comigo sendo sua sobremesa, perfeito, não?

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