Segunda-Feira

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Pov Regina Mills.

Mais uma semana se inicia. Agora é a parte chata onde fico horas e horas lendo e relendo documentos que devem ser assinados e entregues em um curto prazo. Confesso que em certos momentos eu até me esqueço o que estou fazendo e me torno uma máquina repetitiva. Às vezes acabo rezando para não ter feito algo errado que nos custe muito dinheiro, igual quando assinei um cheque em branco por distração. Eu sei que um documento e um cheque tem muita diferença, mas ainda eram sete horas da manhã. Claro que também não foi muito difícil descobrir qual (ex) funcionário havia programado o golpe, mas os meus pais quase comeram o meu fígado (contém ironia). Toda manhã eu me questiono se realmente sou digna do cargo que ocupo. Eu sei que sou inteligente, boa no que faço e cumpro com os meus horários, mas não levo as coisas tão a sério como deveria.

Uma xícara de café. Duas. Três. Quatro. Cinco. De vez em quando um energético. Mais uma xícara de café. Sei lá, tento todas as opções que possam me animar, afinal, hoje ainda é segunda-feira e só de pensar no estresse que está por vir tenho vontade de sair correndo e fingir que não estou apta a vida social humana. E pensando nisso, será que alguém se sente apto? Bom, isso não importa e não faz nenhuma diferença para mim. Já é complicado me entender, por que razões eu enlouqueceria tentando entender os demais? Seria tolice. Me dói a cabeça tantos questionamentos. Me dá náuseas me sentir aérea e não conseguir encontrar os motivos pelos quais seria bom estar aqui. Eu acho que não sei quem sou e nem do que eu gosto.

- A reunião começa em dez minutos. - A bela moça de traje social e cabelo preso em um coque, disse. - Ah, posso fazer uma pergunta? - o seu olhar era esperançoso, aceno que sim. - Será que algum dia terei chance em saber o gosto do seu beijo? - As pessoas comentam pelos corredores sobre o fato da minha secretária ser apaixonada por mim, e, ela também nunca fez questão de esconder.

- Eu posso ser sincera? Não é que eu não iria gostar, o problema é que não estou afim de comentários maldosos sobre a sua pessoa. Por mim, não haveria problema em um beijo, um jantar, uma noite. Sério, eu adoraria a sua companhia, adoraria conversar coisas além do trabalho pois sei que você é bem inteligente e sabe muitas coisas interessantes. Mas se tem uma coisa a qual não condiz com o que eu sou, é a imagem da filha do dono que se aproveita para ter algo com os funcionários. Me desculpe, mas creio que você não terá essa chance. - eu disse de forma sincera. Eu não sou o tipo de pessoa que confunde as coisas e se aproveita do nome para conseguir algo ou alguém.

- Certo. Como eu havia dito, a reunião é em dez minutos. - ela disse. A sua voz demonstrava a chateação que tentava esconder em seu rosto. - Ah, e você também tem um almoço com o senhor Jones e a sua noiva.

***

O relógio marcava meio dia em ponto. Eu havia chego quinze minutos mais cedo. O garçom insistiu para que eu provasse um Carbenet e como uma boa admiradora de vinhos não relutei para aceitar. Mesmo não prestando muita atenção, pude perceber que realmente eu arranco olhares de homens e mulheres. Sorrio por isso. É interessante ser desejada e receber alguns bilhetes para fazer companhia a pessoas solitárias em almoços vazios, por mais que eu rejeite a todos os convites, eu gosto do jogo da sedução. Algumas pessoas me chamam de dissimulada, outras de oportunista, eu costumo dizer que sou apenas solteira.

Duas taças de vinho e o senhor Jones ainda não havia chego. Eu odeio atrasos, mas há tempos que não valia a pena realçar tal fato, hoje em dia quase ninguém mais preza a pontualidade, confesso que quando não é do meu interesse eu costumo não fazer questão de respeitar o horário, sendo assim, não tenho razões para cobrar dos outros o que não terão de mim. Por tanto, aceito mais uma taça de vinho para degustação e evito cansar a minha mente com preocupações tolas, como por exemplo: os documentos que precisavam ser analisados e assinados com urgência. Há coisas que devemos fingir demência e deixar de lado. Nem tudo merece a nossa exaustão. Eu sei que vinte quatros horas é pouco para sobreviver de forma coerente, então, o que não couber no meu dia de hoje, que fique para amanhã. As coisas não precisam acontecer no tempo ideal, acontecendo no meu tempo já está de bom tamanho.

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora