Jealous

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Pov. Regina Mills.

"É difícil para mim dizer, mas eu tenho inveja de como você é feliz sem mim."

Tu já sentiu a alma vazia? É como se o silêncio fosse predominante e em volta fosse escuridão. Não há uma direção a seguir, definitivamente que não, não existe curvas, não existe uma linha reta, não existe nada. Tudo o que você vê é uma penumbra. Não há pássaros cantando, sobrevoando por entre as nuvens. Não existe mais um arco-íris pós tempestade. Não existe o cântico celestial. Não existe esperança para um novo amanhecer. O que tem é você e você pensando em como sair vivo disto. E definitivamente, é uma loucura. Não há uma saída, não tem para onde correr. Ah meu amigo, tenha cuidado consigo mesmo, não queira estar aqui, mas se de alguma maneira, tu se identificas comigo, eu sinto muito. Tem horas que eu não posso nem descrever os meus sentimentos porque são confusos e sei que não sou a única. Mas isso é bobagem. 

Vossa mercê já perdeu alguém? Creio que sim, que pergunta tola, não? Era só para tirar uma dúvida. Quanto tempo demora para a vontade de chorar dar uma trégua? Já se passaram duas semanas. Por quanto tempo mais terei que entrar embaixo do chuveiro por quatro ou cinco vezes ao dia, em uma fracassada tentativa de ficar bem? Quando é que a fome volta a se fazer presente? Quando é que o vômito vai deixar de ser a minha realidade? Eu já passei por algo semelhante, Soraia já me causou tais danos, mas eu me esqueci de se acostumar com a vida. Lidar com a partida é o meu demônio. Eu não sei fazer isso. Eu perco o raciocínio, a força e a vontade de tentar. O meu maior questionamentos é: para que serve o amor se no final terminamos sozinhos? Eu estou sendo egoísta e sei disso, mas quem não é quando está ferido?

É como se o tempo tivesse sido congelado naquela cena. Todo segundo eu a vejo morrendo em meus braços. Se a nossa penitência fosse reviver por toda a eternidade o que mais nos dói, sem sombra de dúvidas eu estaria presa ali, vendo ela me olhar pela última vez. Triste, porém, verdadeiro. Não digas que és cansativo ouvir sobre, eu só estou tentando me despir com palavras. Sabe, o que mais me atormenta é a ideia de que poderia ter sido diferente. Será que se nós pudéssemos saber sobre o futuro iríamos cometer os mesmos erros? Arrisco a dizer que sim, mas pelo menos estaríamos cientes dos detalhes. Okay, talvez não seja bom como parece. A única coisa que posso afirmar é que se eu tivesse escolha morreria em seu lugar. 

Se existe o paraíso, posso vos dizer que sinto inveja dos anjos que desfrutam da companhia dela. Infelizmente, as minhas mãos não podem tocar o céu, os meus olhos não podem ver o sobrenatural e o meu coração não sabe mais o que fazer para seguir batendo. Se existe o paraíso, eu só desejo o melhor para ela, mesmo a querendo de volta e insistindo que estamos em um pesadelo, preciso desejar o melhor pois sei que estou errada. Ah meu amigo, como será do outro lado? Será que ela me esqueceu em seu suspiro final ou será que Ruby me guardou no requinte de sua alma? Como será a despedida para aquele que nos deixa? Será que dói na mesma intensidade? Será que ela sabia que estava quebrando uma promessa? A nossa promessa!

Eu me lembro vagamente como foi no dia em que a notícia da suposta morte da minha ex noiva chegou até mim. Eu saí sem rumo até chegar a uma praça não movimentada e me sentar em um banco de cimento perto de uma árvore, um senhor com a idade bem avançada foi gentil quando me viu desolada. Ele tirou a boina, se apoiou na bengala, me permitiu desabar e depois me disse que era só olhar para as estrelas toda noite que lá estaria ela, ainda me amando. O céu não ficou nublado por alguns meses. Hoje, talvez, eu queira acreditar que é só olhar para as estrelas que Ruby estará lá, me amando. Sim, nesse instante, me encontro na varanda, olhando para o céu e buscando as respostas...

Um barulho na porta chamou a minha atenção. Não é tarde, mas já se passa das sete. A minha mãe vestia um lindo vestido preto. Não há nada que não fique perfeito na dona Eva. Ela colocou uma bandeja com um copo de suco em cima da cama e não me restou opção a não ser ir para perto. Eu me acomodei e aceitei a bebida, mesmo não tendo vontade. 

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora