Capítulo 4 - Apenas prazer

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Pov Daphne

Eu estava terminando de me arrumar quando vi a porta do meu quarto sendo aberta após eu ter autorizado a entrada de quem tinha batido. Assim que me viu toda produzida, minha mãe franziu a testa:

– Onde você vai? – Questionou ela.

– Vou dar uma volta, mamãe.

– Você por acaso tá melhor? Até ontem estava se queimando em febre, Daphne.

Sorri com sua preocupação. Era certo que podiam se passar anos, mas mamãe sempre seria aquele tipo de mãe preocupada com seus filhos. Ela não agia com aquele jeito todo protetor apenas comigo, ao contrário, Henri e Giselle tinham a total atenção da minha mãe assim como também seus cuidados. Não importava o que dizia a mãe de Marcel, os filhos dele sempre seriam filhos da minha mãe também, e eles pareciam sentir por ela o mesmo afeto que ela tinha por eles. Isso realmente não era algo que me incomodava, até porque nós todos éramos uma família.

– Não se preocupe, mamãe. Eu já estou me sentindo bem, e até combinei como Marcel que irei começar ao trabalho amanhã. – Dei de ombros retocando os últimos detalhes. – – Estou indo apenas a um barzinho com alguns amigos, mas retorno cedo para ir com ele ao hotel.

– E como você está se sentindo em relação a isso? Sente-se preparada?

Mamãe sabia que aquele não era exatamente o tipo de trabalho dos meus sonhos, mas confesso que com o passar dos dias, eu estava até começando me acostumar com a ideia.

– Ora, mamãe. Quem se sente preparada para algo assim na vida? Nunca estamos, mas não é o fim do mundo. Quem sabe esse não é o caminho que vai mudar minha vida?

Ao olhar em seus olhos, sorri e em seguida beijei seu rosto com carinho.

– Tudo bem, filha. Eu só me preocupo com sua felicidade, mas se você estar bem com isso, então vamos torcer para que tudo se encaminhe bem.

– Assim será, mamãe. – Novamente voltei a sorrir. – Agora me deixa ir. Fiquei de encontrar com o pessoal às nove.

Peguei minha bolsa, lhe beijei novamente e em seguida parti para encontrar com meus amigos. Já fazia algum tempo que não saímos juntos, ou melhor, desde a última vez que Mia protagonizou uma cena ridícula de ciúmes que nos rendeu uma briga enorme que tinha ultrapassado todos os limites. Confesso que eu sentia vergonha por ter sido submetida aquela situação. Embora eu fosse sempre muito extrovertida e leve, eu não sabia como lidar com o fato da minha ex namorada ser descontrolada a ponto de se tornar agressiva. Meus amigos sabiam daquilo que minha família desconhecia, e claro, apesar de também serem amigos de Mia, jamais ficavam a favor das reações dela quando sabia lidar com o próprio ciúme.

As ruas naquela noite estavam menos movimentadas do que era o costume de Paris, por isso não demorei tanto para chegar no lugar onde tinha combinado de encontrar o pessoal. Aqueles eram amigos que eu tinha incomum com Mia, mas depois do último ocorrido entre nós, onde seu descontrole emocional a levou me agredir na frente de todos e consequentemente me levou também a colocar um ponto final naquela relação fadada ao fracasso, ela aceitou uma proposta de emprego e desde então estava viajando a alguns meses a trabalho, o que significava que graças a Deus eu não teria que lidar com eventuais problemas que ela ocasionasse.

Apesar de fazer a linha de filha de político famoso, patricinha e mimada, Mia costumava trabalhar como modelo. Seu corpo e beleza eram a principal porta de acesso para todos os trabalhos. Convites para modelar não lhe faltavam, mas muitas das vezes ela os recusava alegando que não conseguia ficar longe de mim, embora eu jamais tenha lhe pedido para negar qualquer proposta por mim. Contudo, todos sabíamos que era seu gênio difícil que costumava dificultar um pouco as coisas para que ela conquistasse o mundo se assim desejasse. Mia era o tipo de mulher que sempre achava que por ser linda e ter dinheiro, podia tudo. Ela não estava acostumada a ouvir um não, e não media esforços para ir em busca de um sim. Exemplo desse comportamento mimado era nosso relacionamento. A loira sempre forçava a barra para me fazer ceder as suas investidas, e muitas vezes acabei cedendo porque não sabia mais o que fazer para ela entender que o que tínhamos quando mais jovens, tinha acabado a partir do momento que ela se mostrou a ser uma pessoa completamente diferente da que conheci. Todos sabiam que nós já não tínhamos nada de fato oficializado a algum tempo, mas Mia não entendia isso, e por isso quando saímos entre amigos, era muito comum que ela se comportasse como se ainda existisse um compromisso entre nós, como se ela fosse minha namorada ou coisa assim, e caso eu a repreendesse os shows de horrores começava. Eram gritos exagerados, cenas ridículas, ameaças assustadoras, agressões inesperadas, o que acabava me fazendo recusar muitas vezes os convites para sairmos com nossos amigos, assim eu conseguia evitar sua presença, e era por isso que naquela noite eu estava feliz com sua ausência, pois era meio cansativo ter que lidar com seus chiliques de criança mimada.

Casos de amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora